Revisão da matéria dada da Habitação, mas não só

Por Ana Amélia Guimarães

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por Ana Amélia Guimarães Professora

Num artigo de 2021, aqui partilhado, escrevi: «Em Guimarães não foi só na cidade que os preços subiram, por todo o concelho é cada vez mais difícil encontrar casa a preços consonantes com os rendimentos auferidos pelo trabalho. Preocupada, e bem, com as questões da capital verde, a autarquia tem posto em banho-maria este problema. Como tem feito com a maior parte dos problemas que são estruturantes, as acessibilidades e a coesão do concelho, por exemplo.».

Agora que lavamos os últimos cestos de 2023, olhamos para a afirmação transcrita e o que podemos dizer é que a poderíamos sublinhar, tal como fiz.
O direito à habitação é um direito básico, sem casa «não há pão, não há sossego». Como podem, alguns, proclamar o valor da família quando, instalados e confortáveis, negam ao seu semelhante a possibilidade de dar um teto à sua própria família ou àqueles que desejam vir a ter. Ter uma família debaixo de um teto digno é um privilégio de classe? Parece que sim, parece que sim…

Como todos sabemos o problema da habitação não é de hoje, a nível local não foi por falta de informação ou aviso, foi uma opção não investir numa política de habitação a custos controlados e acessíveis, e quando digo acessíveis quero dizer, simplesmente, a custos que as pessoas que auferem os baixos salários que por cá se praticam possam pagar sem entregarem tudo o que ganham num mês de árduo trabalho.

Sobre as acessibilidades e a coesão do concelho, num artigo de 2020 aqui partilhado, escrevi: «A mobilidade é um fator de coesão do território e de qualidade de vida. Volta e meia este problema, ignorado há mais de 30 anos pela autarquia volta às páginas dos jornais. Quando anunciava as obras projetadas para 2020 no Concelho, com maior incidência na zona de Silvares, o Presidente da Câmara apelou à “compreensão” e “paciência” dos vimaranenses para lidarem com os previsíveis transtornos na mobilidade motivados pelas obras.

Ora paciência, muita paciência é o que têm tido os vimaranenses. O nó de Silvares é um prego no pé desde que foi inaugurado: uma rotunda pindérica que deu em bodega, como era previsível e que tem infernizado a vida de quem tem o azar de por lá passar. O problema da mobilidade existe e tem condicionado o desenvolvimento económico e cultural de Guimarães, enfraquecendo a sua coesão como concelho, transformando a cidade, em certas horas, num nó górdio de trânsito poluente e ruidoso.

As prioridades da autarquia ao longo destes longos anos de governação foram outras, confusas e desgarradas. No que diz respeito à questão da mobilidade o que fez foi mau e fraco: um centro comercial na entrada da cidade, a abdicação de uma linha férrea de duas vias aquando das obras na linha Guimarães-Porto, a recusa, durante mandatos sucessivos, das ciclovias, a ausência de transporte público de qualidade, a “requalificação” do jardim da Alameda, etc.
Basta circular em Guimarães ou para fora de Guimarães (cidade) para perceber que também poderíamos sublinhar tudo o que foi escrito.

Já agora, e para terminar, num artigo de 2019 aqui partilhado, escrevi: «Há mais um prédio na cidade a crescer de forma incompreensível. (…) Quanto a passeios e circulação de peões não se prevê nada. Pergunta-se: como foi possível licenciar aquela superfície deixando uma zona nobre, considerada tampão e na qual tanto se investiu na sua requalificação, mais isolada e atrofiada? Vale tudo? Para que serve uma autarquia que tanto ruído faz de feitos e títulos, mas é incapaz de acautelar o que mais importa no que diz respeito a um urbanismo de qualidade para quem circula, visita e aqui vive?».

Pois, este exemplo de «construam e depois logo se vê», também se mantém de boa saúde cá por estas bandas. Tem sido, aliás, o padrão de crescimento urbano para o concelho, nomeadamente para as zonas de crescimento da cidade, como a zona de Silvares, por exemplo, onde se tem construído equipamentos comerciais de áreas significativas que condicionam o ordenamento do território para habitação e agravam um trânsito mal gerido e extremado por uma autarquia que persegue, anestesiada, o título de capital verde, ainda que o ruído e o diletantismo do planeamento da cidade e do concelho continue..

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