Guimarães aguarda do governo solução de financiamento direto do CIAJG
A Câmara Municipal de Guimarães e A Oficina têm estado em contacto com o ministério da Cultura, no sentido de encontrar uma solução que permita ao Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG) - nascido aquando da Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2012 - receber financiamento direto do Estado.
O tema foi levado à discussão na reunião do Executivo vimaranense, no passado dia 11, pelo vereador da oposição, Ricardo Araújo, que também exerce funções como deputado do PSD na Assembleia da República. Deu conta de um encontro que manteve com Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, onde foi abordada a reivindicação de Guimarães no âmbito do financiamento do CIAJG, mas também a reabilitação da Igreja de Santa Marinha da Costa e o apoio para as comemorações dos 900 anos da Batalha de S. Mamede.
No que toca ao CIAJG, Guimarães reivindica igual política de apoio financeiro aplicado no Centro Cultural de Belém e da Casa da Música, que nasceram com o mesmo propósito de CEC, em Lisboa e Porto, respetivamente.
A ministra acabou por assumir, publicamente em debate no Parlamento, que Guimarães tem legitimidade de apresentar essa proposta de integração nas políticas de apoio a organismos e entidades que resultam de outras capitalidades.
Na Câmara de Guimarães, oposição e poder alinham no mesmo sentido no que toca a este tema. Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura e presidente da direção d’A Oficina, agradeceu a intervenção de Ricardo Araújo, ressalvando que “todos os esforços são bem-vindos para o bem de Guimarães”.
Deu conta também de uma reunião mantida com a ministra Dalila Rodrigues. “Dessa reunião resultou a convicção e genuína vontade do ministério de encontrar uma solução definitiva para o CIAJG, sem desvirtuar questões jurídicas que possam existir”, disse. O ministério tem agora o compromisso de apresentar uma solução alternativa, resposta essa que a autarquia aguarda.
Paulo Lopes Silva falou da possibilidade de o apoio ser semelhante ao que é dado à Fundação de Serralves. “Se assim for, aguardamos pela informação formal da parte do governo, vamos procurar também obtê-la de forma mais direta, para percebermos de que forma ela se pode materializar”.
No caso de Serralves, o Estado é parte da estrutura da Fundação de Serralves, o que permite a inscrição da rubrica em Orçamento de Estado. “Isso não é uma realidade no caso d’A Oficina, mas naturalmente que estaremos disponíveis para juntamente com o ministério da Cultura, trabalhar no financiamento permanente e regular que não esteja na dependência de decisões que têm de ir a concurso, para que se possa repor justiça no que diz respeito ao tratamento das últimas três capitais da cultura, numa altura em que estamos na antecâmara de uma próxima capital europeia da cultura em 2027”, referiu o vereador.
Lembrou também que, “no enquadramento atual, o CIAJG está muito limitado quanto ao valor de fundos a que pode concorrer, circunscritos à Direção Geral das Artes”.
Qual o valor que seria mis justo, na ótica da câmara de Guimarães? “Temos esse estudo comparativo no ministério da Cultura desde 2016 e, na altura, apontava-se para um valor entre 1,5 milhões e 2 milhões de euros por ano. O que comparativamente e à escala, nos parece perfeitamente justo, comparando com aquilo que são os apoios ao CCB e à Casa da Música que são bastante superiores”, respondeu o vereador.
O CIAJG foi inaugurado em junho de 2012, no âmbito da Guimarães Capital Europeia da Cultura, e acolhe parte da coleção do artista José de Guimarães, nascido na cidade berço em 1939.
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