Mecânico morto com facada deixou dois ou três filhos menores

Aos agentes da PSP que o interrogaram, a vítima disse, pouco antes de morrer, que o agressor lhe apontou uma arma que só não disparou porque encravou.

©Rui Dias/Mais Guimarães

Começou, na tarde desta quinta-feira, no Tribunal Judicial de Guimarães, o julgamento de Vítor Pereira, de 34 anos, acusado pelo Ministério Público (MP) de homicídio qualificado, por ter desferido uma facada mortal no mecânico Félix Fernandes, de 31 anos, no dia 7 de novembro de 2023, junto às instalações da oficina V6 Racing, em Azurém. O crime é agravado pela posse de uma arma proibida, neste caso, uma soqueira com ponta e mola. Os agentes da PSP que recolheram o testemunho da vítima no Hospital de Guimarães, mencionam uma pistola que não faz parte da descrição que o MP faz dos factos na acusação. Em tribunal, foi dito que Félix Fernando tinha dois filhos, mas, na assistência, estava uma mulher que disse ter provas de um terceiro descendente.

Os dois agentes da PSP que se deslocaram ao Hospital Senhora da Oliveira, logo que as autoridades foram notificadas de que tinha dado entrada uma vítima de esfaqueamento,  ainda conseguiram falar com Félix Fernandes, antes da cirurgia durante a qual viria a perder a vida. Os dois referiram, no testemunho que prestaram, esta tarde, na audiência do julgamento, que a vítima mencionou que Vítor Pereira lhe apontou uma pistola. Segundo esta descrição dos factos, Vítor Pereira tentou disparar sobre o mecânico, “mas a arma encravou”, e foi na sequência disso que puxou da soqueira com lâmina de ponta e mola e desferiu a facada que viria a revelar-se mortal.

O MP não menciona este episódio da pistola na descrição que faz dos factos. No que toca a armas, a acusação refere apenas a soqueira: “o arguido abeirou-se da vítima Félix Fernandes, muniu-se de uma soqueira que trazia oculta no bolso do casaco que envergava e, sem que nada o fizesse prever, accionou a mola, assim fazendo a lâmina sair, desferiu um golpe, com toda a força”.

“Coitadinho do meu filhinho que vai ficar sem pai”, lamentou-se a vítima a caminho do hospital

Apesar de ter sido transportado para o Hospital Senhora da Oliveira, prontamente, pelo dono da oficina, que também testemunhou esta quinta-feira, na primeira sessão do julgamento, e de ainda ter sido operado, Félix Fernandes viria a morrer com uma laceração no fígado, com sete centímetros de extensão e dois de profundidade. “Quando íamos a caminho do hospital ele disse-me, duas ou três vezes: ‘Coitadinho do meu filhinho que vai ficar sem pai’”, contou o proprietário da oficina.

A vítima deixa pelo menos dois filhos menores, um menino de dois anos e uma menina de 12, de mães diferentes.Todavia, compareceu na assistência da audiência uma mulher que diz ter provas de um terceiro filho, com 11 anos. O momento em que foi referida a descendência causou um pequeno tumulto na sala de audiência, com a juíza presidente do coletivo a ter de mandar calar o pai da vítima e a mulher que se envolveram numa pequena discussão quanto ao número de filhos de Félix Fernandes.

A vítima e o arguido, “eram amigos e frequentavam a casa um do outro”, de acordo com a companheira de Félix Fernandes. A altercação entre ambos teve origem numa máquina de diagnóstico de centralinas que o arguido tinha emprestado ao mecânico e queria recuperar, segundo os vários testemunhos, que coincidem, nesta parte, com a acusação do MP.

A companheira de Félix Fernandes revelou que  foi avisada do incidente através de um telefonema do hospital e ainda falou uma última vez com a vítima que lhe pediu: “cuida do meu menino”. Depois disso, a mulher terá conversado telefonicamente com Vítor Pereira que lhe terá dito que Félix Fernandes atacou um amigo dele e que o que fez foi apenas para se defender. “Perguntei-lhe se isso era motivo para esfaquear alguém”, testemunhou, a namorada da vítima.

O amigo referido por Vítor Pereira neste telefonema seria Paulo Abreu que, segundo consta na acusação, conduziu o carro em que o arguido se deslocou à oficina onde aconteceu o crime. O MP arquivou esta parte do inquérito concluindo que “a prova produzida nos autos vai no sentido de esse ataque ter sido idealizado e perpetrado unicamente pelo arguido, não havendo nenhum elemento que aponte no sentido de o arguido ter confidenciado previamente à dita testemunha [Paulo Abreu] as suas reais intenções”.

Vítor Fernandes manifestou perante o coletivo de juízes que pretende falar durante o  julgamento, mas, segundo o seu advogado, “só o vai fazer depois de consultar o relatório da autópsia”. O julgamento prossegue em janeiro do próximo ano.

Jornalista Rui Dias

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