Presidentes satisfeitos com desagregação por acreditarem numa maior proximidade entre autarquias e população

Em Guimarães, Tabuadelo e São Faustino, Serzedo e Calvos, Conde e Gandarela, Prazins Santo Tirso e Corvite, Sande Vila Nova e Sande S. Clemente e Airão Santa Maria, Airão São João e Vermil, viram a sua desagregação aprovada na Assembleia da República, no passado dia 17 de dezembro, após votação favorável também nos órgãos autárquicos locais. As Uniões de Freguesia que se irão desagregar no próximo ano vão a eleições autárquicas já separadas, em 2025. O Mais Guimarães recolheu a reação dos autarcas.

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©Tiago Silva

“Ao longo dos três anos de mandato, senti que essa era a vontade da população”, Tiago Silva, autarca de Airão Santa Maria, Airão S. João e Vermil

Ir de encontro aos anseios de uma população é objetivo comum anunciado por quem se candidata a um órgão autárquico, daí que, Tiago Silva, presidente da Junta da União de Airão Santa Maria, Airão S. João e Vermil, se revele satisfeito com a aprovação da desagregação das três freguesias. “Recebi a notícia com algum agrado, sabia que tínhamos feito a proposta com a máxima exigência e, portanto, esperávamos a aprovação”, disse, revelando que: “Ao longo dos três anos de mandato, senti que essa era a vontade da população das três freguesias, ou pelo menos da maior parte da população, à qual a Assembleia de Freguesia deu voz”.

Para Tiago Silva, a linha está agora aberta para recuperar a proximidade: “Temos a ganhar pela proximidade, o que está mal nesta União de Freguesias é a distância do Executivo da Junta das populações. Com esta desagregação, esta proximidade estará certamente mais vincada nas três localidades, que é o que se pretende”.

 

© Carlos Sousa

“Fomos obrigados a aceitar esta união, não foi por vontade de nenhuma freguesia”, Carlos Sousa, autarca de Tabuadelo e S. Faustino

A desagregação era vontade expressa da população de Tabuadelo e S. Faustino. Assim como do autarca Carlos Sousa. “Vi a aprovação com muita satisfação, era um desejo desta população quer de Tabuadelo, quer da parte de S. Faustino”, sendo que “ficou ponto assente que fomos obrigados a aceitar esta união, não foi por vontade de nenhuma freguesia e decidimos que, se houvesse possibilidade de desagregar, iríamos avançar”.

Tabuadelo e S. Faustino reuniu, à partida, todas as condições para se desagregarem, “fizemos um trabalho de casa bem feito”. Apesar de a votação final da proposta acontecer apenas entre 15 e 17 de janeiro, “o assunto está arrumado”, estando feita assim a vontade da população. Da auscultação feita em sede de Assembleia de Freguesia, disse Carlos Sousa que apenas duas pessoas defendiam o atual modelo. “Éramos um exemplo de agregação, mas cada uma continuava a ter a sua identidade. A população ficou satisfeita com a notícia”.

O autarca não esconde a dificuldade na gestão autárquica de uma agregação, no que toca à execução de obras de forma equitativa. “Para nós, Executivo é dificil, são situações complicadas de gerir”.

 

© Tiago Rodrigues

“Não houve a verdadeira agregação entre os povos”, Tiago Rodrigues, autarca de Sande Vila Nova e Sande S. Clemente

“Ficámos contentes por conseguir corresponder às expetativas das pessoas”, disse o presidente da Junta, referindo que, na realidade, “esta agregação, em termos de comunhão e partilha entre as pessoas, não existiu, não houve a verdadeira agregação entre os povos”. A sua Junta de Freguesia, garantiu, sempre tratou ambas as freguesias de forma separada: “No nosso caso específico, tentámos fazer uma gestão equitativa, em que dividíamos os recursos de igual maneira, porque a população também assim o exigia”.

A população exigiu e a Junta de Freguesia acedeu. “Os mais atentos ao processo, felicitaram-nos, há também aqui o sentimento da identidade, o bairrismo, depois tivemos pessoas que disseram que não fazia grande diferença”. Mas Tiago Rodrigues sente que “grande parte da população não está sequer dentro do assunto, apesar de as coisas serem veiculadas”.

Mas Sande Vila Nova e Sande S. Clemente saem a ganhar com a desagregação? Questionámos. O autarca tem dúvidas sobre o que virá a seguir. “Assim como tinha dúvidas na altura da agregação. A lei da desagregação foi feita, mas pós desagregação, não está nada feito, não sabemos como será. Se voltarmos a 2013, antes das agregações, e olhando na altura ao financiamento das freguesias, isto é um retrocesso. Com a agregação houve uma majoração da receita, ao desagregar, se essa majoração desaparecer, as freguesias vão sair muito prejudicadas”.

 

© Armindo Lopes

“Vai possibilitar que o trabalho autárquico seja feito com mais proximidade”, Armindo Lopes, autarca de Serzedo e Calvos

Armindo Lopes, presidente da Junta da União de Freguesias de Serzedo e Calvos sentia a vontade da população numa desagregação, caso houvesse essa possibilidade. Por isso que a notícia foi bem recebida nas duas localidades vimaranenses. “Vem repor aquilo que foi feito e vai possibilitar que o trabalho autárquico seja feito com mais proximidade com as populações, coisa que não aconteceu até aqui”, disse ao Mais Guimarães.

Nos últimos mandatos, com a agregação, “fomos conciliando da melhor forma o nosso trabalho para com a população, mas agora, com a desagregação, será mais fácil trabalhar com proximidade”. A população de Serzedo e de Calvos, segundo o autarca, “está contente, apesar de muito gente ainda não ter percebido”. Armindo Lopes não tem dúvidas que as freguesias separadas trazem benefícios: “Separadas é melhor, por várias razões, uma delas proque vão ter a possibilidade de terem serviços mais centrados em cada freguesia”.

 

© Flávio Freitas

“Desde o momento em que fomos agregados à força, dissemos que, quando houvesse uma oportunidade, faríamos todas as diligências”, Flávio Freitas, autarca de Conde e Gandarela

Conde e Gandarela reuniam todas as condições para uma desagregação e sabiam, porque foi compromisso assumido pela Junta de Freguesia, que, na primeira oportunidade, tudo seria feito para reverter a junção. “Desde o momento em que fomos agregados à força, dissemos sempre que, quando houvesse uma oportunidade, faríamos todas as diligências. Eu não ficaria com o ónus de não o fazer”, avançou o autarca Flávio Freitas que viu com naturalidade a aprovação da desagregação. “Vi com muita normalidade, era expetável, reuníamos todas as condições, quer Conde, quer Gandarela”.

Segundo o autarca, a agregação “não trouxe problemas de maior, não houve mudanças absolutamente nenhumas em relação à dinâmica das freguesias”. E agora, acredita, “também não haverá problema absolutamente nenhum”: “Vamos trabalhar até ao último dia deste mandato da mesma forma e com o foco no nosso compromisso eleitoral, e tenho a certeza que as equipas formadas farão um trabalho de continuidade”.

 

© Carlos Borges

“As pessoas estão serenas, é um processo normal tal como aquele que foi a agregação”, Carlos Borges, autarca de Prazins Santo Tirso e Corvite

Foi com naturalidade que o presidente da Junta de Freguesia da União de Prazins e Corvite, recebeu a notícia da desagregação de Prazins e Corvite. “Sabíamos da lei, apresentámos a documentação necessária e aguardámos com toda a serenidade de quem ouve os cidadãos e de quem se propõe a levar a cabo aquilo que eles entendam que é o melhor”, disse o autarca.

Aqui, “as pessoas levam além da fronteira administrativa, haverá sempre agregação, independentemente desta questão só política, o que tentámos sempre, em cada atividade que promovemos, é trazer pessoas”, referiu ainda Carlos Borges que disse sentir a sua população “serena”. “As pessoas estão serenas, é um processo normal, tal como aquele que foi a agregação. É dar tempo para que as coisas se consolidem”.

Quanto ao futuro, está tranquilo. “Vamos trabalhar, tendo por base as indicações que nos forem dadas pela Administração Central. Sabemos que temos aqui um trabalho suplementar, que podemos ter algumas questões difíceis de resolver, mas com diálogo e serenidade vamos conseguir”. Não há grandes expetativas sobre aquilo que pode acontecer no futuro. “Estamos sem grandes expetativas de ser pior, depende sempre do empenho das pessoas e, com positividade, tudo corre bem”, rematou.

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