José Mendes, professor da Universidade do Minho e responsável técnico pelo estudo apresentado, não deixou margem para dúvidas: o MetroBus é, do ponto de vista técnico e financeiro, a melhor opção para Guimarães. A ligação entre Guimarães e Braga custará cerca de 100 milhões de euros com esta solução — significativamente menos face aos cerca de 300 milhões que implicaria a implementação de um Metro Ligeiro de Superfície.

A escolha do MetroBus foi alvo de disputa política durante a sessão. Ricardo Araújo, vereador da oposição, criticou o candidato socialista Ricardo Costa, acusando-o de “iludir e enganar os vimaranenses” ao defender o Metro Ligeiro. “Hoje foi feita uma descredibilização técnica clara da proposta do PS do Toural. Os maiores especialistas nacionais, como o professor José Mendes e o professor Álvaro Costa, foram unânimes em dizer que o Metro Ligeiro não é uma boa solução para Guimarães, nem do ponto de vista técnico, nem financeiro”, sublinhou.

O presidente da Câmara, Domingos Bragança, procurou clarificar que a escolha do MetroBus não impede uma evolução futura do sistema. “Os dois sistemas, em linha evolutiva, são compatíveis. Esta opção não constrange a migração para o Metro de Superfície, desde que a procura venha a justificar”, afirmou. “Temos financiamento assegurado, fruto do trabalho feito com o anterior e o atual Governo, com base em estudos técnicos validados.”

Um dos pontos estruturantes do projeto é a criação de um canal dedicado de transporte público na zona norte do concelho, abrangendo Fermentões, Ponte, Taipas e AvePark. Domingos Bragança sublinhou a importância estratégica desta zona, devido à elevada densidade populacional e atividade industrial, bem como à necessidade de aliviar a sobrecarregada EN101. “A via do AvePark é essencial para libertar a 101 e criar condições para estruturas mais urbanas nessa ligação”, explicou, reiterando que a construção da nova via continua em análise no Tribunal Administrativo de Braga, onde se encontra desde 2023, sem evolução prevista.

A oposição lamentou que muitos dos projetos estejam ainda por concretizar, apesar de promessas passadas. Em resposta, o presidente da Câmara destacou o longo percurso técnico e institucional que estes projetos implicam. “Quem pensar que é possível fazer isto com o orçamento municipal está enganado. É necessário negociar com o Governo e garantir consensos políticos locais para que os fundos do Estado sejam aplicados na região.”

Quanto à sua sucessão política, Bragança rejeita qualquer tentativa de condicionar futuros executivos, afirmando que o seu objetivo é garantir que o trabalho realizado possa ter continuidade. “Quero deixar uma plataforma sólida, com base técnica e apoio político, para que os projetos avancem independentemente de quem esteja à frente da Câmara.”

Durante a sessão, o diretor municipal Joaquim Carvalho apresentou outros projetos rodoviários e urbanos em curso, como a ligação da Variante de Creixomil à ER 206, cujo concurso público será lançado em breve, e outras vias estratégicas como o prolongamento da Avenida D. João IV até à autoestrada, novas ligações à urbanização do Monte de Cavalinho e Castanheiro, e acessos à nova Academia de Ginástica. Foram também anunciadas novas rotundas na zona do Salgueiral e melhorias na ligação da circular urbana ao Multiusos.

Com esta apresentação, a autarquia reforça a sua visão para uma mobilidade urbana mais sustentável, acessível e adaptada aos desafios futuros, consolidando um percurso iniciado em 2021 e que, segundo Domingos Bragança, “não pode parar”.