Pedro Nuno Santos demite-se após derrota do PS
Secretário-geral abandona liderança depois do pior resultado do partido desde 1985. Convoca eleições internas e afasta-se da corrida à sucessão.

© Pedro Nuno Santos
O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, apresentou esta noite a sua demissão, na sequência do pior resultado eleitoral do partido desde 1985. O partido passou dos 78 para 58 deputados. Numa declaração emocionada, assumiu a responsabilidade pelo desaire e anunciou a convocação de eleições internas, às quais garantiu que não será candidato.
“Acho que honrei a história do PS, o partido que liderei. Assumo as minhas responsabilidades como líder, como sempre fiz. Vou por isso pedir eleições internas, às quais não serei candidato”, declarou Pedro Nuno Santos.
A decisão surge após uma derrota expressiva nas legislativas, marcada por um crescimento acentuado da direita e, em particular, da extrema-direita, que o ex-líder socialista classificou como “mais agressiva e mais mentirosa”.
Apesar de uma campanha que descreveu como “alegre, entusiasmada e com o partido unido”, Pedro Nuno reconheceu que os esforços não foram suficientes para garantir a vitória: “Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para ganhar estas eleições, mas não conseguimos. Já felicitei Luís Montenegro pela vitória”, disse.
Pedro Nuno Santos deixou claro que o PS não apoiará o novo governo liderado por Montenegro, sublinhando que o líder do PSD “não tem a idoneidade necessária para o cargo de primeiro-ministro” e criticando duramente o desempenho do executivo cessante.
A saída de Pedro Nuno Santos abrirá uma nova fase no Partido Socialista, que terá de escolher uma nova liderança num contexto político adverso e de reconfiguração do espaço à esquerda. No final da sua intervenção, Pedro Nuno despediu-se com um simples mas simbólico: “Como diria Mário Soares, só é derrotado quem desiste de lutar.”