Guimarães recebe VI Jornadas Históricas com enfoque na ação de D. Dinis
A sexta edição das Jornadas Históricas de Guimarães terá lugar este sábado, dia 14 de junho, e será dedicada à figura de D. Dinis, monarca cuja ação marcou profundamente o território vimaranense durante a Idade Média.

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Este evento científico tem como principal objetivo dar visibilidade às investigações em curso sobre a época medieval e moderna, reunindo académicos e interessados em torno da história local e nacional.
Nesta edição, o foco será a relação de D. Dinis com Guimarães, com especial destaque para a sua intervenção na defesa e organização urbana da vila. Entre os legados mais significativos deixados pelo rei está a construção dos muros e torres de Guimarães, obra que, segundo o padre António Caldas no livro Guimarães (1881), substituiu uma cerca mais antiga, cujas pedras foram reaproveitadas em construções posteriores como o dormitório do Convento de São Domingos.
As jornadas destacarão ainda um conjunto de provisões régias de D. Dinis, incluindo duas importantes determinações emitidas em Leiria a 21 de abril de 1322. A primeira obrigava os moradores das regiões vizinhas a defender os muros e o castelo em tempo de guerra, sob pena de castigo. A segunda estabelecia alterações nos períodos de relego — serviços obrigatórios prestados ao concelho — como reconhecimento da lealdade demonstrada pelos vimaranenses ao rei.
Outro episódio que será analisado é a ordem de demolição dos conventos de São Francisco e São Domingos, após o cerco de Guimarães por forças de D. Afonso, filho rebelde de D. Dinis. Por se encontrarem próximos dos muros e terem sido usados como baluarte pelas tropas inimigas, os edifícios foram mandados derrubar pelo monarca, que também indicou novos locais para a sua reconstrução.
Programa estende-se ao longo de todo o dia
A receção aos participantes está marcada para as 09h30, seguindo-se às 10h00 a sessão oficial de abertura, com intervenções da Comissão Organizadora e da Câmara Municipal de Guimarães. Na mesma ocasião será apresentada a V Revista Afonsina (2024), dedicada a Mumadona Dias e o Paço Condal do Século X, por Antero Ferreira, presidente da Sociedade Martins Sarmento.
Às 10h30, José Augusto de Sottomayor-Pizarro, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, abordará As Cortes de Guimarães de 1288 e a Política Centralizadora de D. Dinis, um dos marcos do reforço do poder régio sobre a nobreza.
Depois de um coffee break às 11h00, os trabalhos serão retomados às 11h30 com Saul António Gomes, docente da Universidade de Coimbra e especialista em Paleografia e Diplomática, que falará sobre D. Dinis e o Alfageme de Guimarães, figura mítica ligada à defesa da vila.
Às 12h00, José Ferrão Afonso, doutorado em Teoria e História da Arquitetura, apresentará uma breve notícia histórica e artística sobre os conventos de São Francisco e São Domingos em Guimarães, relacionando essas construções com o urbanismo da época.
Após a pausa para almoço às 13h00, os trabalhos recomeçam às 15h00 com a intervenção de Rita Sousa, estudante da Universidade de Coimbra, que apresentará uma comunicação intitulada “Érades bõa pera rei!”: a Rainha Isabel de Aragão, destacando o papel da rainha consorte na monarquia dionisina.
Às 15h30, João Gouveia Monteiro, professor catedrático da Universidade de Coimbra e especialista em História Militar, abordará As reformas militares de D. Dinis, analisando a transição da vassalidade para a instituição dos besteiros do conto em Guimarães.
Após novo coffee break às 16h40, a última sessão do dia será dedicada, às 17h00, à apresentação de dois livros integrados nas comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede (1128–2028). O primeiro é Annales Domni Alfonsi Portugallensium Regis – Anais de D. Afonso, Rei dos Portugueses, uma edição comentada por Luís Carlos Amaral e Mário Jorge Barroca, com tradução do latim de Manuel Francisco Ramos, que será apresentada por José Augusto de Sottomayor-Pizarro. O segundo é Entre o Mito e a História – A Construção da Memória de São Torcato de Guimarães nos Séculos XVI e XVII, da autoria de João Luís Durães Teixeira Magalhães, cuja apresentação estará a cargo de Luís Carlos Amaral.