Guimarães celebra Batalha de S. Mamede e reforça pedido de reconhecimento histórico
A cerimónia teve início com o Hino de Guimarães, interpretado pela Orquestra de Guimarães, sob direção de Vítor Matos, com a participação da solista Sandra Azevedo.

© DR
Marcada por discursos que evocaram o passado e projetaram um futuro coletivo alicerçado na memória, na cidadania e na coesão, a sessão contou com a presença do Ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, que, em nome do Primeiro-Ministro e do Governo, agradeceu a Guimarães por ter sido “palco do Dia Um deste destino maior, que é sermos hoje e sempre Portugal”.
“Somos todos tributários do nosso primeiro Rei”, Carlos Abreu Amorim
No seu discurso, Carlos Abreu Amorim sublinhou o papel decisivo de D. Afonso Henriques na fundação de Portugal, afirmando que “somos todos tributários do nosso primeiro Rei, que rompeu com o futuro que lhe estava traçado aqui em Guimarães”. Destacou ainda o gesto simbólico de 1125, quando Afonso Henriques se armou cavaleiro em Zamora — um ato reservado aos reis —, vendo nesse momento o início do caminho que culminaria na Batalha de São Mamede, em 24 de junho de 1128. Para o ministro, esse episódio representou o verdadeiro “Dia Um” de Portugal, devendo ser celebrado como o nascimento do sentido de nação com um destino próprio.
O presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, defendeu uma estratégia centrada em pilares fundamentais como a educação, a cultura e a ciência. Sublinhou que estes são os caminhos para uma sociedade mais livre, mais justa e preparada para os desafios globais. “Recusamos o aplauso fácil. Investimos no essencial, de forma estruturada e com visão de longo prazo”, afirmou.
Entre os projetos estruturantes destacados estiveram a Escola-Hotel, os novos polos de Engenharia Aeroespacial, a reabilitação das escolas básicas e secundárias, o novo Centro de Saúde da Encosta da Penha e os alojamentos estudantis em Santa Luzia e no Avepark. O presidente vincou que cada uma destas infraestruturas representa mais do que um edifício: “são instrumentos de futuro, espaços de talento, inovação e partilha”.
A aposta na nova economia, ancorada na ligação entre conhecimento e prática, foi outro ponto central. Guimarães está a desenvolver hubs tecnológicos em setores emergentes como a saúde, a defesa e o aeroespacial, sem esquecer a modernização dos setores tradicionais. “Um desenvolvimento com propósito, enraizado no território e centrado nas pessoas”, frisou.
No campo da sustentabilidade, Domingos Bragança reiterou o compromisso da cidade com o seu Compromisso Verde, afirmando que a distinção de Guimarães como Capital Verde Europeia 2026 representa uma enorme responsabilidade. A mobilidade urbana sustentável surge como um dos grandes desafios a enfrentar, com destaque para o projeto do MetroBus, que ligará a cidade à futura estação de alta velocidade.
Também a habitação foi apontada como “prioridade irreversível”, através do novo Plano Diretor Municipal e da Estratégia Local de Habitação, que “pretendem garantir o acesso a habitação condigna a preços acessíveis”.
O autarca voltou a defender que o 24 de Junho seja reconhecido como feriado nacional, “não como exclusividade de Guimarães, mas como ato de justiça histórica e símbolo de unidade nacional”.
“Nunca me moveu ambição pessoal, apenas o amor profundo por esta cidade”, Domingos Bragança
No final do seu discurso, Domingos Bragança despediu-se das funções autárquicas que exerceu durante doze anos. “Parto com o coração pleno, de gratidão, de memórias, de esperança. Nunca me moveu ambição pessoal, apenas o amor profundo por esta cidade”, afirmou, emocionado.
Durante a cerimónia, foram ainda atribuídas Medalhas Honoríficas Municipais a personalidades que se destacaram pelo seu contributo relevante ao concelho e ao país. No plano simbólico e institucional, o Município atribuiu a Medalha de Honra a quatro personalidades de reconhecido mérito: Alberto Martins, Maria José Fernandes, Rui Vieira de Castro e Mohan Munasinghe, este último Prémio Nobel da Paz. Foram ainda distinguidos António Lourenço, Fernando Capela Miguel, Luís Mendes Almeida e Noé Diniz, com medalhas de mérito nas áreas social, cultural e profissional.
A sessão encerrou com o concerto “Nessa Primeira Tarde Portuguesa”, pela Orquestra de Guimarães e pelo Coro de São Mamede, com direção artística da ondamarela. O momento cultural uniu música e identidade vimaranense, simbolizando e reforçando a mensagem passada pelo Município quanto à construção de um território inclusivo, promotor das relações humanas, do conhecimento e da liberdade.