Guimarães entra no ciclo do Vaudeville Rendez-vous

Promovido pelo Teatro da Didascália, o evento prolonga-se até dia 19 e apresenta uma programação intensa, gratuita e diversificada, com 11 espetáculos, seis estreias nacionais, 28 apresentações e diversas ações de mediação com o público.

© Maxime Steckle

O Festival Internacional Vaudeville Rendez-vous regressa esta quarta-feira, 16 de julho, a Guimarães, para mais uma edição que promete voltar a transformar o Quadrilátero Urbano [Guimarães, Braga, Famalicão e Barcelos] no epicentro do circo contemporâneo em Portugal.

A 11ª edição do festival assenta no conceito de “ciclo”, explorando a ideia de movimento contínuo, memória, transformação e até a morte, com propostas artísticas que cruzam linguagens e rompem com normas tradicionais. A abertura do evento acontece às 22h00, no recinto da Feira Semanal de Guimarães, com “La Bande à Tyrex”, uma companhia francesa que, pela primeira vez, traz ao festival um espetáculo onde a bicicleta é usada como aparato circense, num turbilhão de velocidade, acrobacias e música ao vivo.

A programação em Guimarães prossegue quinta-feira, dia 17, com “Nkama”, de Dimas Tivane, às 19h00, na Praça dos Duques de Bragança. Natural de Moçambique, o artista combina malabarismo, dança e ritmo num espetáculo que parte da linguagem Changana para refletir sobre o tempo. Mais tarde, às 22h00, no mesmo local, sobe ao palco “Masacrade”, uma tragicomédia da companhia francesa Marcel et Ses Drôles de Femmes que ironiza a morte e as diferentes formas de lidar com ela, através do olhar dos trapezistas.

Na sexta-feira, 18 de julho, às 19h00, o jardim do Museu Alberto Sampaio acolhe “Une Partie de Sol”, uma coreografia a solo de João Paulo Santos em torno do mastro chinês, onde o artista, durante 35 minutos, permanece suspenso do chão numa performance mais poética que acrobática. Às 22h00, de regresso à praça de pedra dos Duques de Bragança, a catalã Sílvia Capell e o percussionista Bernat Torras apresentam “Homenaje”, uma celebração da vida através da aceitação da morte.

O último dia do festival, sábado, 19 de julho, fica reservado para as coproduções nacionais. Às 19h00, no Largo Cónego José Maria Gomes, o INAC — Instituto Nacional de Artes do Circo — apresenta “Cream”, um espetáculo que reflete sobre a relação entre o ser humano e a máquina na era tecnológica, usando o malabarismo como linguagem central. Às 22h00, no Instituto de Design de Guimarães, a dupla Alan e Alvin, com trajetos cruzados entre a Malásia e o Brasil, apresenta um trabalho onde o movimento da roda ‘cyr’ se entrelaça com poesia, memória e corpo.

Fora de Guimarães, há também criações de destaque. “Ripple”, da companhia belga-neerlandesa TeaTime Company, apresenta-se em Famalicão e Barcelos, com três artistas que orbitam uma espiral metálica em movimento perpétuo, explorando o impacto de cada gesto. “El Dorado”, da companhia francesa NDE Nicanor de Elia, será mostrado em Braga e Famalicão, fundindo circo e dança num trabalho de malabarismo corporal. Já “Melic”, da companhia catalã IF Circus, estreia-se em Braga, no dia 18, e parte da memória coletiva das mulheres do pós-guerra, com a corda usada em palco a ser tricotada previamente num workshop intergeracional em Barcelos.

A programação inclui ainda “Tancarville”, da companhia francesa Le G.Bistaki, que estreia em Barcelos no dia 17. Um espetáculo centrado num lençol branco como metáfora de intimidade, sonho e memória coletiva. Para 2026, o festival poderá estender-se a Viana do Castelo, alargando o atual quadrilátero a um pentágono urbano.

Todos os espetáculos são de acesso gratuito e, pela primeira vez, algumas apresentações terão interpretação em língua gestual portuguesa, medida que se pretende alargar a toda a programação futura. Estão também previstas oficinas e workshops com figuras de referência do circo contemporâneo, como o que terá lugar em Guimarães, no dia 18, na Black Box do CIAJG, além de sessões de pitching com programadores internacionais.

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