Guimarães celebra dois anos da elevação da Zona de Couros a Património Mundial da UNESCO
Guimarães prepara-se para viver, entre 19 e 21 de setembro, três dias de festa e reflexão em torno da Zona de Couros, território singular da cidade que há dois anos recebeu o reconhecimento da UNESCO como Património Cultural da Humanidade.

© CMG
O programa das comemorações, que se estende pelos espaços históricos do bairro e se abre à cidade, integra iniciativas culturais, científicas e comunitárias. O objetivo é duplo: por um lado, valorizar a memória dos ofícios e das vidas ligadas à antiga indústria de curtumes; por outro, projetar Couros como espaço de futuro, cruzando património, criação artística e cidadania, vinca o município de Guimarães.
Início com debate internacional sobre património digital
As comemorações têm uma espécie de prelúdio a 17 de setembro, com o workshop internacional Digital4Culture, no Museu Martins Sarmento. A iniciativa, organizada pela UNU-EGOV e pelo Observatório de Políticas de Ciência, Comunicação e Cultura, reúne especialistas, decisores políticos e académicos em torno dos desafios que as tecnologias digitais colocam à preservação do património. O encontro inclui mesas-redondas, reflexão estratégica e o lançamento do NOCUI – National Online Culture Universal Index, novo índice sobre a presença digital da cultura.
A 19 de setembro, o dia começa com as Visitas Memória, dinamizadas pelo Curtir Ciência, à antiga Fábrica de Curtumes Âncora, testemunho do passado industrial vimaranense.
Seguem-se momentos de criação artística: a inauguração do mural “Mergulho”, de Luís Canário Rocha e Ana Duarte, na fachada da UNU-EGOV, e a exposição “Trânsitos”, no espaço MGA Project.
À noite, o jazz toma conta do Centro Cultural Vila Flor com Ricardo Toscano e a sua reinterpretação de A Love Supreme, de John Coltrane, num concerto integrado nas celebrações do 20.º aniversário do CCVF.

© CMG
O dia encerra com o Percurso Co(u)ral, que levará três coros, o vimaranense En’Canto, o galego Coro da Ra e o Vox International Choir do Porto, a diferentes espaços da Zona de Couros, acompanhados por músicos convidados, num diálogo sonoro entre tradições e contemporaneidade.
Património natural e comunitário em destaque
O dia 20 de setembro abre com um Bioblitz diurno no Bairro C, uma experiência de descoberta da biodiversidade urbana, e prossegue com o percurso “Memórias da Zona de Couros”, também promovido pelo Curtir Ciência.
Em paralelo, decorre a conversa “Dar Voz à Água e às Pedras”, que revisita as décadas de luta pela defesa e requalificação de Couros, com intervenientes centrais no processo, entre arquitetos, antigos autarcas e responsáveis por museus.
Ao longo do dia, o Mercadinho, os Jogos do Hélder e concertos informais, como o do grupo de saxofones do Conservatório de Música de Guimarães, enchem as ruas de Couros, reforçando o carácter comunitário das celebrações.
No plano musical, o destaque recai sobre os concertos corais na Igreja de São Domingos e na Igreja de São Francisco, reunindo grupos locais e internacionais.
Já a dimensão performativa é assumida pelo percurso poético “Meio Caminho”, que propõe uma nova leitura da cidade a partir de Couros.

© CMG
À noite, o CCVF junta-se novamente à celebração: primeiro com Branko, figura central da música eletrónica portuguesa contemporânea, depois com Yen Sung, pioneira do DJing nacional, num alinhamento que traz a energia da dança para o Jardim do Vila Flor.
Encerramento com jardins abertos e grande performance coletiva
O último dia, 21 de setembro, prolonga as atividades comunitárias com o Mercadinho, os Jogos do Hélder e uma nova edição do percurso “Meio Caminho”, desta vez com dimensão gastronómica.
À tarde, o projeto “Jardins Abertos” convida o público a entrar em pátios privados do bairro, num encontro que cruza artes performativas, gastronomia e música, com instalação de Catarina Braga e performance da Associação Guimarães Fado.
O grande encerramento cabe ao espetáculo “Atlas Guimarães”, de Ana Borralho & João Galante, que reúne 100 pessoas do território no palco do Grande Auditório Francisca Abreu. Uma performance coletiva que funciona como metáfora da própria cidade: um atlas humano, mapa de pertença e de futuro.
Entre murais e concertos, debates e percursos, mercados e experiências partilhadas, a cidade volta a pôr no centro a ideia de que o património não é estático, mas sim um espaço vivo, em permanente diálogo entre a memória e a criação contemporânea.
O programa detalhado, aqui: https://em.guimaraes.pt/cultura/geo_evento-86/2-aniversario-elevacao-da-zona-de-couros-a-patrimonio-cultural-da-humanidade-da-unesco