Arquivo da extinta “Unidade Vimaranense” entregue ao Município de Guimarães

A Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos entregou no passado sábado, 20 de setembro, ao Município de Guimarães, o espólio arquivístico da extinta associação “Unidade Vimaranense”, que se encontrava à sua guarda.

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A cerimónia teve lugar na capela da Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos e contou com a presença do presidente da Câmara Municipal de Guimarães, Domingos Bragança, e de António Augusto Duarte Xavier, último presidente da Direção da Unidade Vimaranense e antigo edil vimaranense.

O acervo agora incorporado no património municipal integra 165 unidades arquivísticas, com documentação produzida entre 1970 e 2004. Entre os registos encontram-se Livros de Atas da Direção, Assembleia Geral e Conselho Geral, Autos de Posse, Relatórios e Contas, Orçamentos, Correspondência recebida e enviada, Listas de Associados, bem como documentos ligados à organização das Festas Gualterianas.

Considerado um testemunho relevante da vida associativa e cultural da cidade antes e depois do 25 de Abril de 1974, este arquivo ficará agora acessível para consulta e estudo público, preservando a memória coletiva vimaranense.

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A entrega do espólio insere-se no programa comemorativo dos 430 anos da Real Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e Santos Passos, reforçando o compromisso da instituição com a valorização do património histórico e cultural de Guimarães.

Unidade Vimaranense: a sociedade que mudou o desenvolvimento urbano de Guimarães

A Unidade Vimaranense, fundada a 30 de abril de 1971, marcou um momento decisivo no percurso de modernização de Guimarães. Criada como uma sociedade de empreendimentos, surgiu da vontade de cidadãos e investidores locais em dar resposta a necessidades de desenvolvimento urbano e económico que a Câmara Municipal, à época, não tinha capacidade de suportar sozinha.

A Unidade Vimaranense pretendia juntar forças privadas para concretizar projetos estruturantes para a cidade. Assim, nasceu um movimento que não só promoveu obras e infraestruturas, como também se tornou símbolo de dinamismo e reivindicação numa fase em que o país ainda vivia sob o regime do Estado Novo.

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Entre os projetos mais marcantes da sociedade, destacam-se a aquisição de terrenos a leste do centro histórico e a construção de equipamentos como a Piscina da Unidade e o complexo desportivo do Vitória Sport Clube, além de várias urbanizações envolventes. Parte significativa desses terrenos viria mais tarde a ser doada ao Vitória, reforçando a ligação histórica entre o clube e a cidade.

Décadas depois, a memória deste movimento continua a ser evocada, não apenas pelo impacto urbanístico, mas também pelo seu valor simbólico: a demonstração de que a mobilização coletiva dos vimaranenses podia transformar a realidade local.

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