“Hoje, a CDU trouxe o programa eleitoral aqui para a Biblioteca Municipal Raul Brandão porque entendemos que o programa deve estar à disposição de todos. É importante que as pessoas saibam em quem estão a votar e em que ideias estão a votar também. E depois, se for eleita, as pessoas podem exigir que se cumpra o que está no programa, e não que os programas desapareçam, como tantas vezes acontece”, afirmou Mariana Silva, sublinhando que este é também “um apelo a que as pessoas se informem antes do ato eleitoral”.

O programa eleitoral da CDU, que se apresenta sob o lema “Viver Melhor na Nossa Terra”, coloca em destaque a habitação, a mobilidade e o ambiente como áreas prioritárias para o futuro de Guimarães. A coligação acusa as maiorias socialistas de terem bloqueado a participação democrática e de terem falhado em matérias essenciais para a qualidade de vida dos cidadãos.

Mariana Silva reforçou que as prioridades não poderiam ser outras: “A habitação é central. Queremos uma grande intervenção do município, em articulação com o Estado e o IHRU, para garantir condições dignas e rendas acessíveis. Depois, a mobilidade: precisamos de mais horários, mais autocarros e uma rede de transportes públicos que seja realmente alternativa ao automóvel. E o ambiente, que deve ser intrínseco a todas as áreas, da economia ao urbanismo, da habitação ao lazer.”

Habitação: o maior desafio de Guimarães

O programa propõe medidas como a construção de habitação pública em núcleos urbanos, a recuperação de edifícios devolutos e a penalização de imóveis abandonados. Defende ainda um Gabinete da Habitação para planear e acompanhar de forma transparente todas as políticas nesta área.

Segundo a candidata, este será também o primeiro compromisso imediato caso a CDU vença as eleições: “A habitação é um problema muito grave em Guimarães. Já temos listas de espera de pessoas a viver em condições indignas e, com o crescimento da Universidade do Minho e de novas formações que trazem mais estudantes, este problema vai agravar-se. Precisamos de um plano forte e imediato.”

A CDU defende transportes públicos tendencialmente gratuitos, começando por idosos, pessoas com deficiência e estudantes. Propõe ainda reforçar a rede em Guimarães, criar passes intermodais e intermunicipais e, sobretudo, lutar pela inclusão de Guimarães no Plano Ferroviário Nacional.

“Quando falamos da ferrovia Guimarães-Braga, não será o município a construir a linha. Mas o município tem de ser exigente com o Governo. Não podemos aceitar que Guimarães continue afastada da alta velocidade. É preciso ter voz firme para que o Estado invista naquilo que os vimaranenses precisam”, defendeu Mariana Silva, criticando o PS por não ter assumido essa prioridade.

Com Guimarães a preparar-se para ser Capital Verde Europeia em 2026, o programa da CDU propõe medidas estruturais: corredores verdes e azuis, despoluição de rios, retirada de amianto e expansão da rede de ciclovias. A criação de uma escola municipal de jardineiros e de uma quinta pedagógica fazem também parte das propostas.

“Não podemos falar de habitação, economia ou urbanismo sem falar de ambiente. A sustentabilidade deve estar no centro de todas as políticas municipais”, afirmou a candidata.

O programa eleitoral inclui ainda propostas para valorizar a cultura e o património, como a criação do Museu-Escola das Cutelarias, do Centro de Interpretação da Batalha de S. Mamede e de um Museu de Folclore e Etnografia em São Torcato. Prevê também a instituição de um cartão municipal que permita o acesso gratuito a equipamentos e eventos culturais para jovens, seniores e desempregados.

Uma novidade desta candidatura é a inclusão de um capítulo específico de exigências ao Governo. Entre as prioridades estão o reforço do Hospital da Senhora da Oliveira, a contratação de mais profissionais de saúde, a duplicação da linha ferroviária para o Porto e a criação de mais equipamentos sociais.

“Temos de deixar de confundir responsabilidades. O município não pode construir uma linha de caminho-de-ferro, mas pode e deve pressionar o Governo a fazê-lo. O mesmo acontece com o IHRU e com o património habitacional do Estado: quem lá vive são vimaranenses, e o município tem de exigir soluções”, explicou Mariana Silva.

PDM e crítica à gestão socialista

A candidata criticou ainda a gestão socialista do Plano Diretor Municipal (PDM), classificando o processo como “uma novela mexicana”. “Infelizmente, o PS dividiu-se e andou a fazer curvas para decidir se queria ou não votar o PDM. São sete anos de atraso que deixam o concelho pendente. A CDU alertou desde o início que todos deviam ser envolvidos, mas o PS preferiu decidir sozinho e é o único responsável pela situação atual”, declarou.

Mariana Silva concluiu o ato apelando ao voto informado: “É fundamental que os vimaranenses saibam em quem votam e no que votam. Só assim poderão exigir que os compromissos assumidos sejam cumpridos. Este programa é a nossa palavra dada, é o compromisso de uma CDU que quer devolver esperança e futuro à cidade-berço.”

As eleições autárquicas realizam-se a 12 de outubro.