Ricardo Araújo em entrevista: “Não podemos e não vamos falhar com Guimarães”

Após 36 anos de governação socialista, o concelho inicia um novo ciclo político. Ricardo Araújo, candidato da coligação Juntos por Guimarães (PSD/CDS), conquistou a presidência da Câmara Municipal com maioria absoluta, elegendo seis vereadores contra quatro do Partido Socialista e um do Chega. Em entrevista realizada dois dias após a vitória, o novo autarca falou sobre o significado deste momento, as prioridades do mandato e o futuro de um concelho que “quer voltar a ser referência de dinamismo, inovação e juventude”.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

“Ser presidente da Câmara é a maior honra da minha vida cívica e política”

Foi eleito presidente da Câmara Municipal de Guimarães. Qual é o sentimento nesta altura?
Ricardo Araújo: Eu disse na campanha eleitoral que a minha maior honra na vida cívica e política seria ser presidente da Câmara Municipal de Guimarães. Os vimaranenses concederam-me esse privilégio e essa honra. É um sentimento de grande alegria pela confiança que os vimaranenses manifestaram, mas também de enorme responsabilidade. Ser presidente da Câmara é uma honra e uma responsabilidade. Sei que não podemos, e não vamos, falhar com os vimaranenses.

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Isto vai exigir muito de mim, muito de toda a equipa, muito de todos nós que nos propusemos a mudar Guimarães para construir um futuro mais desenvolvido, com mais crescimento, com mais prosperidade, com melhor qualidade de vida para quem aqui vive, trabalha ou estuda. É um misto de emoção, alegria e orgulho, mas também de noção do enorme trabalho que temos pela frente.

“Guimarães perdeu dinamismo e atratividade. É preciso inverter o ciclo”

Como está Guimarães e como a imagina daqui a quatro anos?
Ricardo Araújo: Durante a campanha tivemos oportunidade de fazer um diagnóstico claro. Os indicadores mostram que Guimarães tem vindo a perder dinâmica e atratividade. Temos vindo a perder população, sobretudo jovem, não temos conseguido agarrar oportunidades de investimento, nem diversificar o nosso tecido económico. Também não fomos capazes de gerar oferta de habitação suficiente, nem resolver os constrangimentos de mobilidade. Tudo isso fez Guimarães perder competitividade. O que me proponho fazer é inverter esse ciclo.

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“A revisão do PDM é prioridade das prioridades”

A revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) foi tema quente na campanha. Que destino lhe dará?
Ricardo Araújo: É prioridade das prioridades. O Partido Socialista não conseguiu concluir a revisão do PDM em sete anos. Agora teremos dois meses para o concluir, aparentemente até ao final do ano. Não fomos nós que o elaborámos, mas é nossa responsabilidade finalizá-lo. Sei que não é possível alterar em dois meses o que não foi feito em sete anos, mas temos de concluir este processo, porque Guimarães precisa urgentemente de um novo PDM. É o documento base do ordenamento do território, e o concelho não pode continuar bloqueado.

Este episódio mostra bem como o Partido Socialista via o poder em Guimarães: o que era urgente ficou por fazer. Nós queremos virar essa página e resolver os problemas, não adiá-los.

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Quais serão as primeiras medidas concretas do mandato?
Ricardo Araújo: Depois do PDM, as prioridades são a mobilidade, a habitação e o desenvolvimento económico. Na mobilidade, queremos concretizar o MetroBus, um canal dedicado de transporte público que servirá Guimarães e a ligação a Braga, melhorar os transportes coletivos e avançar com o tramo da variante de Creixomil para descongestionar o norte do concelho.

Na habitação, temos de agir rápido. Precisamos de aumentar a oferta pública e privada. A Câmara vai construir habitação social, mas também lançar parcerias com privados para criar habitação a custos controlados para a classe média e para os jovens.

Temos igualmente de acelerar o licenciamento privado, porque há promotores à espera de decisões há demasiado tempo. O mercado precisa de confiança e previsibilidade.

“Guimarães precisa de voltar a ser atrativa para os jovens”

O voto jovem foi importante nesta vitória?
Ricardo Araújo: Muito. Senti o apoio da juventude ao longo de toda a campanha. Disse várias vezes que os jovens são fundamentais, não apenas para a candidatura, mas para o futuro de Guimarães.

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Há 20 anos, Guimarães era um dos concelhos mais jovens do país e até da Europa. Hoje, além de perder população, perde população jovem, enquanto os concelhos vizinhos estão a crescer. Para termos futuro, é obrigatório voltar a ser um concelho atrativo para os jovens. Para crescer, Guimarães precisa de juventude. E para ter juventude, precisa de habitação, emprego e cultura.

Fui dirigente juvenil, e isso dá-me sensibilidade para perceber o que é preciso mudar. Guimarães tem de ser um concelho de oportunidades. Isso passa por habitação acessível, emprego qualificado e um ambiente cultural e desportivo dinâmico. Se não tivermos isso, os jovens vão continuar a sair, e nós queremos que fiquem.

“Escolhi uma equipa competente, preparada e determinada”

Está satisfeito com a equipa que o vai acompanhar?
Ricardo Araújo: Sim, muito. A equipa foi escolhida por mim, com total liberdade e autonomia. Os partidos da coligação deram-me essa confiança. São pessoas competentes, com experiência e percurso sólido. Tenho a certeza de que vão trazer uma nova dinâmica à Câmara e ao concelho. É uma equipa que representa o espírito de renovação que os vimaranenses quiseram nas urnas.

“A vitória é de todos, foi a força da equipa que fez a diferença”

Que pessoas destacaria neste processo?
Ricardo Araújo: Este resultado é de muita gente. Destaco o coordenador autárquico, Daniel Rodrigues, o diretor de campanha, Eduardo Fernandes, e o cabeça de lista à Assembleia Municipal, Rui Armindo Freitas. Foram essenciais. Mas a chave do sucesso esteve nas 55 candidaturas às Juntas de Freguesia. Todos perceberam que o objetivo principal era ganharmos a Câmara. Disse-lhes, dois dias antes da eleição, que sabia que preferiam perder a Junta para eu ganhar a Câmara, e foi exatamente isso que aconteceu.

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Nunca vi um espírito de equipa tão forte numa candidatura autárquica. Esse espírito coletivo foi a alma da vitória. Mesmo em freguesias onde o PS venceu, as pessoas votaram em nós para a Câmara. Isso mostra maturidade e lucidez dos vimaranenses, que souberam distinguir cada voto.

Falou muito de economia e emprego durante a campanha. Que medidas concretas pretende implementar?
Ricardo Araújo: Guimarães tem de voltar a ser um concelho de oportunidade económica. Vamos definir uma estratégia de médio prazo para atrair investimento, promover inovação e criar emprego qualificado. Guimarães precisa de recuperar a confiança dos investidores e o orgulho dos cidadãos.

Precisamos de um concelho dinâmico, capaz de gerar riqueza e fixar talento. Isso implica uma relação próxima com as empresas, apoio aos empreendedores e reforço da ligação à Universidade do Minho e ao Instituto Politécnico.

Queremos criar novos polos de desenvolvimento e diversificar a economia local, apostando em tecnologia, indústria de valor acrescentado e turismo sustentável. Só assim Guimarães voltará a ser um território de crescimento.

“A minha ligação à Rua da Rainha simboliza o que é ser vimaranense”

Nasceu e cresceu na Rua da Rainha. Que significado tem isso para si?
Ricardo Araújo: Eu nasci no hospital de Azurém, mas cresci na casa dos meus avós, no número 76 da Rua da Rainha. É a minha rua, a minha infância, a minha juventude. Era uma casa cheia de gente, com tios, tias e primos.

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A minha mãe trabalhava no Colégio Nossa Senhora da Conceição e o meu pai tinha uma ótica na Rua de Santo António. A nossa vida era ali. Foi ali que aprendi o valor da comunidade, da proximidade, do trabalho. A Rua da Rainha ensinou-me o valor das pessoas. É esse espírito que quero levar para a Câmara.

O interesse pela vida pública nasceu cedo, quando fui presidente da Associação de Estudantes da Escola Francisco de Holanda. Nunca sonhei ser presidente da Câmara, mas sempre senti vontade de servir a minha terra.

“A minha família viveu esta campanha intensamente”

Como viveu a sua família este processo eleitoral?
Ricardo Araújo: Sempre procurei preservar a minha família da exposição política. Mas uma campanha como esta envolve-nos por completo. Eles viveram tudo comigo, com serenidade e também com nervosismo, claro. Estou-lhes profundamente grato. Quero ser o presidente de Câmara que os meus filhos esperam que eu seja. Que possam ter orgulho em mim, como eu tive orgulho nos meus pais.

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“Não podemos, e não vamos falhar com Guimarães”

Que mensagem deixa aos vimaranenses que o elegeram?
Ricardo Araújo: Antes de mais, uma palavra de gratidão. É o maior orgulho da minha vida cívica e política ser presidente da Câmara da minha terra. Mas também é um compromisso: não vou falhar com Guimarães. Estou preparado, motivado e determinado a mostrar que valeu a pena a mudança. Vamos trabalhar todos os dias para que os vimaranenses sintam orgulho no concelho que escolheram mudar.

Quero que, daqui a quatro anos, os vimaranenses olhem para trás e digam: valeu a pena. Que sintam que o voto de confiança que me deram foi correspondido com trabalho, seriedade e resultados. Guimarães não vai parar. É tempo de cumprir o futuro que os vimaranenses escolheram.

 

(Entrevista realizada a 14 de outubro de 2025 na Pousada Mosteiro de Guimarães)

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