Riopele promete impugnar leilão das empresas falidas do grupo Polopiqué

Venda dos bens da Cottonsmille não chega para pagar as indemnizações aos trabalhadores.

© Rui Dias / Mais Guimarães

Os 52 lotes de equipamentos para a indústria têxtil que compreendiam o recheio da Polopiqué II – Tecidos, SA, uma das empresas do grupo que recentemente foi declarada insolvente, foram arrematados em conjunto por um empresário americano, por dois milhões e 235 mil euros, esta sexta-feira, em leilão público realizado no Hotel de Guimarães. A Riopele ameaça impugnar o processo, em discordância com a opção do leiloeiro de vender todos os artigos por junto.

A venda do inventário da Cottonsmille, ficou pendente de negociação posterior, na medida em que a única proposta para comprar a totalidade dos equipamentos, 42 mil euros, ficou abaixo dos 48 230 euros do valor base de licitação. Mesmo que os bens desta empresa fossem vendidos pelo valor base do leilão, a quantia apurada nunca seria suficiente para pagar as indemnizações aos cerca de 80 trabalhadores, que deverão ter de recorrer ao Fundo de Garantia Social.

O valor obtido a partir da venda do recheio da Polopiqué Tecidos será, quase na totalidade, para pagar créditos aos cerca de 190 trabalhadores, referiu o administrador judicial Rui Giesteira, no final do leilão que se realizou, esta sexta-feira, no Hotel de Guimarães. “Não se trata de salários, esses foram pagos pela empresa, ainda antes de ser declarada a insolvência. O que está em causa são as indemnizações por despedimento”, referiu.

Já no caso da Cottonsmille, que tinha bens a leilão por pouco mais de 48 mil euros, “o valor obtido nunca daria para fazer face aos créditos dos trabalhadores”, referiu. Nestes casos, explicou o administrador judicial, “avança o Fundo de Garantia Social, até um valor de 15 600 euros”.

Uma vez que houve vários lotes da Cottonsmille que não receberam nenhuma licitação, o leiloeiro acabou por aceitar uma proposta de 42 mil euros, pela globalidade do inventário da empresa, embora condicionada a uma negociação posterior, uma vez que já havia dois lotes arrematados. É possível que a venda acabe por ser fechada por um valor a rondar os 45 mil euros. Francisco Vieira, coordenador do Sindicato Têxtil do Minho e Trás-os-Montes, embora não conheça as antiguidades dos 80 trabalhadores da empresa, tem a certeza que o valor “não chega para nada”.

Riople diz que “a massa insolvente foi prejudicada”

O representante da Riopele no leilão protestou por, apesar de a venda estar organizada em 52 lotes, o recheio da Polopiqué Tecidos ter acabado por ser vendido como uma unidade a um investidor americano. Neste caso, o valor base de licitação era de 2 311 790 euros e o foi arrematado por 2 325 000 euros.“O leilão estava organizado em lotes, isto é uma subversão das regras, vamos impugnar. Além disso, feita desta forma, a venda prejudica a massa insolvente”, acusou o representante da Riopele.

Inditex continua a ser o maior cliente

O grupo Polopiqué tem dois Processos Especiais de Revitalização em curso: um para a Polopiqué Comércio e Indústria de Confeções: outro para a Polopiqué Acabamentos Têxteis. O grupo, com sede em Santo Tirso e unidades espalhadas por Vizela e Guimarães, acumulou um passivo de 66 milhões de euros. Estão em causa 420 credores, entre os quais os maiores são o Grupo Inditex, o BCP e a CGD. De acordo com Rui Giesteira as negociações estão bem encaminhadas e os processos deverão estar concluídos entre o final deste ano e o princípio do próximo. “A Inditex continua a ser o principal cliente e a colocar encomendas”, referiu o administrador judicial.

Por Rui Dias.

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