Guimarães celebrou os 840 anos da morte de Afonso Henriques com homenagem ao Rei Fundador

Guimarães assinalou no sábado, 6 de dezembro, os 840 anos da morte de D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal e patrono do Exército Português, numa cerimónia evocativa que reuniu autoridades civis, militares e representantes de instituições locais para homenagear a figura histórica que marcou a fundação do país.

© CMG

A cerimónia principal ocorreu diante da estátua do Rei Fundador, junto ao Paço dos Duques de Bragança, onde o Presidente da Câmara Municipal, Ricardo Araújo, depositou uma coroa de flores, sublinhando “a responsabilidade cívica de estar à altura do legado que nasceu em Guimarães e moldou a identidade nacional”. A iniciativa, promovida pela Grã Ordem Afonsina e pela Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal, integrou guarda de honra e seguiu depois para os claustros do Convento de Santo António dos Capuchos, com momentos de evocação histórica e discursos protocolares.

Um dos momentos mais simbólicos foi a entrega da Medalha de Campanha à viúva de um vimaranense falecido no Ultramar, gesto que o autarca qualificou como “um testemunho de que Guimarães não esquece os seus e honra o sacrifício de quem serviu Portugal”.

No seu discurso, Ricardo Araújo enalteceu Afonso Henriques como “símbolo de génio político, coragem militar e determinação inabalável”, lembrando que foi de Guimarães que o primeiro rei “projetou Portugal para além do seu tempo”. O Presidente do Município destacou ainda o papel do Exército Português, “herdeiro direto da coragem afonsina”, e valorizou o trabalho do Museu Militar – Casa do Lanceiro, instalado no Convento de Santo António dos Capuchos, considerado “único no país” pela preservação da memória militar.

O autarca adiantou também que Guimarães está já a preparar as comemorações dos 900 anos da Batalha de São Mamede, em 2028, defendendo que esse momento deve ter grande destaque nacional. “Que esta celebração seja mais do que um ritual: que seja um compromisso renovado com a coragem, o serviço e a lealdade às nossas raízes”, afirmou Ricardo Araújo.

Reflexão histórica e dimensão religiosa

As comemorações continuaram ao longo do dia, culminando com uma missa em sufrágio do primeiro rei, celebrada pelo Arcebispo Emérito de Braga, D. Jorge Ortiga, na Igreja do Carmo.

Florentino Cardoso, presidente da Grã Ordem Afonsina, sublinhou que o objetivo da homenagem foi “proclamar D. Afonso Henriques como autor da independência de Portugal”, defendendo que o país nunca perdeu verdadeiramente a sua autonomia entre 1580 e 1640, abordando a celebração de 05 de outubro. O dirigente defendeu uma “linguagem histórica mais direta” que permita compreender o significado dos 900 anos da Batalha de São Mamede, e destacou a importância da Arquidiocese de Braga na formação do Reino e na identidade religiosa portuguesa.

Também Fernando Rego, da Associação de Veteranos Lanceiros de Portugal, realçou a ligação dos militares aos valores da pátria e à preservação da memória.

As celebrações deste sábado reafirmaram a importância de D. Afonso Henriques no imaginário nacional e reforçaram o papel de Guimarães como berço histórico de Portugal, evocando a coragem, a fé e a identidade que moldaram o país há quase nove séculos.

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