Novo executivo abandona Via de Acesso ao Avepark e coloca três projetos em reavaliação

O novo executivo da Câmara Municipal de Guimarães decidiu não avançar com a Via de Acesso ao Avepark e anunciou a reavaliação de três projetos lançados no mandato socialista de Domingos Bragança: a Requalificação da Avenida D. João IV, a intervenção na Fábrica do Alto, em Pevidém, e a Loja do Cidadão, prevista para junto do Mercado Municipal.

© Eliseu Sampaio / Mais Guimarães

A decisão foi anunciada durante a apresentação do Plano e Orçamento Municipal para 2026, aprovados em reunião de Câmara, e motivou críticas da oposição socialista, que acusa o executivo liderado por Ricardo Araújo de estar a recuar em investimentos considerados estratégicos para o desenvolvimento económico do concelho.

Ricardo Araújo: “Não há financiamento para todas as obras”

Ricardo Araújo reconheceu que o orçamento integra projetos herdados, mas sublinhou que o município enfrenta limites financeiros num ano com 65 milhões de euros de investimento, dos quais apenas metade são financiados pelo PRR.

“Os financiamentos não são possíveis para todas as obras. Não há engenharia financeira que permita fazê-las”, afirmou, defendendo a necessidade de reavaliar prioridades, procurar mais comparticipação nacional ou europeia e canalizar recursos para setores considerados prioritários, como habitação, saúde, educação e mobilidade.

Socialistas falam em recuo

O vereador do PS, Ricardo Costa, criticou as opções, considerando que o orçamento “é uma manta de retalhos” que depende de projetos preparados pelo anterior executivo.

Sobre a Avenida D. João IV, recordou que o então vereador Ricardo Araújo votou favoravelmente ao concurso público de 3,5 milhões de euros: “Se já não era a favor dessa obra, então, em coerência, tinha que votar contra e não a favor”.

Quanto à decisão de abandonar a Via do Avepark, Ricardo Costa alertou para a perda de capacidade de reivindicar futuros acessos à autoestrada e para o risco de devolver verbas do PRR e despesas já realizadas com estudos. Na sua perspetiva, o abandono terá impacto na competitividade territorial e no reforço industrial, afetando o planeamento para a zona norte do concelho.

Também a eventual suspensão da Fábrica do Alto é lida como um erro estratégico: “Era fundamental para alterar estruturalmente a economia do nosso concelho”, disse, apontando para o impacto que a futura Academia Digital teria na atração de tecnologia e conhecimento.

Ricardo Araújo responde: “É uma opção política”

Confrontado, Ricardo Araújo foi claro: a Via do Avepark “não é para avançar”. A obra, afirmou, estava presa num “imbróglio jurídico”, não tinha financiamento suficiente, apenas cerca de 20 milhões do PRR para um custo que, agora, poderia chegar aos 50 ou 60 milhões, e nunca foi iniciada, apesar de ter sido promessa socialista durante cerca de uma década.

“Não nos revemos nesta solução, sobretudo pela relação custo-benefício”, frisou. Como alternativa, o município aposta na requalificação da EN 101 e na negociação com o Governo de um novo nó de acesso à autoestrada, que sirva a zona norte do concelho.

Avenida D. João IV suspensa; Fábrica do Alto e Loja do Cidadão à procura de financiamento

A Avenida D. João IV ficará “em pausa”, por não ser considerada prioritária neste momento. Já a Fábrica do Alto, em Pevidém, orçada em cerca de 10 milhões de euros, só avançará com “maior alavancagem financeira”. A obra tem hoje apenas um milhão de financiamento, o que, segundo Ricardo Araújo Araújo, torna impossível avançar sem reforço do Governo ou fundos comunitários.

Também a Loja do Cidadão será revista: “Queremos ter uma Loja do Cidadão, mas temos de avaliar o local e negociar mais financiamento”, afirmou.

Apesar das suspensões, o presidente da Câmara Municipal defende que o orçamento mostra ambição ao prever verbas para habitação a custos acessíveis, incluindo a construção de 75 casas ao abrigo do programa 1.º Direito, e para centros de saúde e escolas, investimentos que considera essenciais para a coesão social e para a qualidade de vida no concelho.

“O Partido Socialista deixou muitos projetos na gaveta. Nós queremos executá-los”, afirmou, salientando que o município terá de “tomar decisões e definir prioridades”.

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