Guimarães: um novo ciclo político e os desafios do futuro verde
O ano de 2025 ficará registado na história política de Guimarães como um ponto de viragem. A vitória de Ricardo Araújo e da coligação Juntos por Guimarães nas eleições autárquicas marcou o fim de um ciclo longo de 36 anos de governação socialista no município. A mudança não foi apenas de protagonistas, mas sobretudo de paradigma político, refletindo um desejo claro de renovação por parte dos vimaranenses.

© Eliseu Sampaio
Durante mais de três décadas, o Partido Socialista moldou o território, as políticas públicas e a identidade governativa de Guimarães. Houve conquistas evidentes, investimentos estruturantes e uma visão de continuidade que marcou várias gerações.
No entanto, como acontece em todos os ciclos prolongados, o desgaste, a previsibilidade e a sensação de fim de impulso tornaram-se visíveis. A vitória de Ricardo Araújo simboliza, por isso, mais do que uma alternância democrática: representa a vontade de experimentar novas abordagens, novas prioridades e um novo discurso político.
A eleição do novo presidente da Câmara assume-se, assim, como o acontecimento mais relevante em Guimarães em 2025.
Num ano que agora termina, esta mudança abriu expectativas, mas também elevou o nível de exigência. Governar após um ciclo tão longo implica saber respeitar o legado existente, sem ficar prisioneiro dele, e ao mesmo tempo demonstrar capacidade de inovação, proximidade e execução. A promessa de uma gestão mais aberta, participativa e focada em resultados concretos será constantemente testada.
Este novo ciclo político ganha ainda maior relevância quando enquadrado no grande desafio que se aproxima: Guimarães é Capital Verde Europeia em 2026. O título é motivo de orgulho, mas sobretudo uma enorme responsabilidade. Não pode ser encarado apenas como um evento simbólico ou comunicacional, mas como uma oportunidade real de transformação ambiental, social e económica do concelho.
A Capital Verde Europeia exigirá coerência entre discurso e prática, políticas ambientais ambiciosas, mobilidade sustentável, proteção do território, envolvimento da comunidade e capacidade de liderança. Será o primeiro grande teste estratégico do novo executivo municipal e um momento decisivo para afirmar Guimarães como cidade inovadora, sustentável e preparada para o futuro.
Depois de 36 anos, Guimarães mudou de ciclo. Agora, mais do que nunca, precisa de mostrar que sabe transformar mudança em progresso.





