Um Novo Mundo no Planeta Velho

Por Carlos Guimarães.

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por Carlos Guimarães
Médico

Os dias difíceis acontecem, não os queremos, mas batem à porta e entram sem convite. Longe deles também existem dias bons que devem ser bem vividos. Não sei se a nossa memória se fixa mais nos dias de horror ou nos dias magníficos, mas a memória da história não se apaga, aprende-se com ela.

Todos os impérios se desmoronaram com o tempo, não há império que por mais forte que tenha sido não tenha sido apagado ou substituído por outro mais dominante. Ao longo dos séculos assistimos ao domínio e queda de determinada nação. Nós, portugueses também dominamos o mundo, éramos a nação dominante no século XV e caímos, fomos substituídos pelo domínio espanhol no século XVI que teve o nosso mesmo destino, dando lugar à Holanda como país dominante no século XVII. O mundo não parou e a França dominou-o no século XVIII para no século XIX ceder o domínio ao Império Britânico. No século XX o domínio do mundo esteve nas mãos de uma nação nova, os Estados Unidos da América. E agora no século XXI, Americanos ou Chineses, quem irá dominar?

Ao longo das últimas décadas não deve ter havido um dia em que soldados americanos não estivessem envolvidos em conflitos bélicos. Nesse mesmo período a china não se envolveu em nenhum conflito. O poderio económico americano foi alicerçado na tecnologia e no domínio da intervenção militar. Por isso se desenvolveram muitos ódios e sentimentos anti-americanos. No momento atual, devido à desgraça da pandemia que se abateu no território dos EUA, muitas das debilidades do sistema ficaram a descoberto. Era impensável que pudéssemos assistir a tamanha mortalidade na terra dos senhores do mundo e ao desmoronamento económico que acontece de forma galopante. O ódio diminui perante a catástrofe e até se sente uma certa pena global. O gigante começa a vergar os joelhos. Enquanto tudo isto acontece a China prepara-se para se assumir como a maior economia do planeta. Os “chinocas” conquistam posições estratégicas nas empresas e nos estados a nível mundial, e por isso se diz com toda a propriedade que os chineses vão dominar o mundo.

Será pois a China o estado dominante no século XXI, ou seja, o novo mundo irá virar para o oriente. Assistir ao apogeu do Império Chinês não é bem a mesma coisa que estar sob o domínio dos EUA. Por muito que não se goste do Estado Norte Americano, estamos a falar da terra das oportunidades, da democracia e da liberdade, uma nação com povos de todo o mundo sob uma bandeira que nada tem a ver com o modelo chinês. O domínio mundial da china não é bem a mesma coisa, antes pelo contrário. As ditaduras são o oposto dos regimes democráticos. As suas leis laborais são primitivas ou inexistentes, os direitos humanos são uma farsa, as execuções sumárias são uma realidade e a construção de campos de concentração está a acontecer. Não gosto.

Portugal é um exemplo triste da influência chinesa nas áreas vitais e a subserviência política rasa o limite da vergonha. Sem nos apercebermos bem os imperadores do século XXI já se instalaram ao nosso lado em aspetos menos visíveis e pouco falados. Se olharmos bem para a pressão laboral em muitas empresas e na própria administração pública parece que já importamos ares da China há muito tempo, muito antes da era pandémica. A tão famosa emergência climática propagandeada por todos os partidos esqueceu-se das enormes alterações do clima laboral em Portugal. As pessoas vão tristes para o trabalho, vivem tristes no trabalho e saem tristes do trabalho. Os tempos livres estão cada vez mais encurtados pela excessiva carga de trabalho.

Já nos vamos parecendo com a China e ainda não estamos de olhos em bico neste Novo Mundo poisado no Velho Planeta.

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