Os rapazes da Comissão

Por Eliseu Sampaio.

Eliseu sampaio

Por Eliseu Sampaio.
Podia, como assisti a fazer-se, percorrer um caminho mais fácil e juntar-me ao imenso coro de críticas à Comissão de festas Nicolinas deste ano. Não farei isso, e por várias razões, algumas delas bem simples.

O que aconteceu na manhã deste domingo no Largo da Oliveira foi mau, não devia ter acontecido, temos todos a noção disso, tanto aqueles que assistiram à distância como os que se juntaram naquele Largo e puderam, durante uns minutos, desfrutar de um prazer que certamente previram não poderem ter este ano. Foi muito mau para a imagem de Guimarães e dos vimaranenses, uma cidade que se quer de gente responsável, de gente consciente.

Mas quantos, pergunto eu, dos que viram os vídeos que circulavam pelas redes com o toque do pinheiro naquela manhã solarenga de outono, não se sentiram também tentados a pegarem nas caixas, nas baquetas, nos lenços e nas mitras, e rumarem ao coração da cidade que tem as festas de estudantes mais extraordinárias do país?

Aqueles que lá estiveram não resistiram. O coração Nicolino bateu mais forte, como dizemos na capa desta edição do Mais Guimarães. Ninguém previra aquele ajuntamento, posso dizer-vos, porque acompanhamos o desenrolar daquele “incidente” desde o primeiro momento.

Quanto aos rapazes da Comissão, que mais tarde surgiram no Largo e se juntaram à festa, naturalmente já tivemos a idade deles, uns 16/17 anos, e temos a noção do que representaram esses anos, do que vivemos e como os vivemos.

Procuro, com imensa dificuldade, uma ideia do que será ter 16-17 anos em 2020. O sufoco que será estar numa minha escola 8 horas por dia de máscara, como será imporem-me um enclausuramento residencial que me afasta dos amigos, da diversão, da alegria, das namoradas, e da liberdade de que me falaram regularmente os meus pais e à qual me habituei desde sempre.

Disseram-se que integrar a Comissão das Festas haveria de ser o momento alto da minha vida, que jamais esqueceria o que sentiria e o que experimentaria nestas semanas. Afinal, não autorizaram as festas!

Nada será como imaginei, não será como tanto gostava que fosse.

Não é justo o que muitos disseram e escreveram nos últimos dias sobre os rapazes da Comissão. Porque não foram responsáveis pelos acontecimentos de domingo e, sobretudo, porque não é justo que lhes roubemos a possibilidade de serem jovens quando é precisamente esta a idade de o serem.

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