Adeus, 2020!

Por Mariana Silva.

Mariana Silva

Por Mariana Silva, Deputada na Assembleia da República (Os Verdes) A poucos dias de nos despedirmos de 2020 confrontamo-nos com o desejo de “virar” o ano sem evitar o sentimento de ansiedade que nos provoca pensar em 2021.

Sentimos que os balanços que possamos fazer de 2020 vão sempre parar à pandemia. É difícil falar de outro assunto, parece quase impossível desviarmo-nos do tema COVID-19.

No entanto, este momento difícil de saúde pública que vivemos veio apenas deixar a nu questões que já eram discutidas, para as quais já tínhamos chamado a atenção, deixando bem visível o que as opções políticas dos sucessivos governos fizeram ao país e como o deixaram vulnerável, como está visível nesta pandemia.

Isso é particularmente visível no desinvestimento no SNS, mesmo que, com todas as suas dificuldades, tenha dado uma notável resposta, nunca fechando portas, conseguindo fazer frente às necessidades de uma doença desconhecida.

Isso é também verdade nas dificuldades na educação, em que nem todos estão no mesmo patamar de aprendizagem, que nem todas as escolas possuem os instrumentos tecnológicos, em que nem todos os alunos têm acesso à internet, e que a falta de assistentes operacionais não era uma necessidade esporádica, mas sim uma realidade gritante. No entanto, a escola pública conseguiu superar mais uma dificuldade e a comunidade escolar não abandonou os alunos à sua sorte e tudo fizeram para que muitos conseguissem não perder o último período, não perder a oportunidade de concorrer ao ensino superior e de prosseguir o seu caminho com a ajuda de todos. Também a escola pública não fechou as portas!

Na cultura, no mundo do espetáculo, muitos descobriram que nem só de figuras públicas vive a cultura. Existe um mundo de técnicos, de homens e mulheres, que contribuem para que os concertos, as peças de teatro, os bailados, o circo, os filmes, tenham lugar nos palcos e nos grandes ecrãs. E apesar de os terem obrigado a fechar a porta, recusaram baixar os braços e adaptaram-se transformando os espaços de cultura, interiores e exteriores, em lugares seguros.

É ainda claro numa economia assente em fatores que não podemos controlar, do baixo custo do crédito internacional ou do preço do petróleo à dependência do turismo, com o abandono dos sectores produtivos.

O ano de 2021 trará mais desemprego, mais incerteza, mesmo com esta luz, em forma de vacina, ao fundo que renova a esperança. É com a vacinação que terminamos o ano de 2020, é com a possibilidade de existir um tratamento que ganhamos novo fôlego para enfrentar o próximo ano, na esperança também de esquecer 2020.

No entanto, se me permitem, olhemos para 2020 de frente, que nos trouxe muito sofrimento, muito medo, muita incerteza, muita angústia e ansiedade. Que nos trouxe problemas que ainda nem imaginamos a sua dimensão. Olhemos para ele de frente e tomemos nas nossas mãos o futuro.

Com os olhos no futuro sejamos capazes de pedir mais reforço do SNS, mais investimento na escola pública, mais apoios para a cultura, mais apoios para as micro, pequenas e médias empresas. Saibamos pedir mais justiça económica, social e ambiental.

Para todos desejo Boas Festas e que 2021 seja um ano de luta e de lutas por uma sociedade mais justa e ecologicamente equilibrada.

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