Recordar… o Vitória #84
Por Vasco André Rodrigues.

Recordar-o-Vitória
Por Vasco André Rodrigues, Advogado e fundador do projeto ‘Economia do Golo’O defeso da temporada de 1995/96 representou a perda de um dos jogadores mais inebriantes dessa década para o Vitória.
Por uma quantia considerável, os Pedros abandonavam Guimarães, sendo que, apesar do inegável talento de Martins, a maior tristeza era pela saída do virtuoso Barbosa, um génio capaz de apaixonar o adepto mais exigente.
Porém, além das centenas de milhares de contos que chegaram fruto da transacção, vieram dos Leões, também, jogadores em quem o Vitória depositava muitas esperanças: Ramires, Edinho e Capucho.
Falemos deste último. Campeão do mundo sub-20, em 1991, na inesquecível final de Lisboa frente ao Brasil, ainda enquanto representava o Gil Vicente, clube da sua terra, seria, de imediato, vendido ao Sporting.
Apesar do bom começo de verde e branco não se afirmaria definitivamente, de modo a que quando os Leões se enamoraram pela dupla, o seu nome foi proposto como uma das moedas de troca.
E, assim, chegaria a Guimarães com o desejo de relançar a sua carreira!
Estrear-se-ia de imediato na primeira jornada desse campeonato frente ao Campomaiorense, pela mão do saudoso Vítor Oliveira, num triunfo por uma bola a zero.
O primeiro dos oito golos dessa temporada inicial, esse, demoraria mais a chegar. Tal, apenas, ocorreria na sétima etapa desse campeonato, em Santo Tirso, num empate infeliz a dois, pelo facto dos Branquinhos não terem sido capazes de segurar uma vantagem de dois golos, na antecâmara da eliminatória com o Barcelona, com o primeiro jogo a ocorrer em Camp Nou.
Aí o Vitória teria entrada de rompante… ameaçaria por várias vezes a baliza de Busquets, sem, contudo, conseguiu festejar o merecido golo. A maior das oportunidades caberia ao herói destas linhas, que isolado perante o guardão catalão remataria contra as suas pernas. Era o prelúdio de uma noite honrosa mas infeliz de um Vitória que também foi prejudicado pelo árbitro francês, Alain Sars.
Porém, no campeonato, a equipa dava mostras de insegurança, de passadas titubeantes. Por essa razão, Vítor Oliveira, depois de muita contestação dos sócios, seria despedido, entrando para o seu lugar Jaime Pacheco.
Com este, Capucho atingiria o seu apogeu. Faria parte da declarada, por parte do treinador, “melhor ala direita da Europa”. Com José Carlos a lateral, Vítor Paneira a médio interior direito e Capucho a extremo, não havia lateral esquerda adversária que resistisse. A potência do jogador aliada à sua exímia técnica fizeram com que realizasse uma segunda volta de excepção, voando de modo inapelável, arrancando de forma imparável e tornando-se, talvez, num dos melhores jogadores de um campeonato que consagrou o Vitória como a melhor equipa da segunda volta.
No final da temporada, o quinto lugar final garantiria o apuramento para as competições europeias e a certeza que a aposta em trocar o Sporting pelo Vitória fora acertada. Capucho estava mais jogador, mais capaz de entender as manobras do colectivo e fisicamente bastante mais forte do que fora no clube lisboeta, onde apesar de lhe reconhecerem o talento o tinham como inconsequente.
Aliás, o desempenho superlativo do atleta faria com que se estreasse com as Quinas ao peito, num desafio perante a Alemanha, a 21 de Fevereiro de 1996, no então estádio das Antas, tornando-se em mais um neo-internacional com a chancela do nosso emblema, passando a ser presença constante nos trabalhos e nos jogos da equipa de Todos Nós.
A segunda temporada pelo Vitória seria o espelho da primeira. O extremo marcaria o mesmo número de golos do que na primeiro (oito), faria um sem número de assistências para os companheiros e brilharia a grande altura, ajudando os Branquinhos a conquistarem mais um apuramento europeu, ainda que sofrido e obtido graças a uma grande penalidade desperdiçada no último minuto da última jornada por Abílio, jogador do Salgueiros, em Faro.
Capucho, esse, durante o ano seria peça determinante na eliminação do Parma, esse colosso que caiu com estrondo no estádio do Rei.
Com tantas exibições de qualidade, começaram a aparecer inúmeros pretendentes. Comprometer-se-ia com o FC Porto, para onde partiria na época de 1997/98.
Contudo, despedir-se-ia dos golos no Vitória à décima nona jornada desse campeonato num êxito por três bolas a zero frente ao homónimo sadino. A partir desse momento, não mais violaria as redes adversárias ainda que continuasse a atormentar os incautos defesas adversários.
Partiria para os Dragões, mas deixando saudades… Capucho foi dos melhores extremos dos últimos 30 anos da história do Vitória!





