Cristina Reis recebeu Prémio Carreira da Bienal de Ilustração de Guimarães
A entrega teve lugar no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, onde está também patente a exposição “Cristina Reis – Uma vida no palco”.

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Cristina Reis recebeu o Prémio Carreira da 3.ª Edição da BIG – Bienal de Ilustração de Guimarães, numa cerimónia que teve lugar na manhã deste sábado, 23 de outubro, no CIAJG – Centro Internacional das Artes José de Guimarães.

O Prémio Carreira pretende, disse Paulo Lopes Silva, “fazer jus à missão da BIG, uma vez que o certame se destina a premiar e a dignificar os artistas nos campos das Artes Visuais e da Ilustração”. O vereador da cultura vê as artes visuais “não apenas como uma disciplina, mas como uma área abrangente que promove diversas leituras do mundo e ligações com as várias vertentes do pensamento a atividade humanas”. Destacou o grande trabalho realizado por Cristina Reis, durante 40 anos, no Teatro da Cornucópia.
Cristina Reis, reconhecidamente, afirmou “não existirem provas nenhumas do que fez para merecer o prémio”. Talvez uma alusão ao caráter efémero dos seus cenários que, como referiu, “faz com que o que reste seja quase uma espécie de memória”. A artista agradeceu ainda a distinção que lhe foi atribuída.
Já antes, Tiago Manuel, diretor artístico da BIG, referia-se à artista comparando-a com a Penélope, uma alusão à sua fidelidade ao Teatro da Cornucópia, enaltecendo a generosidade do seu trabalho artístico como coreógrafa e a sua vocação para o silêncio e anonimato. “Em Catarina Reis há uma austeridade, um desapego. Ela é uma artista em contramão”, disse.
O curador da exposição “Cristina Reis – Uma vida no palco”, Jorge Silva, adjetivou a obra da artista como “peculiar”. Cristina Reis “repetiu para inovar, fruto da sua persistência e talento, criando uma gramática de autor e cultivando a qualidade extraordinária da modéstia”.
Cristina Reis nasceu em Lisboa em 1945. Com o curso de pintura da Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, iniciou, em 1960, a sua formação em design no ateliê de Daciano Costa, onde trabalhou até 1966 em design de interiores. Entre 1966 e 1970, estudou no Ravensborne College of Art and Design, na Inglaterra, e regressou a Portugal para a realização da 1.ª exposição de design português produzida pelo Instituto Nacional de Investigação Industrial – INII, onde trabalhou até 1974. Em 1975 iniciou a atividade de cenógrafa e figurinista no Teatro da Cornucópia, com Jorge Silva Melo e Luís Miguel Cintra. Desde então, foi responsável pelos cenários e figurinos da quase totalidade dos espetáculos aí realizados até à extinção da Cornucópia, em 2016.
O Prémio Carreira é sugerido pela direção artística da Bienal e pela Câmara Municipal de Guimarães e pretende reconhecer a grande qualidade e coerência artísticas, a criatividade e a inovação nos domínios mais amplos da ilustração. O prémio tem um valor pecuniário de 10.000€ e os artistas premiados terão os seus trabalhos mais representativos expostos durante o certame.