A Esperança é a última a morrer
Por Mariana Silva.
![Mariana Silva](https://maisguimaraes.pt/wp-content/uploads/2023/02/mariana-silva_artigoopiniao-10-anos-03-672x353.jpg)
Por Mariana Silva Os discursos feitos pelos responsáveis políticos de Guimarães, quer na sessão das comemorações do dia 1 de Portugal quer na Assembleia Municipal, que teve lugar na última sexta-feira, foram preenchidos pela ideia da Esperança.
Por diversas vezes escrevi que o papel aguenta tudo, todas as promessas, todas as ideias, todas as possibilidades, mas o que a realidade nos mostra é que as pessoas não vivem de bonitas palavras, nem de promessas de esperança num futuro melhor. Os vimaranenses e as pessoas que escolheram viver em Guimarães só terão acesso à “anunciada vida digna” se as opções políticas nacionais e municipais tiverem no centro as pessoas.
Fazem-se programas de apoio às rendas, de atribuição de bolsas de estudo, de apoio aos idosos porque cada vez mais as pessoas limitam-se a sobreviver. Não é digno que um idoso que trabalhou toda a vida, descontou, ajudou a construir a sociedade em que vivemos, viva no fim da sua vida de mão estendida, porque a sua reforma o obriga a escolher entre pagar a luz ou os medicamentos. Não é digno que vivam isolados porque os transportes públicos coletivos não chegam a todo o concelho.
Não é digno que em Guimarães, um concelho de salários baixos, as famílias não sejam capazes de ver os seus filhos a seguirem a formação superior porque ou pagam a renda da casa ou pagam a prestação da propina.
Não é digno que os jovens não possam sair de casa dos pais porque não há casas para arrendar a preços acessíveis e que, por isso, tenham de andar à esmola do município, pelos parcos apoios que ficam aquém das necessidades para apoiar as famílias para garantir o direito a ter um tecto. A vereadora do pelouro disse agora que tudo está a ser feito para garantir este direito, mas que o processo é lento e que este problema é local e nacional, mas lembro aos leitores que a mesma vereadora, em Abril de 2023, prestou as seguintes declarações: “A actualização das situações de indignidade habitacional resultou na identificação de 1.653 agregados familiares, que, no seu conjunto, representam 3.491 pessoas.”, mostrando que o problema desta dimensão não caiu do céu. As opções do executivo de maioria PS foram outras e a “bola de neve” foi crescendo.
Não é digno que as mães do nosso concelho não possam trabalhar porque não há creches em Guimarães. Segundo notícias recentes, as 39 creches existentes em Guimarães estão sem qualquer vaga e estima-se uma lista de espera de 800 crianças. Onde fica a esperança para estas mães, para estas famílias?
Como única solução, o Presidente Domingos Bragança referiu numa reunião de Câmara sobre a possibilidade de alugar um espaço no Verbo Divino, em Azurém, para depois ceder o espaço a uma IPSS que trabalhasse numa resposta. Permanecem assim mais dúvidas que certezas que a CDU quis esclarecidas na AM, mas o senhor presidente optou por nada dizer sobre o assunto.
Para que não deixemos a esperança morrer, porque só assim teremos sempre os olhos postos no futuro de desenvolvimento, de trabalho, para que as pessoas sejam felizes e tenham uma vida digna, precisamos de políticas que correspondam às necessidades do concelho e dos seus cidadãos, tendo em conta, as suas características, a sua cultura.
Não basta “estar um pavilhão desportivo” na Escola EB 2/3 Prof. João de Meira, é preciso que o pavilhão tenha condições para que a comunidade escolar possa usufruir do espaço em segurança, possa desenvolver os projetos do desporto escolar. Não basta ter a ideia de que se vai construir finalmente a biblioteca na mesma escola, é fundamental concretizar, para depois não virmos chorar sobre os números tão baixos de leitores em Portugal.
Para que a esperança seja mesmo a última a morrer é preciso fazer por isso e só é possível com opções políticas que coloquem as pessoas no centro das preocupações.
PUBLICIDADE
Partilhar
PUBLICIDADE
JORNAL
MAIS EM GUIMARÃES
Julho 27, 2024
Apenas durante este sábado, dia 27 de julho.
Julho 27, 2024
O Clube Desportivo de Ponte apresentou-se com 23 jogadores após uma grande reformulação do plantel no ataque à nova temporada.
Julho 27, 2024
O candidato à Federação de Braga tem como objetivo "conquistar mais Juntas de Freguesia e Câmaras Municipais nas autárquicas."