A Esperança é a última a morrer

Por Mariana Silva.

Mariana Silva

Por Mariana Silva Os discursos feitos pelos responsáveis políticos de Guimarães, quer na sessão das comemorações do dia 1 de Portugal quer na Assembleia Municipal, que teve lugar na última sexta-feira, foram preenchidos pela ideia da Esperança.

Por diversas vezes escrevi que o papel aguenta tudo, todas as promessas, todas as ideias, todas as possibilidades, mas o que a realidade nos mostra é que as pessoas não vivem de bonitas palavras, nem de promessas de esperança num futuro melhor. Os vimaranenses e as pessoas que escolheram viver em Guimarães só terão acesso à “anunciada vida digna” se as opções políticas nacionais e municipais tiverem no centro as pessoas.

Fazem-se programas de apoio às rendas, de atribuição de bolsas de estudo, de apoio aos idosos porque cada vez mais as pessoas limitam-se a sobreviver. Não é digno que um idoso que trabalhou toda a vida, descontou, ajudou a construir a sociedade em que vivemos, viva no fim da sua vida de mão estendida, porque a sua reforma o obriga a escolher entre pagar a luz ou os medicamentos. Não é digno que vivam isolados porque os transportes públicos coletivos não chegam a todo o concelho.

Não é digno que em Guimarães, um concelho de salários baixos, as famílias não sejam capazes de ver os seus filhos a seguirem a formação superior porque ou pagam a renda da casa ou pagam a prestação da propina.

Não é digno que os jovens não possam sair de casa dos pais porque não há casas para arrendar a preços acessíveis e que, por isso, tenham de andar à esmola do município, pelos parcos apoios que ficam aquém das necessidades para apoiar as famílias para garantir o direito a ter um tecto. A vereadora do pelouro disse agora que tudo está a ser feito para garantir este direito, mas que o processo é lento e que este problema é local e nacional, mas lembro aos leitores que a mesma vereadora, em Abril de 2023, prestou as seguintes declarações: “A actualização das situações de indignidade habitacional resultou na identificação de 1.653 agregados familiares, que, no seu conjunto, representam 3.491 pessoas.”, mostrando que o problema desta dimensão não caiu do céu. As opções do executivo de maioria PS foram outras e a “bola de neve” foi crescendo.

Não é digno que as mães do nosso concelho não possam trabalhar porque não há creches em Guimarães. Segundo notícias recentes, as 39 creches existentes em Guimarães estão sem qualquer vaga e estima-se uma lista de espera de 800 crianças. Onde fica a esperança para estas mães, para estas famílias?

Como única solução, o Presidente Domingos Bragança referiu numa reunião de Câmara sobre a possibilidade de alugar um espaço no Verbo Divino, em Azurém, para depois ceder o espaço a uma IPSS que trabalhasse numa resposta. Permanecem assim mais dúvidas que certezas que a CDU quis esclarecidas na AM, mas o senhor presidente optou por nada dizer sobre o assunto.

Para que não deixemos a esperança morrer, porque só assim teremos sempre os olhos postos no futuro de desenvolvimento, de trabalho, para que as pessoas sejam felizes e tenham uma vida digna, precisamos de políticas que correspondam às necessidades do concelho e dos seus cidadãos, tendo em conta, as suas características, a sua cultura.

Não basta “estar um pavilhão desportivo” na Escola EB 2/3 Prof. João de Meira, é preciso que o pavilhão tenha condições para que a comunidade escolar possa usufruir do espaço em segurança, possa desenvolver os projetos do desporto escolar. Não basta ter a ideia de que se vai construir finalmente a biblioteca na mesma escola, é fundamental concretizar, para depois não virmos chorar sobre os números tão baixos de leitores em Portugal.

Para que a esperança seja mesmo a última a morrer é preciso fazer por isso e só é possível com opções políticas que coloquem as pessoas no centro das preocupações.

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