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A HUMANIDADE DO PATRIMÓNIO

MARIA DO CÉU MARTINS Economista

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por MARIA DO CÉU MARTINS
Economista

O outro lado da moeda de ser “património da humanidade” é esse mesmo – o risco de termos  uma cidade que passa a ser muito mais dos outros e muito menos nossa. O turismo passa a ser o negócio alvo e quanto mais atrativa for a cidade para o visitante maior e melhor a capacidade de mudar a organização económica e social em função do cliente.

Num instante tudo o que era comércio tradicional passa a restaurante gourmet ou a pub, as casas antigas convertem-se em hostéis e torna-se rotineiro ouvir conversas em idioma de país rico.

Em meados do ano passado passei um sábado na baixa do Porto e nem queria acreditar nas magníficas mutações que ali se haviam operado. Há 30 anos atrás a baixa do Porto, completamente desertificada, era dos locais mais perigosos para passear e grande parte das ruas que ligavam à ribeira eram sujas e de aparência degradada. Mas qualquer bom portuense me convencia que aquele era o melhor local para se viver, que aquela cidade encerrava um charme, um encanto que não se descobria à primeira olhadela. Hoje o Porto é uma cidade recuperada com gosto exímio de arquiteto da moda, é vivida até à exaustão, mas é cada vez mais difícil encontrar um verdadeiro “tripeiro”.

Por isso, é estratégico e bom, sermos o quarto recomendado como Património da Unesco, (embora ainda não tenha descoberto a base cientifica da afirmação) é super importante que tenhamos crescido 10% em 2016 ou que as nossa exportações tenham uma representatividade nacional invejável. Do ponto de vista do Outdoor até acho que funciona – e é, em termos de comunicação em marketing, uma boa forma de chegar ao voto.

Que não ao eleitor! Porque não é criativa, nem surpreende, nem está um passo mais frente como seria de esperar de um político em lógica de poder instituído. De um autarca em maré de recandidatura espera-se a frescura de uma proposta arrojada de alguém que quis ser presidente da Câmara e foi e que muito provavelmente voltará a sê-lo. E uma proposta eleitoral de vanguarda dar-lhe-ia a legitimação do mérito pessoal no resultado. E já agora podem colocá-lo nos cartazes – o homem até tem um certo charme (cumpre aos comunicadores fazê-lo aparecer, na forma de fazer comunicação!)

O turismo é um dado adquirido que a economia de mercado global se encarregará de fazer singrar. Agora é o momento de prometer cidade para os cidadãos da cidade e converter ameaças em oportunidades.

Se o turismo torna escassa a oferta de casas para arrendar como responde autarca que se preocupa?

Se o turismo desemprega o lojista tradicional como se evitam ruturas e se criam novas profissões?

Se o turismo nos rouba a nossa centralidade como repomos a nossa dignidade de vimaranenses?

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