A LUTA SILENCIOSA NO INTERIOR DO PS

Por Esser Jorge Silva Sociólogo

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Por Esser Jorge SilvaHá já alguns anos que um popular militante do PS, residente em Fermentões, organiza um encontro local no qual, após uma jogataina de futebol de salão, se segue um reforçado almoço. É um encontro fraterno que toca apenas a uns poucos – mas bons – socialistas. Foi pensado para comemorar o 25 de abril. Este ano, o Presidente da Câmara Domingos Bragança resolveu marcar presença. A seguir, num repente, a concelhia do Partido Socialista decidiu chamar a si a organização do quadro comemorativo inventado pelo anónimo militante, defenestrando-o. Deste modo, saltou para a dupla taipense Luís Soares e Ricardo Costa tomando o lugar da fotografia. Alguma distração encontrará aqui um reforço fraterno da causa socialista em comemoração do dia “inicial inteiro e limpo” como escreveu Sophia. Na realidade trata-se de uma espécie de marcação com o objetivo de impedir que grandes aglomerados de pessoas fiquem associados a Domingos Bragança. E que fiquem associados à capacidade mobilizadora do Partido. Confuso? É continuar a ler!

É sabido que o poder real da política vimaranense está nas mãos de Domingos Bragança. A sua expressiva vitória eleitoral anulou pretensões que se haviam constituído no interior do Partido Socialista. Nesta contenda surda, Luís Soares tornou-se líder concelhio acordando a desistência de Costa e Silva em enfrentá-lo. No mesmo acordo Soares assumira apoiar uma terceira candidatura de Domingos Bragança em 2021. Mas a clara vitória de Bragança, conseguida numa quase solidão, alterou os secretos desejos alicerçados numa perspetiva futura da sua não candidatura. Desta não candidatura estava expectante Ricardo Costa, o taipense vereador das Finanças da Câmara Municipal que porfiava a sucessão de Bragança já em 2021. Os sinais de que Bragança prepara-se para levar a sua obra até um terceiro mandato tem criado uma silenciosa crispação nas relações de poder entre o Partido e Câmara Municipal.

Há vários sinais, de lado a lado, a mostrar como as coisas não estão pacíficas. Por seu lado Luís Soares admitiu, em círculos de confiança, haver um acordo “passado” mas que não responsabilizava a próxima Comissão Política. Sobre tal confissão Bragança já fez saber que não acordou nada e que não está submetido a ninguém. Os sinais são assim de um claro alinhamento de posições para as próximas eleições concelhias onde o eixo das Taipas conta apostar todas as fichas para manter a posição e poder dominando o Partido. O problema é que tem sido claro as movimentações à volta de Vitor Oliveira. Vários presidentes de junta desalinhados com o eixo das Taipas têm manifestado o seu apoio ao Chefe de Gabinete de Domingos Bragança. E, este tem visto com bons olhos o passo em frente de Vitor Oliveira. Além do seu progenitor, militante histórico e ex-vereador da Câmara de Guimarães, Alberto Oliveira, Oliveira conta também com o apoio de José Castro Antunes, Presidente da Junta de Freguesia de Azurém.

Estas movimentações da entourage de Bragança levaram o seu putativo sucessor a sentir o seu momento cada vez mais longe. Ricardo Costa já terá manifestado aos seus apoiantes no interior do partido que não está disposto a esperar até 2025 para se candidatar. Os seus sinais coincidem com a ideia de rutura através do Partido. Segundo pessoas próximas, Paulo Renato, líder do eixo do PS da zona Sul – Lordelo, Moreira e Gandarela – e assessor de Ricardo Costa, não só mostrou moderação como aconselhou ponderação para as consequências de ações radicais.

Certo é que, numa clara demonstração de desafio, o vereador Ricardo Costa não entra no gabinete de Domingos Bragança há mais de três meses. Esta atitude não tem passado despercebida a muitos militantes históricos do PS que vêm em Ricardo Costa uma repetição das relações de Francisco Teixeira há anos com António Magalhães. A diferença é que não está no estilo de Bragança forçar a saída do vereador das Finanças.

Mas são estes mesmos militantes do Partido Socialista que advertem para uma surpresa nos próximos tempos. Essa surpresa poderá ser a candidatura do próprio Domingos Bragança à liderança do Partido Socialista, cenário que até agora não tinha sido imaginada por nenhum dos atores. Se tal acontecer, significa que o Presidente da Câmara colocará todo o seu capital eleitoral num dos pratos da balança do PS, assim alterando todas as relações de poder e obrigando os mais radicais e desesperados a decidirem de que lado estão. Um decano observador destes fenómenos de movimentação política, funcionário da Câmara Municipal de Guimarães, não tem dúvidas: como sempre aconteceu, no momento certo as pessoas do PS unem-se para preservar o poder.

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