A magia de um céu cheio de estrelas
Há oito anos que Miguel Ventura dedica grande parte da sua vida à astrofotografia.
Há oito anos que Miguel Ventura dedica grande parte da sua vida à astrofotografia. Em entrevista ao Mais Guimarães, conta-nos um pouco mais sobre o seu fascínio pelas estrelas e que projetos reserva o futuro.
Como nasceu a paixão pela fotografia?
A fotografia foi algo que foi surgindo ali mais pelo secundário, onde já ia visitando algumas exposições que iam surgindo em alguns espaços culturais de Coimbra. Depois a vontade de aprender, de registar momentos, de aprender a fazê-lo com mais competência foi crescendo, mas na altura havia propinas para pagar. Só mais tarde, no terceiro ano de faculdade, que esta vontade de materializou, altura em que acabei mesmo por comprar a minha primeira máquina, uma Canon 350D.
De que forma surge a astrofotografia na sua vida?
Alguns anos mais tarde, já a viver em Guimarães, descobri que se podem tirar fotos ao céu noturno de forma que não imaginava. Fiquei tão fascinado que exclamei para mim mesmo: É isto que quero fotografar!
Então lancei-me nesta aventura, que, como tudo, envolve uma curva de aprendizagem que muitos pensam que termina a um certo ponto, mas não é bem assim. Aliás, abordo sempre os meus workshops como uma partilha de experiências e digo sempre não há fotografias perfeitas. Há sempre algo a melhorar e a aprender (principalmente com aquela fotografia que não saiu tão bem). Isto é, existem sempre processos a aprender, e principalmente a consolidar. Tem sido, até hoje, um percurso entre noites pouco dormidas, alguns milhares de quilómetros entre a magia que um céu cheio de estrelas nos oferece.
Nestes oito anos de carreira, que momento destaca?
Destacava não um momento só, mas todo este ano. Foi um ano muito desafiante, quer pelo que consegui fotografar, mas também pela Countingstars, que teve este ano bastantes eventos. Isso levou-me a aprender e a reaprender muitas coisas e conceitos, bem como compreende-los melhor para os transmitir às pessoas que participaram nos eventos da CountingStars.
Enquanto fotógrafo, o que é que gostaria de ter captado que ainda não teve oportunidade?
Bem, tenho um mealheiro lá em casa para uma viagem ao deserto do Atacama no Chile. O meu sonho é fotografar lá e conhecer aquele céu, que é uma coisa tremenda, para além das auroras boreais, que também quero observar e fotografar.
Considera que tem havido um crescente interesse nestes fenómenos?
Sim, cada vez mais a astronomia entra-nos casa dentro, pois surgem cada vez mais noticias e artigos dedicados tanto a uma simples chuva de estrelas, cometas e supérfluas, como também às próprias descobertas e viagens espaciais. Surgem-nos em maior número e em grande destaque, o que é muito bom porque temos de ver o céu noturno como algo a preservar e, principalmente, algo que temos o direito a observar. Seria bom que com este mediatismo se fizesse algo mais para mitigar a poluição luminosa, que não só impede que observemos o céu como merecíamos, mas também é nefasto para nós próprios.
A partilha de experiências tem decorrido através de workshops. Como tem sido a adesão? Que aprendizagens são transmitidas?
Estão a correr muito bem. Regra geral consigo ter bastante gente nestes workshops. Dou o exemplo do último que fiz na Lousã, onde juntei 10 pessoas, todas com muito interesse e vontade de aprender.
O que tento transmitir nestes workshops é que a curva de aprendizagem não se faz por atalhos e que a astrofotografia é exigente, mas bastante recompensadora. É bastante técnica, exige muito planeamento e muita sorte, na maior parte das vezes com a meteorologia.
A CountingStars apresenta um serviço pioneiro no Norte. Que projeto é este?
A CountingStars surge no contexto de crescimento que o interesse à volta do espaço e do céu noturno tem verificado nos últimos anos. Nas últimas décadas perdeu-se muito do contacto com o céu, muito em virtude de, nos grandes centros urbanos, poucas estrelas podermos observar, o que levou a um afastamento entre as pessoas e o céu noturno, algo que se calhar tinham na sua infância… É isso que a CountingStars quer trazer de volta, para além de sensibilizar para a necessidade de preservar esse mesmo céu.
A nossa missão é mesmo essa, proporcionar experiências originais e diferenciadoras, como uma prova de vinhos à luz das estrelas, entre outras. Trabalhamos para que esse contacto e ligação sejam repostas e que as pessoas recuperem esse fascínio que tinham enquanto crianças pelas constelações, estrelas cometas e afins.
Que projetos estão reservados para o futuro?
Para o dia 01 de outubro encontro-me a organizar a segunda edição do “Não Há só Estrelas no Céu”.
Este evento é integrado nas 100 horas de Astronomia, que é celebrado internacionalmente. À semelhança do ano passado, queremos por Portugal a observar o céu noturno em simultâneo. Se no ano passado contamos com oito localidades e até fomos premiados por termos sido uma das dez melhores iniciativas mundiais, este ano vamos aumentar o número das localidades, transmitindo a beleza do que é o espaço e o céu noturno a mais pessoas.
Além disto, está em preparação um workshop mais virado para a componente de edição e pós processamento de imagem, além de outros workshops na zona do Gerês para 2023.
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