A Política das Contas Positivas no Vitória Sport Clube
Na última Assembleia Geral do Vitória Sport Clube, realizada na passada sexta-feira, o tema que mais perplexidade me suscitou foi a motivação para a decisão de não apresentar o Relatório Semestral de Gestão em março último.
A direção justificou esta decisão com o argumento de que a divulgação de contas negativas poderia desvalorizar os ativos do clube e gerar instabilidade interna, prejudicando os resultados desportivos.
Esta opção foi tomada em conjunto com o Conselho Fiscal, numa clara violação da promessa eleitoral de transparência.
Esta situação levanta uma série de questões importantes. Em primeiro lugar, não é aceitável que a direção escolha omitir informações relevantes dos sócios, especialmente quando estas são desfavoráveis.
A transparência não deve ser um instrumento de conveniência usado apenas quando os resultados são positivos. O argumento de que a divulgação de contas negativas poderia ser prejudicial ao clube não convence, pois não estamos livres de que o mesmo aconteça na execução anual do exercício. Nesse caso, o que seria feito da
Assembleia Geral de outubro?
A falta de transparência aqui demonstrada pela atual Direção, liderada por António Miguel Cardoso, é alarmante e coloca em risco a confiança dos sócios.
As empresas cotadas em bolsa – como algumas SAD´s nossas concorrentes – enfrentam um escrutínio contínuo, prestando contas trimestralmente aos investidores e ao público.
O Vitória não deveria temer a transparência. A verdadeira força de uma organização está na sua capacidade de enfrentar as dificuldades de frente, com honestidade e clareza. A ocultação de informações só gera desconfiança e enfraquece a relação entre a direção e os sócios, como o próprio historial do Vitória Sport Clube o comprova. É absolutamente paradoxal pedir compreensão aos associados perante o absurdo das transferências de Dani e André Silva com base numa situação financeira que nos é deliberadamente ocultada!
Outro tópico preocupante é a situação financeira do clube/SAD, que está atualmente sob uma pena suspensa da UEFA. Fechar as contas com um resultado negativo pode ter consequências graves para o processo de licenciamento para as competições europeias da época 25/26. Se o Vitória for excluído dessas competições, a recuperação financeira tornar-se-á ainda mais difícil. É essencial que a Direção seja transparente sobre a real situação financeira e os planos para o futuro e trilhe este caminho junto dos associados.
Para concluir, é imperativo que a direção do Vitória Sport Clube compreenda que a união e o empenho dos sócios exigem respeito mútuo. Este respeito é demonstrado através de uma comunicação honesta e transparente, independentemente das circunstâncias. As campanhas de marketing e os posts nas redes sociais não substituem a necessidade de uma gestão clara e responsável.
Gostaria também de deixar uma palavra de apreço ao André André e à capitã da equipa de voleibol feminino, Maria Carlos, que recentemente deixaram o clube. Ambos mostraram um grande profissionalismo e dedicação ao longo dos anos, deixando um legado que será sempre lembrado.
Aos sócios que participaram na Assembleia Geral, o meu reconhecimento pela sua postura cívica e pela defesa dos interesses do clube. A força do Vitória está na paixão e na dedicação dos seus adeptos.
Viva o Vitória!
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