A saudável irreverência das Nicolinas

Enquanto em Guimarães houver um estudante com força para tocar, com alma, num zabumba, a festa viverá, altiva e triunfante, e ninguém poderá acompanhá-la à tumba! Pregão de 1905, de João de Meira.

© Eliseu Sampaio

Quando sai esta edição do Mais Guimarães, 06 de dezembro, é dia de S. Nicolau, padroeirro dos estudantes e motivo para as festas nicolinas, assim batizadas por João de Meira no início do século 19.Pelo que se sabe, estas festas realizam-se há, pelo menos, três séculos na cidade-berço.

Com características mais pagãs que cristãs, envolvem e enriquecem os estudantes vimaranenses em números muito diversos. São também exemplo de resistência, como a que aconteceu há oito décadas e que vale a pena lembrar.

Em 1943, os estudantes do Liceu de Guimarães foram impedidos pelo diretor da escola de realizarem a eleição da Comissão nas instalações do estabelecimento de ensino. O impedimento incluía também a intenção de ingerir na determinação dos membros da Comissão desse ano, que deveriam ser sufragados e aprovados pela direção da escola.

Não concordando com tal procedimento, os alunos ter-se-ão dirigido para casa da Sra. Aninhas, também agora conhecida por mãe dos estudantes de Guimarães. Por serem em grande número para casa tão pequena, e tendo natural dificuldade em realizar ali a eleição, colocaram-se de novo ao caminho na direção do tanque do Carmo, o Chafariz do Toural, tendo aí eleito a Comissão de 1943, fugindo ao crivo do Estado Novo à doutrina da Mocidade Portuguesa.

José Luís Xavier Fernandes é ainda vivo e foi eleito 1º secretário naquela altura.

Aí está um exemplo da irreverência que se espera dos nossos jovens, característica em que estão imbuídas as festas nicolinas e que esperamos nunca se perca.

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