O frio chegou e trouxe consigo as caixas e os bombos afinados. Está na hora. É novembro e os sábados têm outro sabor. O som das caixas e dos bombos já se ouve pela cidade. Já cheira a novembro e chegam, assim, as peles rasgadas, os brindes e as amizades que nas Nicolinas se criam.

O dia 29 está a chegar e a cidade vive o nervoso miudinho de quem vai regressar à escola. Prepara-se a noite mais longa – e fria – do ano, a noite que Guimarães não dorme. Afinal, por muito que o tempo passe, novembro é sempre sinónimo de voltar a casa.

Depois de um ano que veio provar que “as tradições também se adaptam aos tempos, e os Nicolinos são mestres a improvisar”, os vimaranenses esperam retomar à normalidade. Numa noite que pede abraços, entre mais ou menos garrafas vazias, do Cano ao Campo da Feira, milhares seguirão ao som de caixas e bombos.

Erguido o Pinheiro, as festas começam.

A 3 de dezembro, os protagonistas são os Velhos Nicolinos. É dia de Danças de S. Nicolau, a noite chega e a barriga dói de tanto rir.

No domingo, é dia de acordar cedo. A Missa de S. Nicolau marca o arranque de um dia repleto. À tarde, a Comissão recebe o Dízimo de Urgezes, na junta de freguesia. “Venha a posse! Venha a posse!”. É este o som que fica na cabeça e se repete pela noite dentro. E a posse não vem à primeira nem à segunda insistência. Às vezes, nem à terceira. Os estudantes sobem paredes, alcançam varandas e janelas e a posse lá acaba por descer. No final, um magusto. E que bem que saberá depois de pisar as ruas da cidade a correr.

“Dia de Pregão – dia sem igual -“. É dia 5 de dezembro e a cidade acorda ansiosa com a dúvida sobre quem será o pregoeiro. Com saída do Campo da Feira, o texto satírico-retórico é recitado, de modo entusiasta, por um estudante em vários pontos da cidade, a Câmara Municipal, o Liceu de Guimarães, na Senhora Aninhas, na Torre dos Almadas e no Toural.

Dia de São Nicolau é dia de celebrar o amor. Rapazes entregam maçãzinhas às meninas que os esperam nas janelas do coração da cidade. Quem será o par para o Baile da Saudade?

Em 2022, a Academia prometeu “que há Festas de vinte e nove a sete”. Cumpriu. Que a história se repita. Por muitos anos. Com mais ou menos brindes. Que Guimarães seja sempre berço e casa. Aproxima-se a semana que nos faz querer sempre mais.

No ano passado, Guimarães acordou com um boi no Toural. O que nos trarão as Roubalheiras em 2022?