Al’Fado: A cultura sefardita e portuguesa unem-se em palco

Diogo Carvalho, percussionista da banda, esteve à conversa com o Mais Guimarães e abriu o livro das histórias.

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A banda Al’Fado, um ensemble musical que mistura duas culturas – a cultura sefardita e a cultura portuguesa -, atua esta sexta-feira, dia 24 de fevereiro, no Centro Comunitário de S. Torcato. Na voz e clarinete, Gal Tamir, no baixo, Avishay Back, na guitarra, João Roque, e na percussão e melódica, Diogo Melo de Carvalho.

Diogo Carvalho, percussionista da banda, esteve à conversa com o Mais Guimarães e abriu o livro das histórias.

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No que à cultura sefardita diz respeito, explicou Diogo Carvalho, os Al’Fado trazem o cancioneiro tradicional dos judeus sefarditas, maioritariamente cantado na língua ladina, que era usada pelos judeus sefarditas na península ibérica. Por outro lado, a cultura portuguesa está representada através do fado.

Juntaram-se em 2016 e, sendo um grupo metade israelita metade português, “fez sentido criar esta fusão musical e temática”. Recordando esse ano, o percussionista contou que “começou por ser um trabalho de recolha e trabalho musical a nível de arranjo”, mas que sempre houve “o objetivo de juntar o ladino com o fado”.

Como trabalham cancioneiros, é material que já foi tocado por outros artistas, noutras décadas, e havia algum material para se inspirarem. “Algumas canções não tinham nenhuma gravação moderna, outras tinham gravações muito rudimentares, do início do século passado em que a qualidade do som é muito má”, lembra.

Um repertório com já várias centenas de anos. “São cantigas cantadas de geração em geração, de avós para netos”, explica ao falar do cancioneiro ladino. Há algumas obras mais recentes, mas os “cantautores ladinos não têm muita expressão e são muito pouco os vivos”, lamenta. O tema mais recente é uma obra de uma autora do século XX. Já os fados, apesar de também serem do século XX, alguns autores ainda estão vivos.

Em 2018, começaram a tocar ao vivo e começaram logo no estrangeiro, “porque a comunidade judaica é uma comunidade que está espalhada por todo o mundo”, justificou Diogo Carvalho que acredita que este é “um produto de nicho e muito relevante para esta comunidade”.

É uma mistura de duas culturas que viveram no mesmo espaço físico, mas há mais. Também a nível temático, destaca o músico, são culturas “semelhantes. Tem a ver com a saudade, o sofrimento, as viagens, os desgostos de amor… Estes temas existem tanto no cancioneiro ladino sefardita como no cancioneiro do fado”.

“As diferentes canções, tanto de fado como sefarditas, falam recorrentemente dos mesmos temas e questões. Baseiam-se nos domínios da família – onde cabe o amor, a partida, a dor da despedida, a viagem, a saudade,… -, e das histórias relacionadas com o mar – relacionado com água e o seu significado como elemento de limpeza, de transformação, purificação do ser”, exemplifica Diogo Carvalho.

“O nosso público divide-se em dois”

Por norma, o público dos concertos dos Al’Fado apresenta duas realidades distintas. Por um lado, há quem se relacione com o cancioneiro, “seja o alfacinha porque conhece o fado ou o descendente de judeus sefarditas que ouvia a avó cantar estas canções na noite de sábado”. Por outro lado, qualquer pessoa pode apreciar este tipo de repertório.

O primeiro grupo, relata o artista, “emociona-se muito porque são canções que trazem memórias e significados”. Em Israel, sobretudo, porque é a casa desta cultura, muitas vezes acontece começarem a tocar e no primeiro refrão já há pessoas a cantar, “porque era a cantiga que a avó lhes cantava para adormecer”. Mas sobre as pessoas que ouvem os Al’Fado pela primeira vez, a receção tem sido “muito boa também”, acredita.

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