Alunos embrulhados em cobertores para aguentar o frio na EB 2,3 de Creixomil

A Associação de Pais fez um inquérito para saber quais eram as melhorias que os alunos mais desejavam e os pedidos por um sistema de aquecimento foram esmagadores.

© Rui Dias / Mais Guimarães

A Escola EB 2,3 D. Afonso Henriques, em Creixomil, foi construída em 1982 e, desde essa data, nunca teve uma intervenção de fundo. Os alunos passam frio, não têm espaços para se abrigarem da chuva nos intervalos e, os mais velhos, veem-se obrigados a encaixar as pernas em mesas e cadeiras concebidos para crianças do 5º e 6º ano.

A Associação de Pais quis colocar tudo isto em evidência e para isso deu a palavra aos alunos, num inquérito que foi respondido por quase 400 estudantes, em que 60% se queixou do frio. Esta segunda-feira, os resultados foram partilhados com a vice-presidente da Câmara e vereadora com responsabilidades na área da Educação, Adelina Paula Pinto.

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“As crianças foram convidadas a responder sem nenhum condicionamento. Poderíamos pensar que um campo de relva sintética ou outro equipamento de lazer iria ser o desejo dos alunos mas, claramente o que os preocupa mais é a falta de condições”, aponta Bruno Silva, presidente da Associação de Pais. Este responsável que, tal como os seus colegas de direção, Cláudia Ferreira e Rui Sousa, foi aluno na D. Afonso Henriques, “há muitos anos”, ficou admirado quando verificou que nada tinha mudado desde o tempo em que ali estudou.

Rui Sousa frequentou a escola em 1984 e afirma que “até o cheiro é o mesmo”. Todos concordam que a escola está implantada numa zona muito agradável, com amplos espaços verdes, “tem muito bom ambiente e um bom corpo docente”, mas não tem condições físicas.

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Marisa Pereira, tesoureira da Associação de Pais, frisa que a escola foi criada para alunos de 5º e 6º ano (eram as chamadas escolas preparatórias) “e quando passou a ter alunos até ao 9º ano, manteve o mesmo mobiliário”. O resultado é que os alunos de 14/15 anos, do último ano do 3º ciclo, não cabem nas mesas e nas cadeiras.

“A nossa escola tem sido deixada para trás”

Mas o pior é o frio, durante o inverno. “É mesmo gelado nas salas de aula. Ninguém tira o casaco durante as aulas e alguns usam como estratégia vestir várias camisolas, umas por cima das outras”, relata Rodrigo Ribeiro, de 14 anos, aluno do 9º ano. “A nossa escola tem sido deixada para trás. A minha mãe é professora no Salgueiral e lá as condições são melhores, até campo de relva sintética têm. Aqui temos uma campo de jogos em alcatrão, com o piso irregular”, acrescenta.

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Rodrigo também se queixa, como 32% dos seus colegas que responderam ao inquérito da Associação de Pais, da falta de espaços cobertos. “Quando está muito frio ou a chover, vamos para dentro dos blocos, para perto das auxiliares, onde normalmente há um aquecedor”, conta.

“O problema” – aponta Inês Ferreira, aluna do 8º ano, com 14 anos – “é que os funcionários não nos querem nos blocos durante os intervalos, não é permitido”. A grande maioria das suas colegas veste várias camadas de camisolas para aguentar o frio, mas há mesmo quem vista dois casacos e “há quem traga mantas para se embrulhar”.

 

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Mesmo estas estratégias dependem da boa vontade dos professores, “porque alguns não deixam”, explica a aluna. Rui Sousa confirma que o filho já lhe pediu para levar uma manta e até luvas, embora tenha oferecido resistência por achar que não é a indumentária mais adequada para se estar nas aulas, admite que o deixa vestir dois casacos. Inês também reclama da falta de condições para fazer Educação Física

“Chove em alguns pontos do pavilhão. Como se juntam várias turmas a fazer aulas ao mesmo tempo, se não podemos usar uma parte do piso, por estar encharcado, não podemos fazer a aula”, queixa-se.

Quadro não aguenta os aquecedores

Segundo a professora Maria da Graça Teibão, membro da direção da escola há 22 anos, “o problema é que o edifício tem 42 anos e nunca teve obras de fundo”. A caixilharia é muito antiga e o edifício está mal isolado. “Nós até temos uns aquecedores dados pelo Município, contudo, não os podemos ligar todos ao mesmo tempo porque o quadro elétrico não aguenta.

Além disso, o calor perde-se por falta de isolamento. A escola tem problemas térmicos, o problema só é maior com o frio porque se prolonga por mais tempo, mas no verão também é muito quente, acontece que em junho as aulas acabam”, refere a diretora.
Inês Ferreira confirma que “às vezes é preciso fazer leques de papel” para aguentar o calor dentro de salas expostas ao sol sem estores ou com os estores avariados.

© Rui Dias / Mais Guimarães

A vereadora da Educação, Adelina Paula Pinto, convidada pela Associação de Pais para se inteirar dos pedidos dos alunos, revelou sensibilidade para o problema da EB 2,3 D. Afonso Henriques. “Esta escola não foi incluída no protocolo entre a ANP e o Governo. Só entraram três escolas por Município, no nosso caso a Santos Simões, Pevidém e São Torcato. Teria sido impossível incluir uma quarta, até porque outros municípios também queriam”, esclareceu a vereadora.

O objetivo passa por inventariar as obras mais prioritárias e fazer essas, “já que não temos a capacidade para fazer uma reabilitação completa”, afirmou. Adelina Paula Pinto diz que não perdeu a esperança de ainda inscrever a intervenção nesta escola no PRR. “Uma vez que os projetos são muitos complexos e onerosos”, a vereadora acredita que alguns municípios poderão não conseguir cumprir com a data limite para as candidaturas – até dia 31 de março – o que deixaria verbas disponíveis. “Nós estamos atentos e prontos para apresentar uma candidatura”, garantiu.

Depois da reunião com a vereadora, Bruno Silva ficou na expectativa de que algumas intervenções, como o aumento da zona coberta e a substituição da caixilharia, possam avançar brevemente, enquanto se aguarda por uma solução de fundo.

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