ANDRÉ COELHO LIMA: “NUNCA DEIXEI DE ESTAR PRONTO PARA A LUTA POLÍTICA EM GUIMARÃES”

A entrevista de André Coelho Lima ao Mais Guimarães.

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André Coelho Lima, deputado do PSD na Assembleia da República e vice-presidente do partido, vereador na Câmara Municipal de Guimarães, em entrevista ao Mais Plural. A entrevista está disponível na íntegra no Facebook e no canal do YouTube do Mais Guimarães.

© João Bastos/ Mais Guimarães

Mais Guimarães (MG): Foi eleito recentemente vice-presidente do PSD, o primeiro vimaranense a ser eleito para esse cargo. Em que medida poderá Guimarães beneficiar em tê-lo nessa posição?

André Coelho Lima (ACL): Sem qualquer imodéstia naquilo que vou dizer, uma das coisas que mais prazer me dá no que estou a fazer a nível nacional é poder imaginar que um qualquer dos meus conterrâneos, qualquer vimaranense, se possa rever no que estou a fazer, independentemente de ser do meu partido ou de outros partidos. Eu gosto de me ver em todo o lado em que estou como vimaranense e gostava muito que os vimaranenses vissem da mesma forma. O que Guimarães pode ganhar não faço ideia. Se calhar, imagino que pouco. Modestamente imagino que pouco.

MG: Nas circunstâncias atuais…

ACL: Aquilo que eu queria era que, de certa forma, as pessoas aqui de Guimarães, que são exatamente como eu, pudessem sentir-se felizes pelo facto de eu poder estar na posição que estou hoje. Não é muito comum. No PSD de Guimarães, é a primeira vez que há um vice-presidente. Já houve vários membros de comissões políticas nacionais, mas vice-presidentes não. Isso deixa-me moderadamente satisfeito. Fiquei muito mais satisfeito com a satisfação das pessoas de Guimarães. Dá-me prazer dizer toda a gente que sou de Guimarães e, de alguma forma, levar Guimarães comigo.


MG: A aprovação da despenalização da eutanásia impunha-se neste momento. Foi uma questão devidamente esclarecida e debatida? Como viu esse processo?

ACL: Podemos usar esse argumento de que as questões nunca são devidamente debatidas. Porque há sempre alguém que não está devidamente esclarecida. Se fizermos um referendo vão dizer se calhar uma coisa idêntica. A eutanásia foi a votação na Assembleia da República em 2018 e foi reprovada. Os partidos que então submeteram os respetivos projetos de lei e foram derrotados disseram, desde logo, que o iam apresentar novamente num novo mandato legislativo. Foi o que fizeram. A proposta do Bloco de Esquerda é a mesma do 25 de outubro, ou seja, o primeiro dia desta legislatura é quando o Bloco de Esquerda dá entrada ao seu projeto de lei da despenalização da Eutanásia. O debate que agora ocorreu também há dois anos. É um debate relativamente presente na sociedade portuguesa. Se é suficiente? É sempre insuficiente e devemos estar sempre disponíveis para que se possa debater mais. Mas parece-me que é melhor por ao contrário: é importante mais debate do que dizer que o debate que existiu foi insuficiente. Apesar de parecerem o contrário uma da outra, não são. Que é importante mais debate sou capaz de concordar. Agora que o debate que existiu foi insuficiente sou capaz de não concordar.
Repare que só se debateu a questão do referendo em cima da votação na Assembleia da República e não faz sentido. Acho que, quem é a favor do referendo deveria logo, há dois anos atrás, quando foi rejeitada a despenalização da eutanásia, deveria ter proposto logo referendo. À boa maneira portuguesa, quando começou a sair nos jornais que a eutanásia ia novamente a votação é que se começou a discutir o referendo. Não devia ter sido assim. Houve estes dois anos para quem naturalmente é contra a despenalização pudesse ter promovido esse referendo e assegurado essa iniciativa. Se é para deixar o povo falar, não é só deixar o povo falar quando a decisão da Assembleia é noutro sentido. É deixar o povo falar independentemente da decisão. Parece que a questão surgiu por se antever que, desta vez, a questão seria aprovada.

© João Bastos/ Mais Guimarães

MG: Com todas estas responsabilidades a nível nacional, ainda esta disponível para a luta política em Guimarães?

ACL: Eu nunca deixei de estar disponível para a luta política em Guimarães. Como é capaz de se recordar, quando fui eleito deputado pedi logo que, se o presidente de Câmara permitisse, as reuniões de Câmara fossem alteradas para segunda-feira. Se as reuniões continuassem à quinta-feira, seria praticamente impossível vir, principalmente porque gostaria de continuar a ser vereador em Guimarães. A minha terra sempre foi a minha grande motivação. Continua a ser. Gosto de estar disponível com a humildade de sempre, mas nem sempre com a mesma disponibilidade. Não é possível fazer 30 coisas ao mesmo tempo. É uma questão óbvia e objetiva, mas pelo menos com a mesma dedicação. Vivo aqui, é aqui que tenho a minha família e gosto naturalmente de estar ligado.

MG: Foi o principal rosto da oposição em Guimarães. Está disponível para ser candidato em 2021?

ACL: Fui o principal rosto da oposição em Guimarães em 2013 e em 2017. Agora o PSD tem uma nova liderança e uma nova comissão política. Bruno Fernandes é o líder do PSD de Guimarães, é o protagonista do PSD de Guimarães e é o rosto da oposição em Guimarães. É um autarca com provas dadas. É, devo dizer, um grande amigo. Estas coisas, parecendo irrelevantes, não são irrelevantes porque, às vezes, os grandes objetivos conseguem-se com as grandes ligações. É uma pessoa que esteve sempre comigo no percurso que fiz, o que significa que o percurso é o mesmo. Naturalmente que o PSD tem os seus órgãos e os seus órgãos é que terão que debater as questões que devem debater.

MG: Relativamente as próximas autárquicas, falamos também dos candidatos as Juntas de Freguesia. Nas últimas eleições, alguns candidatos apoiados pela coligação Juntos por Guimarães acabaram por ser apoiados pelo PS nas respetivas freguesias. Temem que isso possa acontecer?

ACL: Em 80% das freguesias onde vencemos a Junta, também vencemos para a Câmara. E onde o perdemos, o mesmo sucedeu. E o mesmo com o PS, naturalmente. De facto, num concelho tão disperso como o nosso, que é dos concelhos mais dispersos do país, e o segundo concelho com mais freguesias de todo o pais, a seguir a Barcelos. É o único concelho do país com nove vilas. É quase uma raridade. O PS sabe que a conquista de um presidente de Junta faz com que a votação para a Câmara ir de uma ponta para outra ponta. Isso é do mais feio que temos em política. Nem sei se é aliciamento. É feio de todos os lados. Acho que foi o Luís Soares que disse isso: foram as pessoas que vieram não fomos nós…

© João Bastos/ Mais Guimarães

MG: O Luís Soares tem dúvidas se é o Presidente de Câmara que alicia ou os presidentes de Junta se é ao contrário…

ACL: Já desde há muitos anos que não oiço as histórias da carochinha. Houve um impacto claro na eleição autárquica, tenho que o dizer com toda a abertura. Isso é do pior que tem a política em todas as dimensões. Vamos admitir, em teoria, que em todo o momento é possível haver uma alteração de posições, pessoas que mudam de um partido para outro, movimentos que acontecem e que são pouco frequentes, mas acontecem. Se for no âmbito da liberdade ideológica e intelectual de cada um, só temos que respeitar como é evidente. Não é o caso. Quando vêm para os jornais falar em obras e proferir frases dessa natureza como “Eu faço isto a pensar no povo da minha terra”. É dizer que, se eu fizer isto, o povo da minha terra tem mais investimento. Isso é muito mau. É do pior que a política tem. Independentemente dos impactos no resultado eleitoral final, é mau. É mau algumas dessas pessoas dizerem-nos “nem pensar, nunca na vida” e, de um momento para o outro, aquilo que era “nem pensar” acontece. Depois, mexe com circunstâncias de caráter que são más demais para eu sobre elas me prenunciar. Depois, a história acabar por julgar. A vida de cada um acabará por julgar. Às vezes fazemos coisas que nos dão muito jeito numa determinada altura, mas fica ali uma marca do nosso caráter para toda a gente a poder ver.

MG: Quanto ao PSD em Guimarães, estão saradas as divergências perante as eleições de Rui Rio e Montenegro?

ACL: As divergências são as que surgem naturalmente sempre que existem naturalmente sempre que existem dois candidatos. a vida houve candidaturas à presidência do PSD e toda a vida o PSD de Guimarães se dividiu. Toda. Uns apoiam o A, outros o B. O que aconteceu foi o normal.

MG: O PSD está unido em Guimarães?

ACL: Isso é uma pergunta a fazer ao presidente do PSD. Não vejo nenhuma razão para que o PSD não esteja unido e não vejo nenhuma manifestação dessa desunião.

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