por MANUELA SOFIA FERREIRA

Economista 

Grande maioria das catástrofes financeiras familiares acontecem pela falta de organização no orçamento que o desorienta completamente e faz com que perca a noção de como andam as suas contas. O desconhecimento do património familiar, impede a tomada de boas decisões e as consequências impactam diretamente o rendimento familiar.

Ano novo, vida nova, certo? Então estamos na altura ideal para colocar todas as contas na ponta do lápis e começar a organizar a vida financeira em cinco passos.

O primeiro passo é conhecer o real custo do seu padrão de vida. Como faz? Calculando todas as contas, água, luz, alimentação; todas as despesas diárias como aquele café ao meio da manhã que o mantém acordado ou a garrafa de água que compra todos os dias para se hidratar. Todos esses valores fazem parte do calculo seu orçamento familiar. E a regra de ouro é ter um padrão de vida cerca de 30% abaixo dos rendimentos.

O segundo passo é vital para a sobrevivência do equilíbrio das suas finanças, a liquidação das dividas, sejam elas de casa, carro, apartamento, cartão de crédito. Tem de ser exterminadas doa a quem doer. Pense no seguinte, quando encontra uma fruta podre na fruteira o que faz de imediato? Retira a fruta doente o mais rápido possível para não contaminar as outras, o mesmo acontece com as dividas. Devem ser aniquiladas ou amortizadas o quanto antes para não comprometer a estabilidade do seu orçamento. E se tiver mais do que uma prestação para pagar a grande probabilidade, a médio prazo ou face a um imprevisto, é de não conseguir sustentar o seu padrão de vida familiar e entrar em colisão. Nestas circunstâncias quem sofre as consequências das nossas más escolhas são os dependentes a cargo. Tem prestações, aproveite os rendimentos extras para regularizar os pagamentos, ou amortizar as grandes dívidas. Quanto mais depressa se livrar desses encargos fixos mais rendimento disponível terá no futuro e assim já pode investir em bons produtos que lhe acrescentem rendimento em vez de tirar.

O terceiro passo é de extrema importância. Criar o que chamo de carteira financeira. Esta carteira financeira é constituída por um fundo para emergências, um plano para a reforma, e um plano de investimento. Todos os santos meses devem ser retirados uma parte dos rendimentos para constituir a carteira de financeira pois será ela que vai garantir a estabilidade familiar numa situação de aperto.

Quarto passo é criar metas de curto, médio e longo prazo, ou seja, metas que ira alcançar com prazos de até um ano, até cinco anos ou até 10 anos. Este passo é importante pois ao celebrar esse compromisso consigo ajuda a não perder o foco nesse objetivo ou sonho. Por exemplo, supondo que sonha em fazer um curso, em setembro do próximo ano, de Inglês, e que esse curso tem um custo de 400€, quanto dinheiro tem de colocar de lado para alcançar esse valor? O mesmo processo para aquela viagem que tanto adia por falta de dinheiro ou outro bem que deseje. Quanto mais desenvolver e pormenorizar este passo, maior será o seu sucesso. Adianta dizer que casais devem desenvolver as suas metas em conjunto, tanto as metas comuns ao casal como  as metas individuais pois partilham o mesmo orçamento, e também faz com que criem laços mais profundos, mais intimidade dentro do casal.

O quinto e ultimo passo mas não menos importante é investir em educação financeira e graças aos recursos gratuitos disponíveis nos meios de comunicação e internet, é possível adquirir conhecimento para realizar boas escolhas para a sua vida. Investir na nossa educação, melhorar o nosso conhecimento nunca é um investimento perdido. Quanto maior é o conhecimento maior é a liberdade e já deixa de ser facilmente influenciado a consumir determinado bem ou investir num determinado produto que apenas beneficia a instituição em que vai colocar o seu dinheiro conquistado com tanto sacrifício.

Ano novo, contas novas, certo?

Organize-se. Controle o seu dinheiro antes que seja ele que o controle a si.