AOS QUESITOS DIZEM – NADA

CÉSAR MACHADO Advogado

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por CÉSAR MACHADO
Advogado

Quando pensávamos que já tínhamos visto tudo, voltamos a ser surpreendidos pelo elevado sentido de estado do Dr. Passos Coelho e da sua magnífica “entourage”. Então não é que o partido dos verdadeiros patriotas, fiel intérprete do lusitanismo mais vincado, dos defensores de “Olivença é nossa,” dos valores do portuguesismo congénito, do alegado  partido mais português de Portugal, “não capturado pelos ditames de nenhuma internacional partidária”  -“ganda” finta com que procuraram iludir-nos, para esquecer o inicial desgosto de Sá Carneiro na recusa da Internacional Socialista (que incluía os partidos sociais democratas) em acolher o PPD,  dado que já lá estava filiado um partido português, o Partido Socialista,  e depois disso, andou sempre de maço para cabaço nos grupos políticos europeus, ao sabor das qualidades das lideranças internas e que, ultimamente,  mais se encostam à direita retrógrada do que em algum momento da sua história- então não é, voltando à questão,  que este partido se recusa a participar nas cerimónias oficiais do 1º de Dezembro, exactamente a data que marca a nossa Restauração da Independência? Motivação da recusa? – “os moldes em que foi endereçado o convite”, ao que se sabe da posição dada a conhecer.

Mas então, lusitanistas, “patriotistas”, olivencistas, e tudo (!), por um estado de alma, por uma frase que Passos leu e não gostou, por uma birra, coloca-se em causa a celebração da data que marca libertação e recuperação da liberdade da Nação Portuguesa depois do período mais longo de ocupação por um país estrangeiro? O que estará uma boa parte do eleitorado do velho PPD a pensar neste momento? O que dirão os verdadeiros sociais-democratas que ainda há por lá, quando assistem a este triste espectáculo, que isola o seu partido do sentimento geral dos cidadãos, das instituições nacionais, dos partidos portugueses, do Presidente da República (oriundo das suas fileiras), o que pensará o país? Havia um curioso jogo de tabuleiro –uma variante do jodo das damas- em que o objectivo,não era comer as pedras do adversário até à última –versão “corrente”- mas dar a comer as suas, obrigar o outro a ganhar.

Em suma, ganhava quem perdia, isto é, quem mais cedo ficava sem qualquer peça. Chamava-se a isto jogar “damas ao perde ganha”. Por vezes parece que estes cavalheiros andam a jogar ao perde ganha. Fazem por perder. Só pode. Visto de fora, pergunta-se:- de onde saiu esta malta? O que conversam entre eles? O que combinam para fazer estas figuras? O que conjecturam para conseguir surpreender quem cuidava que já tinham batido no fundo? Sabemos pouco.  O que sabemos, porém,  é que, por exemplo em Guimarães, são os mesmos que  manifestam muita simpatia pela valorosa iniciativa da popular associação “Os Vinte Arautos de D. Afonso Henriques”, que todos os anos, e muito apropriadamente, persiste em comemorar o 1º de Dezembro, ininterruptamente e independentemente de uma péssima decisão recente ter acabado com o feriado, agora felizmente reposto. São os mesmos que tomariam Olivença já amanha porque de Viriato  herdaram o arreganho. São os que agitam os valores pátrios a torto e a direito, com arrimo frequente nas nossas tradições mais genuínas porque –vá-se lá saber porquê- se acham ungidos à nascença por um “vimaranensismo” quase exclusivo, um braço local de um “patriotismo” de trazer por casa, quando convêm falar alto, em bicos de pés, mas a  guardar, guardar recatadinho quando fazem da hora um tempo de calar -e calam- e, afinal,não deviam porque há momentos em que se deve falar, protestar,,gritar se fôr precico. Porque aí, o silêncio é tomar parte, é amouchar. Quando sucede esta última –e tem sucedido em tantas ocasiões- é o exposto- “aos quesitos dizem – nada.”

 

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