Inspirada na natureza e na vitalidade do território, a nova marca traduz a relação intrínseca entre o ser humano e o ambiente, reforçando o compromisso de Guimarães como “Uma Cidade de Um Só Planeta”, uma estratégia global que visa reduzir a pegada ecológica e alcançar a neutralidade carbónica até 2030.

O evento contou com a presença de Domingos Bragança, presidente cessante da Câmara Municipal, Ricardo Araújo, presidente eleito no passado dia 12 de outubro e que tomará posse este sábado, 25 de outubro, e Adelina Paula Pinto, vereadora responsável pela candidatura e coordenadora da unidade de missão “Guimarães 2026 – Capital Verde Europeia”.

A cerimónia simbolizou uma passagem de testemunho entre duas gerações políticas, unidas por um mesmo desígnio: consolidar Guimarães como uma cidade que respira futuro e inspira mudança.

Uma marca que liga pessoas e natureza

A identidade visual agora apresentada é, nas palavras dos seus criadores, “um convite à ação e à consciência”. O grafismo circular remete para o planeta e para o ciclo da vida, evocando o ar como elemento vital e limite dos recursos da Terra.

“Guimarães respira e inspira. Inspira quem ousa sonhar, quem acredita que o amanhã depende do agora”, pode ler-se na apresentação da marca.

O conceito “Respira. (Inspira)” nasce do reconhecimento de que a sustentabilidade é, antes de tudo, um ato coletivo. Representa o equilíbrio entre o que se consome e o que se devolve ao planeta, traduzindo-se em políticas municipais e comportamentos quotidianos que moldam um território mais resiliente e saudável.

Ricardo Araújo: “Guimarães vai ser a melhor Capital Verde Europeia e uma referência para as seguintes”

No final da sessão, Ricardo Araújo destacou a importância de continuar o caminho iniciado na última década: “Em primeiro lugar, quero reconhecer o mérito do presidente Domingos Bragança, por ter colocado a sustentabilidade e a defesa do ambiente no centro da agenda política municipal. Essa visão estratégica, que resultou na candidatura e agora nesta distinção, foi essencial para que Guimarães chegasse até aqui”, afirmou o autarca eleito ao Mais Guimarães.

O futuro presidente da Câmara foi claro quanto à ambição para o próximo ano: “Guimarães vai ser a melhor Capital Verde Europeia e uma referência para as seguintes. Queremos que este título se traduza em benefícios reais para quem vive, trabalha e estuda no concelho. Mais do que uma distinção, este é um compromisso com a qualidade de vida e com o desenvolvimento sustentável.”

Para Ricardo Araújo, “é preciso dar continuidade a um trajeto que é de todos. Guimarães será um concelho com futuro se tiver a sustentabilidade no centro da sua ação política.”

Domingos Bragança anuncia novo centro de investigação ambiental

Na reta final do seu discurso, ainda como presidente em funções, Domingos Bragança partilhou um projeto “em fase embrionária”, que poderá tornar-se uma das heranças estruturais da Capital Verde Europeia: a criação de um edifício dedicado à investigação ambiental junto à Universidade do Minho.

“Queremos perpetuar o legado da Capital Verde com uma estrutura física, um centro nacional de ação climática e ambiente, a partir de Guimarães”, revelou Bragança.

O futuro equipamento deverá nascer numa área próxima do campus de Azurém, em terrenos identificados, e pretende acolher projetos de investigação aplicada, inovação empresarial e cooperação científica internacional.

“O objetivo é que este centro se torne uma plataforma de investigação e de políticas públicas na área da ação climática, com impacto nacional e europeu. O Laboratório da Paisagem foi o ponto de partida; este novo centro será o passo seguinte”, referiu.

Segundo o autarca cessante, o município já está em articulação com o Ministério do Ambiente, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e entidades empresariais para garantir financiamento europeu e privado ao projeto.

“Guimarães tem de continuar a ser o espaço onde se pensa e se experimenta a sustentabilidade. Este centro representará a continuidade de um percurso que começou há mais de uma década”, concluiu Bragança.

“Um legado de consciência ambiental”

Na sua intervenção, o ainda presidente refletiu sobre a dimensão simbólica e científica da distinção europeia, destacando que ser Capital Verde “não é um fim, mas um caminho coletivo e exigente”.

“Habitamos um planeta único, e é nossa responsabilidade deixar um legado ambiental melhor do que aquele que herdámos. Guimarães é hoje uma cidade que se reconhece nesse dever”, afirmou.

Bragança recordou o percurso iniciado em 2013, quando o município lançou o programa “Guimarães mais Verde”, que evoluiu para uma estratégia integrada de sustentabilidade, envolvendo escolas, universidades, empresas e cidadãos.

“O reconhecimento europeu é apenas um marco de um processo que não termina em 2026. O nosso desígnio é ser uma cidade de um só planeta, uma cidade que vive em equilíbrio com a Terra e que inspira outras a fazê-lo.”

O autarca sublinhou ainda a importância da educação, da ciência e da cultura como pilares da transformação ecológica, defendendo a necessidade de “construir comportamentos sustentáveis” e “reconfigurar as cidades” para que estas sejam “espaços saudáveis e vivos”.

“Uma cidade sustentável é uma cidade que respira. Significa bem-estar, saúde, qualidade de vida, espaços verdes e mobilidade limpa. Ser Capital Verde Europeia é um desafio de mudança social, económica e cultural”, frisou.

Adelina Paula Pinto: “Foi a comunidade que nos trouxe até aqui”

Responsável pela candidatura e atual vice-presidente do município, Adelina Paula Pinto recordou o longo processo que conduziu Guimarães à conquista do título europeu, iniciado há mais de dez anos.

“Desde 2013 que acreditámos que só chegaríamos onde chegámos com a comunidade. Este é o resultado do envolvimento de escolas, associações, freguesias, brigadas verdes, empresas e cidadãos”, destacou.

A autarca sublinhou que o envolvimento cívico foi determinante para o sucesso da candidatura, uma das mais participadas de sempre a nível europeu: “Aprendemos com as capitais anteriores que, muitas vezes, os cidadãos nem sabiam que viviam numa Capital Verde Europeia. Em Guimarães, quisemos o contrário: que todos sentissem que fazem parte deste caminho. E conseguimos.”

O Conselho da Comunidade, criado para reunir contributos da sociedade civil, recebeu dezenas de propostas de projetos locais de sustentabilidade. Na primeira fase, foram submetidas 73 iniciativas, abrangendo áreas como energia limpa, mobilidade, biodiversidade e economia circular.

“Estas propostas mostram a vitalidade do nosso território. São ideias que nasceram do envolvimento genuíno dos cidadãos e que agora vão ganhar forma no terreno”, explicou.

Adelina Paula Pinto anunciou ainda uma nova “call” pública a lançar no dia 3 de novembro, para acolher novas ideias e projetos comunitários até 2026: “Queremos continuar a inspirar e a ser inspirados. Cada gesto conta. Cada pessoa pode fazer a diferença”, afirmou.

A vereadora concluiu com uma nota simbólica: à saída do auditório, os participantes foram convidados a deixar num postal uma ideia ou sonho para o futuro sustentável de Guimarães. “Como quem planta uma semente”, disse.

Guimarães 26: uma cidade que respira futuro

O evento terminou com o gesto simbólico da entrega do livro da candidatura de Domingos Bragança a Ricardo Araújo, um momento de transição que reflete a continuidade de uma visão comum: fazer de Guimarães uma cidade-modelo de sustentabilidade.

A cerimónia de abertura da Guimarães Capital Verde Europeia 2026 acontece a 09 de janeiro.