De junho a setembro, o edifício dos Banhos Velhos, nas Caldas das Taipas, vai receber concertos, cinema, tertúlias, palestras, teatro, ateliers, visitas guiadas e serviço educativo. São mais de duas dezenas de atividades com entrada livre que fazem parte da programação cultural deste que já é um evento de “referência nacional”.

A apresentação da programação dos Banhos Velhos decorreu, precisamente, no espaço que dá nome ao festival. Um local que se viu privado de receber público e volta, em 2023, a ser o epicentro com a “valorização do património que se estendeu a um patamar que ninguém estava à espera”, como refeiu José Manuel Gomes, diretor de programação Banhos Velhos.

“Não é inocente fazermos a conferência aqui”, explicou lembrando que a última iniciativa que ali aconteceu foi em agosto de 2019. Porém, “a adversidade trouxe oportunidades” e, apesar de a agenda cultural se focar, essencialmente, no antigo Edifício Termal – que faz 125 anos -, o polidesportivo poderá receber algumas atividades e funcionará como “plano B”.

Ciente do “esforço” e do “sacrifício” que uma programação como esta envolve, garante que a procura vem de todo o país, mas não só. “O senhor do hotel vai tendo hóspedes que vêm da Galiza e da França e que perguntam se ele já sabe a agenda”, contou.

O objetivo passa por ter uma agenda que chegue a vários públicos e, apesar de se falar “muito para as Taipas, preocupa muito falar para fora e atrair gente”. Por isso há eventos como as “tertúlias com história”, mas também “artistas de nome nacional que servem de catapulta para outros públicos”.

O turismo anda, assim, de braço dado com a cultura. Sofia Ferreira, presidente da direção da Taipas Turitermas, reconhece que os Banhos Velhos “têm vindo a assumir uma importância crescente, não só a nível local, mas também a nível nacional, e tem vindo a assumir-se como referência de qualidade em termos culturais”. Algo que vê como “fundamental” pois esta oferta “valoriza” Guimarães na questão turística e cultural.

Ao longo destes quatro meses, as atividades convidarão à participação de toda a comunidade e vão ao encontro daquele que é um dos “principais objetivos do município: continuar aposta na cultura, convidar comunidade e estreitar relações entre instituições”.

Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura, acredita que “a programação dos Banhos Velhos é já aguardada com expectativa para lá das margens do território” e, por isso, não tem dúvidas quando se fala em ser uma vantagem para a cultura mas também para o turismo. “Os Banhos Velhos são já uma referência para as Caldas das Taipas, seguramente, para Guimarães, de certeza absoluta, mas já uma referência nacional”, acrescentou.

“Falamos de uma política clara de descentralização cultural que não se insere apenas naquilo que são os principais equipamentos da cidade, mas que se prolonga no território”, explica destacando a história e o património que a programação nunca deixa de lado.

Para explicar a programação, José Manuel Gomes recorreu a algumas perguntas, nomeadamente: “como abordar o sítio de maneira diferente? Como é que a cultura e a arte podem falar para as pessoas que cá vêm? Como podemos intervir de maneira diferente?”.

E foi nesse sentido que Mira Quebec explicou que está a “preparar um espetáculo não convencional” pois quer “fazer algo especial”.

Na música, os destaques vão para os espetáculos de Surma e Mira Quebec com Diogo M., no mês de junho. Em julho, o espetáculo de José Pinhal Post-Mortem Experience, seguido de DJ Set de António Bandeiras. Agosto é marcado pelo regresso de First Breath After Coma e Noiserv, num momento inédito onde atuam em conjunto e, ainda, a tradicional Noite de Fados com o Grupo de Fados da Vila. Por fim, setembro conta com A Garota Não, no encerramento desta temporada musical de 2023.

O Workshop de Escrita Criativa para alunos da escola secundária de Caldas das Taipas, agendado para o dia 23 de maio, marca o início da temporada. Em junho, as Tertúlias com História regressam para comemorar os 125 anos dos “Banhos Novos”, com um atelier infantil simultâneo para crianças em idade pré-escolar. Ao longo dos quatro meses de programação, as iniciativas educativas incluem Visitas Guiadas Educativas em junho, uma Noite de Astronomia em julho e uma nova tertúlia em setembro. Ainda em setembro, a fechar a programação, está agendado um novo atelier infantil e uma Visita Guiada Noturna aos Banhos Velhos.

O teatro faz o seu retorno à agenda cultural dos Banhos Velhos após três anos de ausência. O Grupo de Teatro Amador de Campelos apresenta “Dois Tempos”, em julho, enquanto o grupo de teatro ATRAMA encerra a programação com “Aquistas”, uma experiência performativa “in situ” inspirada nas memórias de Amadeo de Souza-Cardoso durante sua estadia no balneário termal de Caldas das Taipas, em celebração aos 125 anos dos “Banhos Novos”.

O cinema marca também presença com a primeira sessão em julho, com a rodagem do filme “Tudo em Todo o Lado ao Mesmo Tempo” de Dan Kwan e Daniel Scheinert. Em agosto, “Os Fabelmans” de Steven Spielberg, “The Whale” de Darren Aronofsky e “Aftersun” de Charlotte Wells completam o ciclo de cinema.