Braga por um canudo

Por António Rocha e Costa.

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por António Rocha e Costa Analista clínico

Cidade que se preze deverá ter várias rotundas, ciclovias, parques de lazer, pontes pedonais e, se possível, passadiços em madeira. Como já quase todas têm estes equipamentos, resolveram agora apostar na cultura, na perspetiva de lhe trazer ganhos através do turismo.

Há uns anos atrás, concorriam ou eram designadas, uma ou duas cidades candidatas a Capital Europeia da Cultura. Assim foi com Lisboa, Porto e Guimarães. Agora é diferente e já são quase uma dúzia as que concorrem à realização do próximo evento, que terá lugar em 2027, incluindo a cidade de Braga.

O que terá levado de repente tantas cidades a candidatar-se? Certamente, os milhões que vêm de Bruxelas e que serão gastos um pouco discricionariamente e o impacto futuro no tecido cultural, o que nem sempre tem sido evidente.

Senão vejamos: o que ficou das anteriores Capitais Europeias da Cultura que tiveram lugar no nosso país? Em Lisboa não me recordo de nada em especial; no Porto ficaram alguns edifícios icónicos como a Casa da Música, mas mesmo esses só foram concluídos depois de já ter terminado a Capital da Cultura; quanto a Guimarães ficaram alguns equipamentos como o Centro das Artes José de Guimarães e a Casa da Memória, ficando a sua actividade e o seu impacto na cultura local, muito aquém do que seria de esperar.

Vem dos primórdios da nacionalidade a rivalidade entre Guimarães e Braga, o que não seria mal nenhum se fosse sempre uma rivalidade sadia, o que muitas vezes não acontece, a começar pelo futebol. Vendo as coisas do ponto de vista competitivo, Braga já nos ultrapassou há muito, não só no futebol, mas também nos indicadores económicos mais relevantes. Basta dizer que o rendimento per capita do concelho de Braga é bastante superior ao do concelho de Guimarães.

Também em massa crítica universitária e no que toca a centros de investigação, há muito que Braga já ultrapassou Guimarães.

Recentemente, Braga começou a apostar mais na dinamização cultural e no turismo e já vai colhendo alguns frutos. Há semanas foi distinguida com o título de melhor destino da Europa em 2021. Embora as entidades que procedem a esta classificação e os métodos que utilizam sejam um pouco obscuros, a verdade é que isso também traz mais turismo, o que a juntar ao turismo religioso faz de Braga, cidade dos arcebispos, uma referência a ter em conta.

Porém, não há bela sem senão e por ironia do destino, pelo cinismo ou crueldade dos “Deuses”, ou por causa da Pandemia, no presente ano de 2021, não irá haver Semana Santa, no seu formato tradicional e com a maior parte dos aviões em terra e a circulação limitada, será difícil aos turistas e aos visitantes em geral, rumar à terra prometida, ou seja a Braga, como seria desejável.

Assim, os forasteiros, utilizando uns binóculos de longo alcance, terão de contentar-se, pelo menos para já, em ver Braga por um canudo.

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