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CADA AMIGO NOSSO VALE MAIS DO QUE UM PAI NATAL
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por ANA AMÉLIA GUIMARÃES
Professora

A memória como «propriedade de conservar certas informações, graças às quais podemos atualizar impressões passadas» torna o passado em coisa presente e elemento de identidade e pertença.

Escreve o historiador Amaro das Neves (no blogue Memórias de Araduca) que a romaria de Santa Luzia “junto da pequena capela que é dedicada à padroeira dos males dos olhos, construída pelo ano de 1600, no mesmo lugar da rua que lhe tomou o nome, onde antigamente se situava uma gafaria (recolhimento de leprosos) para mulheres”, tem a sua origem “perdida na memória dos séculos”.

O historiador sublinha ainda que «A festa de Santa Luzia de Guimarães distingue-se de todas as outras por nela ocuparem lugar central, além da santa protectora dos olhos, uns objectos de diferentes formatos que se expõem nas bancas das vendedeiras, moldados em massa de centeio ou de trigo, revestidos com uma cobertura branca de açúcar e alindados com pedacinhos de papel colorido, fitas e laçarotes. Essas guloseimas açucaradas assumem diversas figuras (…). Mas, nesse dia, o centro das atenções é ocupado pelas passarinhas (…) e pelos sardões.”

Quem em Guimarães conhece o “nosso” dia dos namorados, as passarinhas e os sardões? Muitos, seguramente, mas as gerações mais novas desconhecem esta remota e original celebração. Não deveria haver pois, à semelhança do que se faz com outras festividades, um empenho de divulgação desta festa? Afirmando-a, por exemplo, como alternativa local e patrimonial ao dia de São Valentim, que mais não é que uma droga importada e imposta pelo mercado à goela do consumidor.

Diz ainda Amaro das Neves que “Tanto os nomes, como as formas daqueles objectos festivos (…) nos remetem para sobrevivências de cultos fálicos ancestrais, de que não faltam referências em velhas descrições no folclore português, mas que hoje já se encontram extintos ou em extinção em praticamente todo o lado. Mas não em Guimarães, como se vê.”
Ora é no “como se vê” que hoje se coloca o problema. Quem por lá passou este ano deparou-se com apenas uma (!) banca de venda de passarinhas e sardões, poucos vendedores, pouco movimento e vida. Se em 2012 até se fez um filme realizado pela Regina Guimarães por que não avançar-se com a divulgação da festa? Ganharia a cidade, o concelho, o turismo, a cultura…etc.

O rosto de Guimarães não é só material e do tempo dos afonsinhos. Se não o cuidarmos devidamente teremos talvez uma putativa garra bairrista, cristalizada numa sala da casa da memória, mas a cidade, como um «ecomuseu» vivo e exemplar, será uma miragem.

2. Não vou falar do Natal e do comércio tradicional, estaria a repetir-me. Quem deixou que se construísse um centro comercial a 5 minutos a pé do Toural, há 24 anos, é que deveria publicamente responder perante os comerciantes: o partido (ex ou dito) socialista e a sua maioria absoluta, que reinam, desde 1989, há 30 anos (!), em Guimarães.

3. Para todos um bom Natal e um excelente ano novo. Ficam estes versos da minha infância, sempre presentes e belos: «Quem faz o Natal para todos nós? São os amigos/Quem nos dá prazer e dá calor? São os amigos/A quem é que damos a ternura? É aos amigos/A quem é que damos o melhor? É aos amigos//Os amigos são o nosso bolo de Natal/Cada amigo nosso vale mais que um Pai Natal/É um irmão nosso que trabalha no Natal/E com suas mãos faz a diferença do Natal//O dinheiro pouco importa/O que importa é a verdade/E a prenda mais valiosa/É a prenda da amizade//Quem faz das tristezas forças/E das forças alegrias/Constrói à força de Amor/Um Natal todos os dias.
In “Os Operários do Natal” – texto de Ary dos Santos e Joaquim Pessoa, interpretado por Fernando Tordo, Paulo de Carvalho e Carlos Mendes.

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