Café Oriental, o espaço que há 100 anos mudou a vida cultural de Guimarães
A Sociedade Martins Sarmento (SMS) inaugura, no próximo dia 19 de dezembro, às 17h30, a exposição “O Café Oriental, cem anos”, evocando o centenário da abertura de um dos espaços mais marcantes da vida social e cultural de Guimarães. A mostra abre ao público precisamente quando se cumprem 100 anos sobre a inauguração do Café Oriental, ocorrida a 19 de dezembro de 1925, no então Toural, à época designado Praça D. Afonso Henriques.

© Arquivo Municipal Alfredo Pimenta
Idealizado e desenhado pelo Capitão Luís de Pina, o Café Oriental nasceu como um espaço exótico e moderno, pensado para colmatar aquilo que as crónicas da época descreviam como o “desconforto social” de Guimarães por não dispor de um verdadeiro café. A cidade vivia então sob o fascínio das descobertas arqueológicas no Egito, nomeadamente dos túmulos dos faraós, amplamente divulgadas pela imprensa, contexto que ajudou a acolher com entusiasmo o minucioso estudo que Luís de Pina realizou sobre a cultura e mitologia egípcias, refletido na estética e no conceito do estabelecimento.

© Arquivo Municipal Alfredo Pimenta
O objetivo da exposição é contar a história do nascimento e do desaparecimento deste espaço singular, que durante cerca de quatro décadas foi palco de encontros, tertúlias, conspirações e convívio, marcando profundamente a vida urbana e conferindo a Guimarães um cosmopolitismo até então pouco comum. O Café Oriental tornar-se-ia um símbolo da modernidade e da abertura cultural da cidade.
O seu fim ocorreu a 22 de julho de 1967, quando, num Toural já repleto de outros cafés e confeitarias que surgiram depois do Oriental, o edifício foi demolido para dar lugar a uma dependência bancária. A destruição implicou a perda irreparável das pinturas, colunas e mobiliário, cuidadosamente concebidos para recriar um ambiente de inspiração egípcia, representando uma das maiores perdas patrimoniais da cidade no século XX.

© Arquivo Municipal Alfredo Pimenta
Apesar disso, como sublinha a exposição, o Café Oriental “nunca morreu verdadeiramente”. O fascínio que exerceu manteve-se vivo na memória de quem o frequentou e foi transmitido, como herança imaterial, às gerações que nunca o conheceram. Uma espécie de “vingança” simbólica face a um fim considerado incauto e incompreensível.
No encerramento da exposição, por iniciativa da Sociedade Martins Sarmento, será lançado o livro “Café Oriental (Egípcio) – Esbôço Explicativo”, da autoria do Capitão Luís de Pina. A apresentação estará a cargo dos professores José das Candeias Sales e Susana Mota, e contará ainda com um momento musical pelo guitarrista Filipe Neves Curral.





