Carolina Deslandes revela ter tido medo de subir ao palco em Guimarães

A cantora Carolina Deslandes revelou esta semana que subiu ao palco, no último sábado, nas Festas da Cidade e Gualterianas, em Guimarães, com receio por ter recebido ameaças relacionadas com uma publicação de 2020, na qual condenava os insultos racistas dirigidos ao futebolista Moussa Marega, durante um jogo entre o F. C. Porto e o Vitória SC.

© CMG

Na sua página no Instagram surgem três comentários na publicação de 2020, sobre o “Caso Marega”, escritas nas últimas semanas, podendo ler-se: “Guimarães não te esquece”; “Se tens assim tanta empatia não apareças a Guimarães, a nível de audição, o povo agradece”, e “Traz o Marega ctg quando vieres agora às gualterianas”

A artista partilhou o episódio nas redes sociais, dias após o concerto, afirmando que foi a primeira vez que teve medo de atuar. Apesar disso, manteve-se firme na decisão de subir ao palco.

“Foi a primeira vez que tive medo de subir a um palco por conta das ameaças que me foram feitas. São tempos em que se sente na pele a fúria contra os ideais de liberdade, de igualdade, de justiça para as mulheres”, escreveu Carolina Deslandes.

Carolina revelou ainda trazer no ventre um menino, que se chamará Sebastião, fruto da relação com o músico Luís Delgado, e querer “que desde o primeiro momento ele saiba que nós saímos quando eles nos gritam, que nós levantamos os braços quando eles nos ameaçam, que nós somos de lutar. E lutar não é não ter medo, é nao deixar que ele ganhe”.

Esta situação surge na sequência do conhecido “caso Marega”. Em 2020, o jogador maliano abandonou o relvado do Estádio D. Afonso Henriques, após ser alvo de cânticos racistas por parte de alguns adeptos vitorianos. A atitude do jogador foi amplamente debatida na altura, dividindo opiniões e gerando reações por parte de figuras públicas.

Na ocasião, a cantora usou as redes sociais para expressar a sua indignação: “Vão-se f*der! Quando dizem que o racismo não existe, quando dizem que em Portugal e no Mundo não é GRITANTE a desigualdade e a humilhação! Vão-se f*der quando em vez de punirem uma claque e um clube penalizam um jogador que se está a revoltar e a NÃO aceitar um comportamento INACEITÁVEL. Tenho VERGONHA destas pessoas e desta arbitragem. Vão-se f*der quando não dão a voz a uma causa só porque não vos toca a vocês. A EMPATIA É O MOTOR DA MUDANÇA. Não é só o ódio de quem grita que é o problema, é o silêncio de quem assiste. Devemos exigir TODOS que a Liga tome uma atitude. Marega, é preciso ter balls para não deixar que a nossa profissão se sobreponha à nossa dignidade. Estamos contigo”.

No post colocado agora pela artista, a cantora agradeceu ainda ao público vimaranense pela receção calorosa e à organização do evento pela segurança e apoio demonstrado. “Foi das noites mais bonitas desta tour”, referiu.

Recorde-se que, na sequência desse episódio ocorrido em 2020, três adeptos foram julgados, sendo condenados a pagar mil euros cada ao Estado e a publicar um pedido de desculpas ao futebolista.

PUBLICIDADE
Arcol

NOTÍCIAS RELACIONADAS