Chaminé da fábrica de Roldes com futuro incerto

A Câmara Municipal não deu autorização para a demolição e comprometeu-se com a recuperação do “canudo” da última fábrica de curtumes que agora está a leilão.

© Rui Dias/ Mais Guimarães

Depois de o BCP, juntamente com alguns fornecedores e dois sócios terem pedido a insolvência da Fábrica de Curtumes Roldes, em março de 2023, o edifício da empresa, em Fermentões, e o seu recheio estão a leilão. Desconhece-se o destino da chaminé de 31 metros em tijolo burro que a empresa pretendia demolir, temendo o colapso da estrutura, em 2018.

A Câmara Municipal de Guimarães não autorizou a demolição da chaminé e, em julho de 2018, “atendendo ao seu elevado valor histórico importante para o concelho”, comprometeu-se com a sua recuperação, avaliada em 50 mil euros. A empresa concordou com a cedência do direito de superfície sobre o terreno onde está construída a chaminé por um período de 70 anos, prorrogável por iguais períodos e com a constituição de uma servidão, em favor do Município, para acesso à estrutura, nomeadamente para a execução das obras de recuperação.

Passados seis anos, a obra ainda não foi feita e o Município não foi capaz de esclarecer em que estado está o processo face ao leilão do edifício, em virtude dos “técnicos imprescindíveis para reunir essa informação estarem em período de férias”.

A Roldes era a última fábrica de uma indústria com tradições, em Guimarães, que alguns historiadores fazem recuar até à Idade Média. A insolvência foi pedida dois meses depois da empresa chegar aos 100 anos. A Roldes foi a primeira empresa do setor a eletrificar a maquinaria do processo de curtimenta. Foi por esta razão e pela necessidade de água para curtir as peles que os seus fundadores a instalaram nas margens do rio Selho.

Insolvência com dívidas de pequena monta

A empresa fechou portas, deixando cerca de 30 pessoas sem emprego, mas com o essencial dos direitos salariais em dia. Segundo um trabalhador da Roldes, “ficaram por pagar subsídios de Natal e de férias, proporcionais destes dois subsídios e indemnizações por cessação de contrato”. Não há dívidas à Segurança Social nem à Autoridade Tributária e o BCP reclama pouco mais de 130 mil euros. “Foi uma decisão de parar enquanto o património existente permite pagar tudo e não ficar a dever nada a ninguém. Acho eu”, afirma um funcionário com 34 anos de casa.

A Roldes chegou a estar próxima da falência, em meados da década de 80. Nessa altura foi salva pela tomada da maioria do capital pela Campeão Português. Em 2014, quando a Campeão Português entrou também em processo de insolvência, o filho de um dos fundadores, Augusto Ribeiro, assumiu novamente o controlo da empresa. Nos últimos anos, a empresa foi gerida por dois netos de um dos fundadores, Joaquim Manuel Ribeiro e Pedro Ribeiro. Foi este último que, em novembro de 2022, comunicou aos trabalhadores que só iriam laborar até ao final do mês. Acabaram por trabalhar até março, “porque alguns clientes foram apanhados de surpresa, como nós, e não tinham soluções”, conta um trabalhador.

O edifício da Fábrica de Curtumes Roldes, o seu recheio e o terreno estão a leilão, até 23 de setembro, por um valor base de 2,2 milhões de euros.

Por Rui Dias.

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