Depois da Fundação Gulbenkian, o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG) é o palco do programa público “Crepúsculos”, de Vampires in Space, o projeto de Pedro Neves Marques para a Representação Oficial Portuguesa na 59.ª Exposição Internacional de Arte – La Biennale di Venezia.

“Sempre foi do nosso interesse ter um evento público no norte do país e possivelmente nos Açores também”, contou Pedro Neves Marques. A cidade-berço “vem muito naturalmente pelo CIAJG, que tem um programa muito ativo e que imediatamente foi uma opção para nós, no norte”.

Ao Mais Guimarães confessou que “já estava há alguns anos a querer trabalhar a personagem do vampiro e, ao mesmo tempo, fazer um projeto de ficção científica e misturar esses imaginários”. Este foi “um processo de imaginação e escrita dos vampiros como seres que vivem eternamente e têm todo o tempo nas mãos para pensarem quem foram nas suas muitas vidas. Isso para mim era um elemento muito interessante trabalhar”, confessou.

Comissariado por Filipa Ramos, “Crepúsculos” são uma série de manifestações crepusculares situadas entre a noite e o dia, o humano e o animal, o sónico e o visual, o local e o global que celebram a diversidade de formas de hibridização coletiva. Um programa para todos os públicos interessados em arte, cinema, música, literatura e ecologia.

O dia será dividido em quatro diferentes crepúsculos, começando, às 14h30, com Crepúsculo Sonâmbulo: Conversa e Cinema. Ao longo de duas horas e meia, haverá uma conversa entre Pedro Neves Marques, artista representante do pavilhão de Portugal, e Filipa Ramos, curadora do programa público Crepúsculos, de Vampires in Space. Será ainda projetado o fime “Nosferasta”, realizado por Adam Khalil e Bayley Sweitzer, com a participação do artista e músico Oba, e “A Mordida”, realizado por Pedro Neves Marques.

Entre as 17h30 e as 18h30, o Crepúsculo Opúscul oferece uma sessão de leitura conjunta de poesia com Ellen Lima, André Romão, Alice dos Reis e Pedro Neves Marques. Segue-se, às 19h00, o Crepúsculo Tentáculo, com uma sessão de escuta com Odete, ecoando as sonoridades de Vampires in Space.

Crepúsculo Vernáculo, às 21h15, termina o dia com uma excursão-conversa-sessão bio-acústica sobre a ecologia e biologia dos morcegos na cidade de Guimarães com o biólogo e conservador Paulo Barros, membro da equipa do Laboratório de Ecologia Aplicada (LEA) e Investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) nos domínios da ecologia e conservação da fauna.

Vampires in Space é o primeiro projeto explicitamente queer a ser apresentado na história do Pavilhão de Portugal nas Exposições Internacionais de Arte da La Biennale di Venezia, no qual as questões de representação trans e não-binárias ganham uma visibilidade sem precedentes. Ao apresentar este projeto, Portugal coloca-se na vanguarda das discussões sobre questões-chave do nosso tempo, em que os processos identitários, a ecologia, o transumanismo e a biopolítica são temas interdependentes e complementares para pensar e agir no presente e, sobretudo, no futuro.

Apesar de esta ser uma quinta-feira de chuva, estão “à espera que a adesão seja boa”, uma vez que “Guimarães é uma cidade bem localizada no contexto da região norte e o programa do CIAJG já é muito ativo e chama muita gente”.