CONTINUAR O QUÊ?

ANTÓNIO ROCHA E COSTA Analista clínico

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por ANTÓNIO ROCHA E COSTA
Analista clínico

Estamos a chegar ao fim de um estio implacável e ainda não se dissipou completamente o cheiro a floresta queimada.

Ao mesmo tempo, sente-se já no ar um cheirinho a Outono e a eleições autárquicas.

Quando abrir em breve a época oficial da caça ao voto, as forças concorrentes já não terão praticamente argumentos novos para convencer os eleitores, pois já gastaram quase todas as “munições” na chamada época de pré-campanha.

A avaliar sobretudo pelos meios visuais que nos têm sido servidos, nas rotundas e cruzamentos, prevê-se uma campanha que é “mais do mesmo”, seguindo mais ou menos os padrões dos últimos actos eleitorais. Ou seja: os partidos (ou grupos de cidadãos) já instalados no poder, exibem, em grandes cartazes, as obras concluídas durante o último mandato, esquecendo-se de enumerar as que foram prometidas e não executadas; os partidos da oposição, prometem, utilizando igualmente avantajados cartazes, fazer “aquilo que ainda não foi feito”.

Elemento comum a quase todas as forças concorrentes, são as enormes fotos de família, com que esbarramos, peões e automobilistas, sempre que nos aproximamos de uma rotunda. E o que vemos, ou antes, quem vemos nessas fotografias? Muitas caras já conhecidas, que dispensam apresentação, a par das que posam pela primeira vez para o retrato. “Vemos”, é um modo de falar, porque dada a quantidade de fotografados que entram em cada cartaz, seria necessário parar a viatura para conseguir observá-los bem, um por um. E mesmo assim, sobretudo para os mais míopes de nós, ainda poderia subsistir a dúvida sobre quem será o “chefe de família”, sendo que é fácil de presumir, já que só pode ser o que está mais ao centro e em tamanho maior.

Demonstrativo ainda da falta de imaginação ou de criatividade são as palavras ou as frases utilizadas como slogan, que em alguns casos roçam o caricato, especialmente quando se utiliza a mesma expressão para todas as freguesias.

No caso de Guimarães isso é por demais evidente, senão vejamos: se a expressão “continuar Urgezes”, por exemplo, é perfeitamente inócua, revelando apenas um espírito conservador de “evolução na continuidade”, já “continuar Calvos” revela um certo masoquismo ou a busca consciente de auto-flagelação, que só se compreende se representar a assunção, por parte dos candidatos repetentes, de erros passados que carecem de expiação, traduzida em alopécia severa.

Na mesma linha de pensamento, a expressão “continuar Costa” poderá indiciar um desejo premonitório da permanência do actual Primeiro Ministro à frente do Governo, o mesmo não se podendo afirmar sobre o desejo de perpetuação da Geringonça no poder, já que para chegar à fórmula “continuar Geringonça” teria que existir a união de uma hipotética freguesia chamada “Gerin” com a freguesia de “Gonça”.

Dir-se-ia que este registo de campanha, reflete da parte das candidaturas, a falta de ideias e de projectos para o concelho de Guimarães, dado que, para além de a comunicação se revelar um tanto primária, as obras exibidas e as prometidas incidem sempre sobre o mesmo: rotundas, pavimentos, ajardinamentos.

De fora ficam questões que deveriam ser debatidas, como a articulação entre a Câmara e as instituições universitárias do concelho, tendo em vista o salto qualitativo da região no que concerne ao desenvolvimento tecnológico, a questão das acessibilidades, cujo adiamento mantém a cidade congestionada, a adopção de medidas que atenuem o impacto negativo que o crescimento do turismo poderá vir a ter num futuro próximo na vida da população indígena. Mas isso são contas de outro rosário, que ninguém está interessado em desfiar.

 

 

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