Convívio, 60 anos de futuro
Por César Machado.
Por César Machado.
É ponto consensual que a vida de Guimarães seria diferente sem a riqueza e diversidade da sua cultura. Como é consensual que tal riqueza e diversidade são indissociáveis da actividade das suas associações culturais.
Entre as Associações Culturais de Guimarães, e desde a sua criação em 1961, o Convívio vem assumindo um papel absolutamente singular pelas qualidades já indicadas:- a riqueza e diversidade das suas actividades. A estas, o Convívio vem juntando a ousadia e a inovação, o risco de quem pisa terreno novo e o serviço à comunidade, à cidade como um todo, à polis.
Não há em Guimarães galerias que permitam mostras dos artistas plásticos? O Convívio é essa galeria que faltava. Não há quem realize as Festas Gualterianas? Pois forma-se uma Direcção no Convívio, asseguram-se as Festas da Cidade, com brilhantismo, introduzindo-se iniciativas culturais inéditas, e outros continuarão a missão. Há uma crise directiva no Vitória Sport Clube, ninguém assume os seus destinos num momento difícil? Pois, cria-se uma equipa a partir do Convívio que constituirá os Órgãos Sociais do Vitória, e até se arrancará um terceiro lugar no campeonato maior do nosso futebol. Não temos um Festival de Cinema em Guimarães? O Convívio cria o Festival de Cinema Amador, que passará a Festival Internacional, como criará os Jogos Florais Minho Galaicos, no âmbito da poesia da Galiza e Portugal. Temos um vazio na apresentação da música erudita? O Convívio cria os Encontros da Primaveram, que dariam lugar aos Encontros de Música de Guimarães. Precisamos de uma pedrada no charco no domínio das Artes Plásticas? Aí está o Convívio a participar na EuroArte. O jazz é coisa rara em Portugal e em Guimarães está por nascer? O Convívio desafia o Município a levar por diante o Guimarães Jazz, que celebra este ano a sua 30ª edição consecutiva. É preciso trazer o Jazz para a rua, para fruição mais alargada que o público do Guimarães jazz?. O Convívio cria o Festival O Verão é Jazz. Guimarães não integrava a rede de mais de duzentas cidades de todo o mundo que comemoram o Dia Internacional do Jazz, com patrocínio da UNESCO? Passa a integrar, pela mão do Convívio. É preciso um núcleo duro de Associações Culturais na participação e programação da Capital Europeia da Cultura? O Convívio aí está. Fazia falta um festival de música pop / rock que desse lugar aos consagrados de amanhã? Cria-se o Suave Fest. Precisamos de um grupo de teatro alternativo? Cria-se o CETE. É preciso um espaço de íntima interacção público / artista, por onde passem regularmente músicas e outras artes, muitas vezes espontaneamente, em “Jam Sessions” imprevistas? O Café Concerto do Convívio aí está. É preciso abrir a casa a grupos de literatura, de cruzamentos filosóficos, de encontros culturais dos mais diversos, do lançamento de um livro, de um debate? A casa está aberta. E está aqui tudo? Claro que não. Tem muito mais. Desde logo o abraço que se espera dos amigos, que estão lá, na nossa “casa”, e nos tornam presente o nome da Associação- o Convívio. O Convívio fraterno, que tem passado de geração em geração, com aquele abraço que foi o primeiro passo para que todo o resto viesse, a primeira condição para que tudo continue.
Têm sido assim os dias do Convívio. Ricos dias destes sessenta anos. Pela amizade, pela cultura, pela arte, pela cidadania, por Guimarães. 60 anos a antecipar o futuro. (Continua nos próximos sessenta anos).
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