CORONEL VARETA

Coronel de Cavalaria na reserva

Coronel_Vareta_retrato

Nome completo

João Paulo Amado Vareta

Nascimento

3 de outubro  de 1948

Porto

Profissão

Coronel de Cavalaria na reservaNasceu no Porto, numa família relativamente modesta. A ligação ao meio militar chegou-lhe dos dois lados da família; do lado do pai havia comandantes de marinha, do lado da mãe estavam ligados a Guarda Nacional Republicana. A família, de pai mãe e quatro irmãos, era católica e a educação foi conservadora. O percurso no liceu foi o de um aluno regular e acabou por seguir estudos superiores no Instituto Superior Técnico. No segundo ano do curso superior de Engenharia de Máquinas foi chamado para cumprir o serviço militar, corria o ano de 1971.

O destino tinha-lhe reservado um encontro com a história, embora naquela altura ainda não soubesse. Assentou praça em Mafra, onde havia de ser escolhido para fazer parte de um grupo que iria tirar o curso de comandos, mas fruto de uma redistribuição de pessoal acabou por ir parar à Policia Militar (PM). Tirou a especialidade na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, e foi colocado no Regimento de Lanceiros 2 (RL2), em Lisboa, na calçada da Ajuda.

No RL2 teve missões de comando de esquadrão, ainda como Alferes. Integrou a secção especial do Regimento, encarregada de capturar desertores, numa altura em que a guerra de África fazia com que muitos procurassem fugir.

Quando já fermentava a revolução começou a aperceber-se do descontentamento no seio das Forças Armadas, por diversos sinais, mas há um em particular que classifica como “o primeiro grande choque da minha vida”. O momento passou-se quando o major Campos Andrada, numa conversa informal, no picadeiro do Regimento, lhe fez ver que alguma coisa se passava. “Dentro de mim iniciou-se um conflito, por um lado o respeito pela hierarquia militar, por outro a lealdade com os camaradas”, afirma. Teve a missão desagradável de acompanhar reuniões do MFA, como informador. “Nessas situações informava a hierarquia e informava o Movimento do que me era pedido”, explica que foi a forma que encontrou de gerir o conflito entre as duas lealdades a que se sentia vinculado.

No dia 25 de abril de 1974, quis o destino que estivesse de serviço como oficial de dia ao RL2. Esta foi a última unidade a render-se no dia da revolução, e foi assim porque o seu comandante, o coronel Pinto Bessa, era completamente leal ao anterior regime e demorou a aceitar o inevitável. O, na altura Alferes, Vareta acabou por ser determinante no desfecho do problema, quando mandou abrir as portas do Regimento e se dirigiu ao capitão da força de artilharia que cercava a unidade. Rodeado por dezenas de militares que lhe apontavam as G3 convidou-o a entrar para conversarem com o coronel Pinto Bessa. Dessa conversa resultou a capitulação do comandante, sem derramamento de sangue, às 20h30 do dia 25 de abril.

Antes de rumar ao ultramar, ainda teve tempo para uma última missão como PM, na captura do diretor geral da PIDE, o major Silva Pais. “Tive informações que uma coluna de elementos de esquerda iria a casa dele e avançamos primeiro para evitar um massacre”, afirma, lembrando que o 25 de abril não tinha sido feito para linchamentos. Acabou por embarcar para São Tomé, já depois da revolução. Participou na entrega do poder ao PAIGC, e coube-lhe a missão, que confessa “emotiva”, de arrear a última bandeira portuguesa no arquipélago.

Voltou à metrópole com a certeza de que era a vida militar que queria prosseguir. Antes de ingressar na Academia Militar, onde tirou o curso de Cavalaria, ainda esteve numa coluna de carros de combate que fez frente, em 1976, ao Regimento de Caçadores Parquedistas, que se insurgiram armando os camponeses.

Acabou por voltar a cumprir missões de Polícia Militar, depois se graduar como primeiro classificado do seu curso na Academia, no RL2 e no Esquadrão de Lanceiros do Norte. É com naturalidade que hoje, coronel na reserva, aparece a colaborar com a Comissão de Lanceiros de Guimarães.

Ainda lhe restou tempo para casar e ter um menino e duas meninas. Afirma que a continuidade da vocação castrense está assegurada, com o rapaz, de 12 anos, a assegurar que quer seguir a carreira militar.

Por: Rui Dias<

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