Cultura viva na 1ª edição do Thermos – Encontros Literários nas Caldas das Taipas

Nos dias 30 e 31 de maio, a vila termal de Caldas das Taipas foi palco da primeira edição dos Thermos – Encontros Literários, iniciativa que reuniu autores nacionais e internacionais de renome.

© JFCT

Na sessão de abertura, Luís Soares, presidente da Junta de Freguesia de Caldelas e responsável pela organização, sublinhou que o evento marca “um novo ciclo cultural na vila”, destacando o cruzamento entre “património literário e envolvimento da comunidade”. Foi também revelada a instalação de painéis evocativos dedicados a Ferreira de Castro e Camilo Castelo Branco, escritores com passagem histórica pelas Taipas.

Para Paulo Lopes Silva, vereador da Cultura da Câmara Municipal de Guimarães, os Thermos são reflexo de “um trabalho programático cuidado e ambicioso”. O autarca frisou ainda que a vila “tem vindo a assumir informalmente competências culturais que justificam uma futura delegação formal nesta área”, referindo-se às Termas como ativo estratégico para o desenvolvimento cultural e turístico do concelho de Guimarães.

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A presidente da direção da Taipas Turitermas, Sofia Ferreira, reforçou essa visão integrada entre cultura, património e turismo, sublinhando que o Thermos “reforça a identidade coletiva e projeta as Taipas como território de conhecimento, criatividade e bem-estar”. Homenageada desta primeira edição, a escritora Dulce Maria Cardoso protagonizou diversos momentos simbólicos, como a inauguração de uma placa evocativa e a implementação de bancos de jardim com QR codes junto ao Coreto, que disponibilizam excertos da sua obra, acessíveis até maio de 2026.

Entre os destaques do programa estiveram as sessões “Conversas de Agulheta, de Vichy e de Vapor”, moderadas pelo professor Cândido Oliveira Martins, que contaram com a participação de autores como Luís Filipe Castro Mendes, Cláudia Lucas Chéu e Lauren Mendinueta. A comunidade escolar teve também um papel de relevo. Alunos do Agrupamento de Escolas das Taipas surpreenderam os autores com textos de opinião, poesia e retratos, produzidos ao longo de dois meses, num envolvimento intergeracional que espelhou o espírito inclusivo do evento.

Foi ainda lançado um conjunto de publicações inspiradas na vila, resultado da residência artística do poeta Luís Aguiar e da ilustradora Ana Gil, com edição a cargo da Labirinto. Os debates sobre políticas culturais nos territórios reuniram Paulo Lopes da Silva, Suzana Leite e Helena Mendes Pereira, sob moderação de Paulo Dumas, e deixaram claro o apelo a uma cultura mais descentralizada, inclusiva e participada.

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A programação artística incluiu o grupo Atrama, com um espetáculo inspirado em “O chão dos pardais”, de Dulce Maria Cardoso, e textos de autores convidados. Já o grupo “Passos de Alegria” apresentou “O Morgado de Fafe em Lisboa”, numa evocação da obra de Camilo Castelo Branco. A voz poética da região também esteve representada por Agostinho Santa, Cláudio Lima, Leonor Castro e Teresa Macedo, que partilharam os seus textos num ambiente intimista e valorizador da criação local.

A animação musical ficou a cargo do Clube de Leitura e Música Sénior, que interpretou temas do cancioneiro tradicional português, e dos alunos da escola local, responsáveis pela abertura do evento, num gesto que reforçou a ligação entre gerações. Para Pompeu Martins, curador dos Thermos, o balanço é claro: “Não foi uma montra de escritores, foi um verdadeiro encontro com a literatura, vivido sem barreiras entre o local e o nacional. O Thermos já pertence aos taipenses”.

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