DESEMPREGO: OS NÚMEROS EM GUIMARÃES

Em Guimarães o desemprego esta a baixar desde 2012.

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O Instituto Nacional de Estatística (INE) não publica taxas de desemprego por concelho, fá-lo apenas por regiões e para o todo nacional. Por outro lado, “os dados do IEFP não permitem calcular uma taxa de desemprego nem relevam para efeito de cálculo das estimativas do emprego e do desemprego divulgadas”, lê-se na página do INE. Como avaliar então o desemprego a nível concelhio? A taxa de desemprego é uma relação entre a população desempregada e a população ativa (que corresponde à soma da população empregada com a população desempregada), sendo calculada da seguinte forma: (população desempregada / população ativa) x 100. Ainda que considerássemos, para efeito do cálculo do desemprego concelhio, como população desempregada, os números dos desempregados inscritos no IEFP, continuaríamos a ter o problema de conhecer o número da população ativa.

A população ativa varia com diversos fatores como natalidade, mortalidade, passagem à reforma, emigração, entre outros. O INE publica dados anuais relativamente à população ativa, mas apenas ao nível regional. Para efeito de cálculo da taxa de desemprego o INE lança mão de estimativas obtidas a partir do Inquérito ao Emprego sobre a população empregada e a população desempregada. Ou seja, o método e as variáveis usadas pelo INE para calcular o desemprego não são aplicáveis à realidade concelhia.

Localmente PS e PSD leem os números de forma distinta

Conhecer a realidade da evolução do desemprego a nível do concelho é importante, até porque, as conversas sobre o tema animam frequentemente a política local. Ainda recentemente, PSD e PS locais envolveram-se numa troca de afirmações sobre os números do desemprego. Na leitura do PSD a realidade local revela que “não existe uma estratégia municipal de promoção do desenvolvimento económico de Guimarães.” Os sociais-democratas afirmam que no concelho, no primeiro semestre de 2019, em comparação com o período homólogo, houve um aumento de vinte inscritos, ao passo que a nível nacional a redução foi de 10% e a nível distrital foi de 2%.

Para os socialistas vimaranenses, os números leem-se de outra maneira. “Não há desemprego negro em Guimarães como houve no tempo do governo Passos Coelho/Portas,” afirmam. O PS Guimarães acusa a Concelhia do PSD de usar dados falsos. O Secretariado da Concelhia do PS coloca Guimarães como “exemplo na redução do desemprego a nível nacional, quando comparamos dados anuais, desde dezembro de 2014, em que governava o PSD/CDS a dezembro de 2018 com a Governação Socialista, verificamos que o desemprego a nível nacional reduziu na ordem dos 43%, ao passo que em Guimarães a taxa de redução foi de 49%, gerando-se assim 6% mais emprego do que a nível nacional.”

Para dar resposta à necessidade de identificar o comportamento do desemprego no concelho de Guimarães usamos o Indicador Local de Desemprego Registado (ILDR). Este indicador exprime o desemprego registado em percentagem da população residente do grupo etário no qual se concentra a grande maior parte da população activa, ou seja, entre os 15 e os 64 anos. Não se trata, neste caso, de uma taxa de desemprego, nem sequer de uma tentativa de a calcular por aproximação, é um indicador distinto. Ainda assim, o ILDR tende a acompanhar a taxa de desemprego calculada pelo INE.

O desemprego está a baixar em Guimarães desde 2012

Em Guimarães o IDLR está a baixar desde 2012, ano em que atingiu o valor mais alto, 12,4%. Nos concelhos vizinhos, de Braga e Vila Nova de Famalicão, o IDLR só começou a baixar no ano seguinte, embora não tenha atingido valores tão altos como no município vimaranense. Em Braga, no ano de 2013, o IDLR subiu até aos 11,3% e, em Famalicão, ficou nos 11%. Na região Norte, também foi no ano de 2013 que este indicador de desemprego começou a inverter a tendência de subida que vinha desde 2008. Esta curva acompanha o movimento da curva do emprego, tal como ele é calculado pelo INE, de forma simétrica.A entrada em funções do governo socialista, liderado por António Costa, é frequentemente vista como um marco na viragem do ciclo. Relativamente ao emprego, porém, qualquer que seja o indicador avaliado, a conclusão é que ele já vinha a baixar há algum tempo, quando o executivo socialista tomou posse. No caso de Guimarães a inversão no sentido da curva deu-se a partir de 2012, ora o governo socialista só entrou em funções em novembro de 2015. Se considerarmos a região Norte como um todo, a queda do desemprego, avaliada pelo taxa de desemprego ou pelo IDLR, também já vinha a acontecer desde 2013.

Entre os três concelhos analisados, Guimarães foi o que atingiu valor mais elevado para o Indicador Local de Desemprego, embora também tenha sido o primeiro a inverter o ciclo. Guimarães mantém-se como o recordista do desemprego na região. Só brevemente, em 2014, é que o IDLR foi ligeiramente mais baixo em Guimarães, 10,2%, que em Braga, 10,5%. Desde 2010, no comparativo com os concelhos vizinhos, Guimarães teve sempre um Indicador Local de Desemprego mais elevado.

A curva do desemprego, em Guimarães, tem um comportamento melhor que na região mas pior que Braga e Famalicão

Até 2013, o IDLR do concelho de Guimarães era mesmo mais alto que o da região Norte, a partir desse ano a curva do desemprego vimaranense passou a andar abaixo da curva da região. Em 2018, o Indicador Local de Desemprego para Guimarães foi 6,8%, uma diferença de 0,8 relativamente à região Norte que fechou o ano com 7,6%. O concelho de Braga em 2018 teve um IDLR de 6,5%, ligeiramente abaixo do valor de Guimarães. Vila Nova de Famalicão, que mesmo no seu ano mais negro, 2013, nunca atingiu os valores de Braga ou Guimarães, em 2018 ficou pelos 5,3%.Relativamente aos valores mais altos, atingidos em 2012, em Guimarães, e em 2013, em Braga e Famalicão, a maior recuperação, até 2018, foi a do concelho famalicense, 5,7 pontos, embora Guimarães esteja muito próximo com uma redução de 5,6 pontos. Braga, não tendo sido o concelho que atingiu o valor mais alto, tem mostrado mais dificuldades na retoma, só conseguiu recuperar 4,8 pontos, até 2018. A região Norte como um todo recuperou menos que qualquer um dos três concelhos analisados, ficou-se pelos 4,3 pontos. O Indicador Local de Desemprego na região Norte, em 2018, foi 7,6%.
Quando se olha para a curva dos inscritos nos centros do IEFP, de qualquer dos três concelhos em análise, desde 2014, a tendência é de descida. Uma análise mais detalhada permite-nos encontrar, em qualquer dos casos, meses em que há subidas do número de inscritos nos Centros de Emprego. Estas subidas acabam por ser corrigidas mais à frente e, no tempo longo, o que se observa é uma curva descendente. Foi o que aconteceu em Braga nos últimos meses. Depois de uma forte redução em março de 2019, 5 911, o número voltou a subir em abril, para 6 645, desde essa altura voltou a descer, para os 6 072, em junho, e para 5 995, em julho

Em 2019 o número de inscritos no IEFP local baixou em 385 pessoas

Quando analisamos o ano de 2019, em Guimarães, até ao momento, chegamos conclusão que, de 5 782 inscritos no Centro de Emprego passamos para 5 397, ou seja, menos 385 pessoas. No mesmo período, em Braga, a redução foi de 642 pessoas e , em Famalicão, de 321. Nos primeiros seis meses do ano de 2018 a redução do número de desempregados inscritos no IEFP de Guimarães foi de 1 752 indivíduos. Em 2014, o número de inscritos no Centro de Emprego de Guimarães era 12 457, em novembro de 2015, na entrada em funções do atual governo, eram 9 777, nas últimas eleições autárquicas, em outubro de 2017, quando o PS renovou a seu mandato para governar os destinos do concelho, o número de inscritos no centro do IEFP já tinha caído para 7 138.
Em termos de tendência quando comparamos a curvas de do Indicador Local de Desemprego, de Guimarães, Braga ou Famalicão com as curvas da taxa de desemprego nacional ou regional (não podemos comparar valores), elas acompanham-se. Em qualquer dos casos os anos de 2012, 2013 foram aqueles em que se atingiram valores mais elevados e a partir desses anos as curvas começaram a baixar.Embora tenhamos a tentação de particularizar, olhando para o nosso concelho, a nossa região, ou para o nosso país como casos isolados, numa economia aberta a questão do desemprego dificilmente pode ser analisada dessa forma. Senão, basta olhar para o gráfico da taxa de desemprego na EU a 28, para verificarmos que ela acompanha o movimento das curvas nacional e regional. Os piores anos para o emprego em Portugal, na região Norte , no concelho de Guimarães e nos concelhos vizinhos, foram também os anos em que o desemprego atingiu valores mais elevados na Europa

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