O mandato de António Miguel Cardoso iniciou-se com a promessa de um reajuste financeiro, crucial dadas as dificuldades econômicas preexistentes, mas que não terá acontecido. O “caminho das pedras” gerou tanto oportunidades quanto obstáculos.

A hesitação em utilizar a “almofada financeira” prevista trouxe à tona a dificuldade em reduzir despesas ao nível desejado. A gestão financeira, embora prudente em certos aspetos, deixou a desejar na execução, resultando em um passivo sem grande alteração ao fim de dois anos, em comparação ao início do mandato.

A parceria apressada e mal consolidada com um parceiro externo, embora visasse a injeção de capital financeiro necessário, acabou por expor o Vitória a críticas e preocupações legítimas por parte dos sócios.
A oscilação e ambiguidade em torno deste acordo evidenciaram a falta de preparação e talvez uma certa precipitação, que culminaram em barreiras impostas pela UEFA, questionando a sustentabilidade e transparência do negócio.

No entanto, não se pode ignorar o sucesso desportivo alcançado, com duas qualificações europeias consecutivas (e a caminho da terceira) que refletem a competência da direção na gestão da equipa principal, embora o mesmo nível de êxito não tenha sido replicado na Equipa B que desceu de divisão a época passada e este ano luta para não cair no Futebol Distrital.

A decisão de terminar com a equipe Sub-23 e com a Equipa B mergulhada na IV Divisão levou a um declínio na preparação dos nossos jovens talentos, uma área que requer atenção imediata para assegurar o futuro desportivo e financeiro do clube.

As iniciativas de marketing e a melhoria da experiência dos adeptos em dias de jogo representam um salto qualitativo.
Iniciativas como a introdução de espetáculos de luzes e música, o Conquistadores On Tour, Desafia-te Conquistador e Chega-te à Frente são iniciativas de relevo. No entanto, algumas iniciativas, como a Fanzone V, a aplicação móvel, e o digital são áreas onde o clube pode e deve melhorar.

A transparência e a abertura demonstradas na gestão social do clube são pontos fortes deste mandato, com uma comunicação mais efetiva e detalhada sobre as transações financeiras e as decisões administrativas. Essa abordagem promove uma maior confiança e envolvimento dos sócios na vida do clube, um aspecto crucial para a sua estabilidade e crescimento futuro.
Olhando para o futuro, o clube enfrenta desafios significativos, desde a conclusão de infraestruturas prometidas até a necessidade de ajustar a estratégia desportiva para reforçar a aposta na formação de jovens talentos. As questões financeiras permanecem um ponto de interrogação, com a necessidade urgente de encontrar soluções sustentáveis que permitam ao Vitória Sport Clube prosperar sem comprometer a sua integridade ou a sua capacidade competitiva.

É também preciso acarinhar e dar mais apoio às modalidades, não só na procura de patrocínios, mas também na atração de adeptos, pelo que a pergunta que se impõe é: para quando melhorar a experiência de dia de jogo nas modalidades?

Em resumo, o mandato de António Miguel Cardoso pode ser visto como um período de transição, onde, apesar dos obstáculos e das decisões questionáveis, foram plantadas sementes para o crescimento futuro.

Como adeptos apaixonados, devemos permanecer vigilantes e apoiar o clube, esperando que as lições aprendidas ao longo destes dois anos conduzam a uma gestão mais robusta e a sucessos maiores tanto dentro quanto fora do campo.
O futuro do Vitória Sport Clube depende da capacidade de todos nós, direção, estrutura, atletas e adeptos, de trabalharmos juntos por um clube mais forte, mais sustentável e mais vitorioso.

Unidos, continuaremos a escrever a história deste grande clube, com a esperança de que os próximos capítulos sejam marcados por triunfos, dentro e fora de campo.