Electron Band: Uma baixista vimaranense nos palcos internacionais do metal

Joana Teixeira é natural de Urgezes, reside em Londres há sete anos e é baixista dos “Electron”, uma banda de metal composta por mais dois membros portugueses: Jason, natural de Lousada, e Nuno, que residia em Paredes.

© Rob Blackham

Com a música a entrar na sua vida desde pequena, por ter vários CD´s e DVD´s de diversas bandas em casa, Joana deu os primeiros passos neste mundo com o canto e com aulas de piano, opção que culminou na sua viagem para a cidade inglesa para estudar música na universidade.

Joana, Jason e Nuno conheceram-se em Londres e fundaram a “Electron” em 2022. A partir daí, lançaram 14 músicas e já atuaram em vários locais, entre eles, em Portugal. Para o futuro, os planos passam por “tocar ao vivo por vários palcos no mundo inteiro e continuar a criar música que tenha significados importantes e que inspire todos os nossos fãs”, expressou a vimaranense.

Como surgiu a música na tua vida?

Em criança, fazia muitas road trips com a minha família. Algo que nunca nos faltava no carro era o estojo de CD´s do meu pai, que nos fazia ouvir as músicas dos Queen, AC/DC, Guns n Roses, Nirvana, Depeche Mode, entre outros. Passávamos as viagens todas a cantar, de forma a sabermos certos álbuns de cor do início ao fim.

Também em casa nunca faltava música, fossem os brinquedos de quando era mais nova, ou as estantes com a coleção de CD´s das mais diversas bandas. Ao crescer, vi também a minha irmã mais velha a desenvolver uma paixão pelo canto, que acabei, mais tarde, por seguir nas mesmas pegadas.

 

“A minha influência no rock e no metal começou maioritariamente no meu núcleo familiar.”

 

Quais foram as tuas influências musicais dentro do estilo musical dos “Electron”?

A minha influência no rock e no metal começou maioritariamente no meu núcleo familiar. Como temos uma coleção infindável de parafernália musical em minha casa, explorava todos os CD´s no nosso rádio ou DVD. Assim, descobri várias bandas como os Linkin
Park, Green Day, Avril Lavigne, Evanescence, Metallica, de que ainda hoje sou fã e que me influenciaram de uma maneira ou de outra.

Para além disso, as redes sociais também começaram a ser muito utilizadas à medida que fui crescendo, e isso foi algo importante para descobrir novos artistas e desenvolver os meus gostos musicais.

Qual foi o ponto que decidiste fazer algo a sério relacionado com a música?

A música sempre foi uma ideia presente nos meus planos. Mas acho que nunca pensei nisso tão a sério ao ponto de seguir profissionalmente quando ainda era nova e cantava nos saraus da escola. Aos 16 anos, comecei a ver concertos completos dos meus artistas favoritos, e nesse ano pedi aos meus pais para fazer um curso de inglês em Londres.

Por isso fui duas semanas sozinha, e ao explorar a cidade, apaixonei-me. Foi aí que pensei que era este caminho que queria. Acabou por ser uma decisão difícil, visto que significava mudar-me para o estrangeiro e deixar a minha família.

Estiveste sempre envolvida ao metal?

A minha paixão musical começou pelo canto, que pratico desde que me lembro. Aos 15 anos, comecei com aulas de piano e em 2020 foi quando comprei o meu primeiro baixo e comecei a aprender sozinha. Foi isto que consolidou a 100% o estilo de música que queria tocar, visto que até então eu tinha experimentado vários géneros enquanto cantora, e nenhum me parecia certo para mim.

© Steve Richie

Em que fase decidiste apostar na mudança para Londres?

Comecei a pensar nisso mais ou menos em 2014/2015. No começo de 2016 foi mesmo quando tomei a minha decisão. Como as candidaturas no Reino Unido começam cedo, eu acabei por candidatar- -me à BIMM bastante tarde até, e fiquei quase sem esperança de ser aceite. Mas felizmente o meu e-mail de admissão chegou, e em setembro de 2016 mudei-me oficialmente para Londres.

 

“Nunca vimos um futuro possível na área da música, por isso mudamo-nos para Londres especificamente para seguir esse caminho.”

 

A tua opção de viver em Londres deu-se por motivos de trabalho? Ou viajaste para Inglaterra por ter um melhor mercado musical?

Portugal é um país fantástico, com imensas qualidades incomparáveis. Infelizmente, o apoio às artes não está incluído nessa lista, especialmente no nosso estilo musical. Nunca vimos um futuro possível na área da música, por isso mudamo-nos para Londres especificamente para seguir esse caminho. Logo que acabamos o ensino secundário, seguimos os estudos superiores na BIMM London. Eu e o Jason completámos o ensino até o mestrado e agora dedicamo-nos a tempo inteiro à música, tendo também trabalho full-time, para suportar as despesas do dia-a-dia.

O que tens a dizer sobre a banda?

Já conheço o Jason e o Nuno há pouco mais de 6 anos, e são dos músicos mais talentosos que já conheci. O Nuno é uma máquina na
bateria, são poucos os bateristas que conheço a tocar assim, com uma técnica fantástica e o som completamente apropriado para o
nosso estilo de música. O Jason é sem dúvida o melhor guitarrista que já conheci, um cantor soberbo. Admiro-o bastante pela presença dele em palco como frontman e as técnicas que ele usa a cantar, que são difíceis e requerem muita prática.

São músicos extremamente talentosos e completos, e tenho muito prazer em ter a oportunidade de trabalhar com eles, não só por serem grandes amigos mas também por serem os profissionais que são. Motivam-me e inspiram-me a ser melhor todos os dias, e os Electron não seriam a mesmo coisa sem eles ao meu lado.

Como é que se conheceram?

Conhecemo-nos na BIMM London, onde frequentamos os estudos. Quando estávamos em Portugal, morávamos muito perto uns dos outros, frequentávamos até os mesmo sítios, mas por alguma razão nunca cruzamos caminhos.

Quando decidiram criar os “Electron”?

A banda foi criada no início de 2022. Nos primeiros anos da universidade, o Jason e o Nuno tinham um projeto diferente daquele que
temos agora. Eu ainda não tinha começado a tocar baixo, então tinha um projeto à parte, mas como sempre fomos amigos, acompanhei o trajeto musical deles. Durante a pandemia, decidi aprender a tocar baixo e foi então que decidimos criar um projeto, na qual agora estamos todos 100% focados.

“No futuro, queremos ter oportunidade de tocar ao vivo por vários palcos no mundo inteiro e continuar a criar música que tenha significados importantes e que inspire todos os nossos fãs.”

 

Como tem sido o trabalho da banda até ao momento?

Temos 14 músicas lançadas ao todo. Lançámos o nosso primeiro single “Wake Up!” no outubro do ano passado, que gravámos nos
estúdios da Marshall em Milton Keynes, e lançámos um álbum no dia 01 de setembro deste ano, da qual começamos a lançar singles desde fevereiro. O nosso primeiro álbum foi gravado nos Rogue Studios em Wembley, London, estúdio que já viu artistas fantásticos como o Ellefson (ex-baixista dos Megadeth).

© Rob Blackham

Em dezembro vamos gravar mais um EP de cinco músicas ao Long Wave Studios em Cardiff, onde vamos trabalhar com um produtor foi nomeado para dois Grammys, o Romesh Dodagonda, que já gravou artistas como Sam Smith, Nova Twins, Motörhead, Bullet For My Valentine, Bring Me The Horizon…

Atuámos maioritariamente por Inglaterra, mas já atuámos também em Portugal, em junho de 2022, no Festival Vila, em Lousada. No entanto, esperámos ter muitas oportunidades de atuar no estrangeiro.

Quais são os planos para o futuro?

O nosso objetivo neste momento é, acima de tudo, viver de forma confortável através da música. No futuro, queremos ter oportunidade de tocar ao vivo por vários palcos no mundo inteiro e continuar a criar música que tenha significados importantes e que inspire todos os nossos fãs. Falando pessoalmente, este último fator é muito importante – motivar os nossos fãs a seguirem os seus sonhos, sejam eles quais forem, tal como os meus artistas favoritos que inspiraram a mim.

O que pretendem transmitir através das músicas?

Nas nossas músicas nós abordamos sempre temas que sejam importantes e tenham um significado forte para nós. Falámos frequentemente de persistência, filosofia, sentido existencial, e de saúde mental.

 

“Tenho muito orgulho em ser vimaranense, e falo da minha cidade a toda a gente que conheço.”

 

Qual é a tua ligação, neste momento, a Guimarães?

Guimarães é a cidade que me viu nascer e crescer. É difícil expressar em palavras suficientes o amor que os vimaranenses têm à sua própria cidade, e é exatamente isso que sinto. Tenho muito orgulho em ser vimaranense, e falo da minha cidade a toda a gente que
conheço. Anseio um dia no futuro ter a oportunidade de atuar com a banda em Guimarães.

© Rob Blackham

Qual é a diferença do mercado português e o inglês?

O mercado aqui no Reino Unido tem uma grande rede de apoio. Há imensas possibilidades de desenvolver conexão e uma diversidade de músicos e géneros incomparável. Aqui temos a possibilidade de gravar novos conteúdos e atuar em sítios onde grandes nomes da música também já o fizeram. Temos apoios financeiros e legais de  várias organizações, algo que acaba por ser imprescindível neste ramo.

Infelizmente, não se sente isto em Portugal. É um país em que o governo dá um apoio mínimo às artes e onde a diversidade musical
deixa muito a desejar. Felizmente temos grandes artistas rock, mas a maioria já faz parte de uma geração mais velha. A música comercializada neste momento acaba por ser muito semelhante entre si ou de artistas estrangeiros. Falta diversidade de géneros musicais
e valorização dos nossos próprios artistas, o que leva muitos a optar por outro mercado musical.

“Falta diversidade de géneros musicais e valorização dos nossos próprios artistas”

Vês o teu futuro no mundo da música num regresso a Portugal?

Penso que para os artistas já e ambientados a outros mercados musicais, especialmente a um como o do Reino Unido, é difícil sair. É um assunto difícil porque por um lado, era fantástico ter a opção de regressar a Portugal, mas tal só poderia acontecer se as coisas mudassem radicalmente. Por outro lado, estamos num país em que há tantas oportunidades, principalmente de música ao vivo, estúdios lendários, e dentro dos mesmos temos acesso a profissionais de renome mundial. É difícil pensar em mudarmo-nos, visto que para as nossas carreiras « estar aqui é o mais racional e confortável a fazer para o bem das nossas carreiras.

Como está o rock e o metal em Portugal?

Em termos de concertos ao vivo, apesar de nem sempre se ver na comunicação social, o rock está bastante vivo, e há muitos nomes que enchem arenas. Penso apenas que, em termos de artistas portugueses, o rock infelizmente deixa muito a desejar, visto que não se veem muitos nomes conhecidos a surgir a não ser os do costume, como os Xutos e Pontapés.

Em Guimarães, tenho vindo a notar que a cena da música tem crescido, o que é algo que me deixa muito feliz. Apesar de não passar tanto tempo como desejo, começo a ver mais bares de rock, mais convívios entre a comunidade de metalheads, jams frequentes e
até um festival, o Black Box Fest.

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