EM SÃO TORCATO, OS MAIS NOVOS FORAM ÀS VINDIMAS

Vindimas arrancam o programa da Festa das Colheitas em São Torcato.

sao torcato

Os cachos de uvas passaram de mão em mão e, com isso, passou-se também a tradição. A atividade insere-se na Festa das Colheitas, que arrancou esta sexta-feira em São Torcato e que termina domingo.

© Nuno Rafael Gomes/ Mais Guimarães

Entraram campo fora como quem manda no terreno. E chegaram perto das videiras com pedidos na ponta da língua: “Queremos uvas! Queremos uvas!” Dezenas alunos do ensino básico e do pré-escolar de algumas terras de Guimarães invadiram alguns campos de São Torcato para assistirem às vindimas. A atividade insere-se no primeiro dia da Festa das Colheitas, que se estende até domingo naquela vila.

O Elias gosta de uvas. As suas mãos mal seguram o cacho que, rapidamente, vai ficando despido de bagas e, por isso, mais leve. “Gosto muito de uvas!”, reforça, acompanhado por alguns colegas de escola. É aluno do 1.º ano do Centro Escolar de São Torcato. “O meu pai também faz vindimas. É o André. Conheces?”, pergunta, enquanto coloca duas bagas de uma vez só na boca. Já o Gonçalo cruza os braços e lança, sem cerimónias: “Eu não gosto de uvas!” Para quem não gosta, há broa e doces tradicionais. Para os mais velhos, vinho e fêveras dispostas numa familiar travessa cor de telha, quentes, afagadas pelos pães que chegam ao campo pelas mãos de mulheres trajadas a rigor.

© Nuno Rafael Gomes/ Mais Guimarães

Se nas videiras crescem uvas, em São Torcato crescem tradições, que são passadas para os mais novos. Elisabete Araújo, secretária do Grupo Folclórico de São Torcato, prova-o: “Entrei para o grupo aos 10 anos, já cá estou há 19. Cá passam muito esta tradição para os mais novos. E é sempre importante preservá-la”, conta. Elisabete segura um cesto com doces tradicionais — não há cá chocolates e os miúdos aprovam, querendo repetir uma e outra vez. “Vá, tens de esperar para que todos os meninos tirem”, avisa uma ou outra criança mais gulosa.

As professoras guiam-nos campo fora e desdobram-se em cuidados. Na verdade, não há perigo: eles caem e riem-se, das folhas de milho já amareladas fazem espadas e combatem entre si, provam as uvas e riem-se com o tamanho dos escadotes. “Muitos não saberão de onde vêm as uvas, por exemplo”, aponta a professora Isabel Ribeiro. Alguns tentam a sua sorte, quando colocamos a pergunta: “Eu acho que vem de uma árvore, dali”, diz um amigo de Elias, apontando para as videiras. “É de uma fonte”, diz outra criança, mais tímida. Foram discutindo entre si e chegaram à conclusão que, de facto, as uvas nascem nas videiras.

© Nuno Rafael Gomes/ Mais Guimarães

Para a educadora Ludovina Machado, “preservar tradições da região” é o mais importante: “A vindima continua, assim. Penso que não vai acabar e espero que não acabe.” Recorda as vindimas em família e os manjares caraterísticos: “À noite, os doces tradicionais, na pisada. E o bacalhau frito, a sardinha frita e o feijão-frade com atum. Tenho memórias muito felizes”, garante.

João Pereira, o “chefe” das vindimas, assegura que o vinho está bom: “Se os dedos colam nas mãos, é porque tem açúcar.” Sabe o processo todo porque cresceu com as vindimas. E, por isso, é cuidadoso: “Os tratamentos fazem com que a uva não apodreça. É quase como um bebé, tem de se ter muito cuidado.” Fica a garantia de quem percebe da poda: “As uvas estão boas, estão purinhas. Não tem que enganar.”

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